LXVI

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"Tu- tu nunca me falaste da tua mãe. Eu gostava de saber como ela é"

POV Harry

"Harry" ela chama quando eu demoro a responder. "Está tudo bem. Não tens de me contar nada se não quiseres"

Dou-lhe um leve sorriso e aproximo-me de si, pousando as mãos no seu rosto. "Eu quero" digo. "Quero mesmo"

A Amy assente e agarra na minha mão. "Anda. Vamos para o meu quarto. Eu peço a alguém que me substitua no turno."

Apesar da Gemma saber da história, ela não sabe como eu realmente me sinto em relação a isto. Mas eu sabia que podia partilhar isso com a Amy e talvez ela me ajude. Eu percebia a sua curiosidade. Nós estávamos juntos e ela só ainda ouviu falar do meu pai.

Eu confio nela e sei que depois de lhe contar uso ela não vai tocar mais no assunto, pelo menos eu vou pedir-lhe que não o faça.

Não lhe disse mais nada após sairmos da torre. Ela pediu ao Paulo para a substituir e ele apenas disse que sim. Ela sabia que era uma coisa importante o que eu lhe ia dizer mas não era preciso ela ter deixado o seu turno, sinto-me mal de certa forma por ela ter feito isso, mas eu sei o quanto ela se preocupa comigo.

Quando chegámos ao seu quarto, ela disse-me para eu me sentar na cama dela e sentou-se ao meu lado. Eu agarrei a mão dela antes de começar a falar e entrelacei os nossos dedos, beijando os nós dos seus dedos devagar enquanto ganhava coragem para começar a falar.

"Amy antes de mais, peço-te que me ouças até ao fim e eu vou pedir-te que depois de terminarmos esta conversa evites falar comigo sobre este assunto. É bastante delicado e eu odeio falar sobre isto com alguém mas a verdade é que sinto necessidade de o fazer contigo porque confio em ti acima de tudo." Digo.

Ela deposita um beijo nos meus lábios e sorri-me. Mentalmente ela está a dar-me força, eu sinto isso. "Claro Harry. Eu vou respeitar."

"Quando eu era pequeno, tinha os meus cinco anos, a minha mãe faleceu com uma doença horrível. Eu fiquei devastado como podes calcular. Eu era uma criança quando isso aconteceu, mas eu sabia o que se estava a passar." Aperto mais a sua mão. "O meu pai e a Gemma sempre tentaram falar comigo sobre o que se passou e eu não aguentava, não queria ouvir ninguém falar sobre a minha mãe. Era como se tivessem arrancado metade de mim. A minha mãe era a pessoa mais importante da minha vida e mesmo que já não esteja aqui comigo, ela continua a ser muito importante e vai ser sempre."

Olho para as nossas mãos e esboço um pequeno sorriso. "Nunca consegui superar a perda da minha mãe. Não conseguia. Parecia que a estava a deixá-la ir sabes? Parecia que ao superar eu estava a deixar que ela se fosse de vez. Eu ainda hoje tenho pesadelos com o que aconteceu. Não são tão frequentes como antes, mas eu tenho-os e eu odeio isso."

Paro quando sinto a sua mão livre na minha bochecha a acariciá-la e encosto-me mais a ela. Tê-la assim comigo era tão bom. Poder sentir o seu toque em mim.

"Eu decidi contar-te porque gostava mesmo que soubesses esta parte da minha vida. Tu trouxeste-me paz, trouxeste-me amor, sinto-me tão vivo ao teu lado." Sorrio para ela.

Ela não me diz e apenas se levanta e senta-se ao meu colo. Ela enche-me de beijos nas bochechas, na testa, no nariz, no maxilar e por fim nos lábios, fazendo-me rir. Eu sei que ela não é muito de demonstrar amor, mas ela sabe-o fazer na perfeição, mesmo que seja mais discreta.

"Adoro-te Harry." Ela diz assim que termina o beijo, segurando o meu rosto com ambas as suas mãos.

"Também te adoro" digo e puxo uma mecha do seu cabelo para trás.

The survival » h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora