XXIII

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POV Amy

Os passos aproximam-se cada vez mais e eu acelero, tentando fugir. Não sei quem possa ser mas pretendo ficar a saber rapidamente. A minha mão direita alcança a minha arma e eu retiro-a do suporte, segurando-a com força à minha frente.

Viro o meu corpo rapidamente para trás e aponto a arma na esperança de terminar com o medo que percorria o meu corpo. Caracóis enchem os meus olhos e eu suspiro ao ver quem era.

Harry.

Ele para de correr e sorri-me enquanto eu suspiro em alívio, levando a minha mão ao peito enquanto acalmo a adrenalina que me atravessa o corpo.

"Estás a tentar matar-me de susto?" Pergunto e guardo a arma novamente no suporte, olhando para ele de seguida.

"Não. Aliás, não sou eu que estava de arma apontada a ti. Se há aqui alguém que quer matar, esse alguém és tu." Diz com um pequeno sorriso no rosto e eu sou obrigada a concordar.

Ele estava certo, eu realmente estava pronta para disparar se isso fosse necessário. A minha respiração estava acelerada devido à corrida e à adrenalina que percorria o meu corpo. Eu queria retomar a minha corrida mas antes queria saber o porquê de ele me ter seguido até aqui.

"O que estás aqui a fazer?" Pergunto e cruzo os braços no peito, olhando para si.

"Venho correr. Costumo fazê-lo sozinho mas pensei que não haveria problema em correr contigo" explica, passando os dedos no seu cabelo.

Pequenas gotas de suor estão presentes na sua testa apesar da sua respiração não estar tão desregulada como a minha e eu tenho a sensação que ele já está a correr à uns minutos. Limpo a minha, afastando alguns pequenos cabelos que se soltaram do elástico e estão no meu rosto.

"Há problema?" Pergunta.

Há? Sinceramente não sei. Agora que somos aliados penso que não há mal nenhum em convivermos. Aliás, nós mesmos pedimos a ambas as comunidades para se darem bem e tentarem conviver, porque é que connosco seria diferente?

"Não" digo e ele sorri mais uma vez.

"Ótimo" o seu corpo retoma a corrida e eu sorrio assim que ele passa por mim, seguindo-o de seguida.

Os nossos pés batem no solo com força devido à velocidade a que corremos. O Harry é rápido e eu tenho de me esforçar para me conseguir manter ao seu lado. As suas pernas compridas em relação às minhas dão-lhe alguma vantagem e eu esforço-me para reduzir a distância entre nós. O silêncio instalou-se mas o ambiente não estava estranho, nós estávamos apenas focados em treinar e em não tropeçar em algum ramo ou pedra que se atravessasse no nosso caminho.

Não sei precisar por quanto tempo é que corremos mas sei que foi o suficiente para eu estar quase morta. Assim que eu parei e o Harry se apercebeu, fez o mesmo que eu e parou. Eu sentia o seu olhar em mim apesar de não estar a olhar para si. Apoiei as minhas mãos nos meus joelhos curvando-me ligeiramente, enquanto ar escapava dos meus lábios. Tinha de voltar a treinar a minha respiração porque desta forma dificilmente conseguiria aguentar-me durante mais tempo a correr. A minha preparação física tinha piorado por eu não ter treinado regularmente.

Suor escorria pelo meu rosto e pela parte de trás do meu cabelo que se encontrava apanhado.

"Estás bem?" Pergunto ao vê-lo apoiado a uma árvore pelo braço direito e com a cabeça baixa. O seu peito subia e descia, tentando regular a respiração. Os seus cabelos estavam tão suados como o meu mas ele não parecia preocupado com isso.

"Estou." Responde e olha-me. "E tu?"

"Também Harry"

A sua mão foi retirada da parede e ele aproximou-se de mim. "Tens de controlar melhor a tua respiração Amy" sussurra e aproxima-se de mim, tornando a sua voz mais grave do que ela já é. Nem consigo imaginar o tom grave da sua voz de manhã, ao acordar.

"Eu sei" admito e engulo em seco. O seu corpo está próximo do meu o suficiente para eu sentir o ar a escapar da sua boca.

Vozes chamam a minha atenção e eu percebo que estão à minha procura. "Falamos depois Harry" digo e recuo, abandonando o local sem olhar para trás.

Corro mais lentamente até ao local, encontrando o Adam a chamar por mim.

"Menina Amy, o Niall já levou todas as pessoas até ao refeitório e pediu para falar consigo" informa-me o guarda e eu agradeço.

Antes de me dirigir até ao refeitório passo pelo meu quarto e lavo o rosto, retirando parte do suor. Decido tomar um pequeno duche só para lavar o corpo e rapidamente me despacho.

Depois disso, dirijo-me até à cantina e tenho uma noção da quantidade de pessoas que lá estão. Centenas de indivíduos, tanto homens como mulheres, encontram-se a comer e a falar. O barulho é ainda mais alto do que costuma ser e eu tento procurar o Niall pela multidão.

"Estou aqui Amy" diz, colocando a sua mão no meu ombro.

Viro-me e ele sorri, guiando-me entre as mesas com um tabuleiro nas suas mãos. Assim que chegamos a uma mesa vazia, percebo que já lá estava um tabuleiro para mim e agradeço.

Durante a refeição o Niall foi-me contando como tudo correu de manhã com as tropas. Segundo ele, elas estão a ajudar-se mutuamente e eu sorrio ao ouvir isso. Quanto mais ligados estivéssemos, melhor iria correr o ataque.

Sinto-me na obrigação de contar a verdade ao Niall e dizer-lhe que há uns dias atrás, quando me perguntou se eu tinha morto o Harry, lhe menti. Ele tem o direito de saber e uma coisa é eu mentir ao Luke, outra coisa é fazê-lo ao meu primo.

"Niall" interrompo o seu discurso e ele olha-me preocupado. Eu não tinha ouvido nada nos últimos segundos e ele estava agora ciente disso mesmo.

"Sim?" Pergunta bebendo um gole da sua água, olhando para mim enquanto esperava que eu falasse.

"Há uma coisa que eu preciso de te contar" admito e pouso os meus talheres, limpando a boca com o meu guardanapo.

Ele assente e eu respiro fundo antes de prosseguir.

"Há uns dias atrás, quando saímos do acampamento, e atacámos Cambie, lembraste de eu ter ficado no grupo do Luke?" Pergunto e ele abana a cabeça. "Pronto. Tal como ele te contou, apareceram dois rapazes e eu fiquei encarregue dos matar a pedido dele."

"Sim, eu sei" diz e pousa o seu queixo numa das suas mãos.

"Um deles fugiu com um amigo que apareceu e o ajudou a abandonar o local porque ele estava ferido. O outro-"

"O outro o quê Amy? O que é que lhe fizeste?" Pergunta com as sobrancelhas unidas.

"Eu não matei esse rapaz nesse dia. Eu deixei-o escapar".

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Aquele momento em que estamos tão avançadas na história que é estranho rever estes capítulos. Mal podemos esperar que cheguem à parte em que estamos a escrever.

Algo me diz que vão adorar!!

Obrigada pelos votos, a sério. Em cerca de 2 semanas e meia chegamos às 2 mil leituras e não sabemos como agradecer! Muito obrigada mesmo

The survival » h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora