XLVIII

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POV Harry

Depois de almoço a Amy foi fazer um turno na torre, e eu decidi ir treinar um pouco. Já todos pareciam estar à vontade em Resvan, nomeadamente crianças.

Os dormitórios estavam totalmente preenchidos e muitas pessoas tinham colchões improvisados ao lado dos beliches. Esta era uma situação provisória mas até agora estava tudo a correr bem. Eu tinha ficado no mesmo beliche que o Louis, na cama debaixo.

Abandonei o refeitório e fui para os campos de treino ter com os restantes militares. Os treinos tinham voltado à normalidade e ninguém diria que ontem perdemos todos os nossos bens. Alguns militares ainda conseguiram trazer algumas coisas para cá, mas nada demais. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde a Amy ia falar comigo para irmos fazer um assalto porque agora com tantas pessoas, os recursos iriam esgotar rapidamente.

Hoje decidi ir treinar a parte superior do meu corpo, por isso dirigi-me à zona dos troncos, e alguns halteres que provavelmente teriam sido recolhidos em algum ataque.

Estavam aqui cerca de dez homens a treinar, a maioria pertencente a Resvan. Todos me cumprimentaram e eu respondi, acenando-lhes. Andei até perto de um haltere livre e retirei a minha camisola. Depois disso, baixei-me e levantei o objeto, cerrando os dentes com a força que era precisa para o fazer.

Passei algumas horas nisto, obviamente fazendo algumas pausas. Há muito tempo que não treinava com pesos e confesso que já tinha saudades. A minha mente parecia libertar-se de todas as minhas preocupações enquanto eu me concentrava em levantar a barra.

Sabia que já passava da hora do lanche porque vi a Gemma juntamente com outras raparigas a sair com os miúdos do refeitório, dirigindo-se com eles até à creche.

O turno da Amy deve estar a acabar e eu sorrio só de pensar nisso. Aquela miúda está a prender-me a ela de uma forma inexplicável.

Dirigi-me até ao dormitório depois de voltar a vestir a minha camisola e fui buscar algumas roupas para de seguida ir tomar um banho. O suor preenchia o meu corpo e eu tinha de retirar esta roupa. Iria ser a primeira vez que tomava banho numa das casas de banho partilhadas por todos os militares. A única vez que tomei banho em Resvan, foi no quarto da Amy.

Depois de ter tudo o que precisava para depois do banho, caminhei até à casa de banho e pendurei a toalha que tinha sido deixada em cima da minha cama no suporte. Fechei a cortina que tapava o chuveiro onde eu iria tomar banho e despi-me, lançando as roupas para o chão, tendo de levá-las mais tarde para lavar.

Liguei o chuveiro e o meu corpo relaxou assim que a água me atingiu. A ferida no topo da minha testa já não ardia mas eu sabia que o local continuava marcado. Os cambies conseguiram o que queriam e eu não podia estar mais descontente com isso.

Depois de um bom banho, vesti-me e abandonei o balneário, dirigido-me até à torre do edifício. A Amy já devia ter saído mas ela acaba sempre por se distrair com as horas e provavelmente ainda lá estava. Subi a escadaria é assim que alcancei o topo, olhei à minha volta. Dois militares, um de cada comunidade, observavam a floresta em busca de alguma ameaça.

A Amy não estava aqui.

"A Amy já saiu?" Pergunto aos dois homens que se viram para mim de imediato.

"Já. Há bastante tempo até" um deles fala e eu levanto uma sobrancelha.

Há bastante tempo?

"Mas o turno dela era até depois do lanche" falo.

"Nós sabemos" o homem volta a falar. "Ela foi chamar o Sam para a substituir pouco tempo depois de ter chegado"

Algo estava mal. Não vi a Amy durante a tarde toda mas pensava que ela estivesse aqui. Começo a não gostar disto.

Agradeço-lhes e abandono a torre, caminhando através do edifício até chegar ao refeitório. Provavelmente a Emily chamou-a à semelhança do outro dia e ela está lá. Assim que chego à cantina, as mesas estão a ser limpas mas nenhuma das raparigas é a Amy. Abandono o local e procuro na enfermaria, acabando por encontrar a Rose e a sua mãe, atarefadas com os doentes, muitos ainda feridos do ataque em Firafox.

A Amy não está aqui.

Passei pelo seu quarto e pelas duas salas do edifício e nada. Ela só pode estar lá fora ou em algum armazém. Depois de procurar em todo lado começo a ficar seriamente preocupado. Onde é que ela pode estar?

Avisto o Niall do outro lado do acampamento e dirijo-me até ele. "Niall!" Chamo e ele olha para mim a sorrir.

"Sim Harry? Está tudo bem?" Pergunta.

"Não sei" respondo. "A Amy?"

Ele pensa durante um pouco até voltar a olhar para mim. "Está na torre a fazer um tur-"

"Não" corto-o. "Não está"

Ele muda de expressão e eu sei que ele, tal como eu, desconhecia o seu paradeiro. Levo as minhas mãos ao meu cabelo e resmungo. Aquela miúda era bem capaz de ter abandonado o acampamento. Sozinha.

"Merda, como assim?" Ele fala finalmente. "Espera aqui" o Niall pede e corre até um dos guardas próximo da entrada de Resvan.

Após alguns minutos de conversa, o Niall vem na minha direção e eu sei pela sua expressão que ele continuava sem saber nada dela.

Merda Amy onde é que te meteste.

Mais uns minutos e iria escurecer e ela sabe o quão perigoso é andar por aí sozinha à noite.

"A Amy não iria abandonar Resvan sem dizer nada a ninguém se não fosse algo importante." O Niall fala, já na presença do Thomas que veio ter connosco e ficou a par da situação. "Alguma coisa aconteceu."

Alguma coisa aconteceu e eu não estava nada descansado ao saber que ela está por aí sozinha. Ainda por cima, depois da ameaça dos cambies. Eu tenho de encontrá-la.

"Vou procurá-la" informo os rapazes e ambos olham para mim. O meu pulso é rodeado pela mão do Niall, que me impede de continuar a andar.

"Não, não vais" o Niall fala e eu olho para ele imediatamente. "A Amy pode aparecer a qualquer momento. Vamos esperar mais um pouco e depois sim vamos à procura dela. Todos."

Suspiro e acabo por aceitar. O Niall conhecia-a melhor do que ninguém e sabia o quão perspicaz ela era. A Amy sabia bem o que fazia e tenho a certeza que abandonou Resvan de forma consciente.

Acabo por ir até ao seu quarto e procuro algum papel onde ela possa ter escrito alguma coisa antes de sair.

Nada.

Nada em cima da cômoda, nada em cima da cama, nada em cima da mesa de cabeceira.

Nada de nada.

Pouso as minhas mãos na cómoda de madeira em frente à sua cama e inclino o meu corpo para a frente, baixando o meu rosto. Eu estava mesmo preocupado com a Amy por ela ter saído assim, sem dizer nada a ninguém. Possibilidades passam-me pela cabeça e a maioria não acaba bem.

Não dou pela porta abrir e alguém entrar no quarto.

"Harry."

Viro-me imediatamente reconhecendo a sua voz. Um suspiro escapa dos meus lábios devido ao alívio que percorre o meu corpo.

Ela estava ali, mesmo à minha frente sã e salva, e eu não podia estar mais feliz por isso.

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How cute <33

Até amanhã!

The survival » h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora