LXX

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POV Harry

Neste momento eu não sabia o que havia de pensar e limito-me a estar congelado no meu lugar enquanto tento assimilar toda a informação. Não sei como reagir ao facto de depois de anos a pensar que o meu pai tinha sido morto, ele estava afinal vivo e à minha frente. Mas sinceramente, eu estava preocupado e não era só com isso. Quando a Amy descobrir que o homem que matou o seu pai está vivo e mesmo à sua frente ela não vai reagir bem.

Nada bem.

Avanço cautelosamente até aos dois e nenhum parece dar por mim. Eu não sabia como havia de cumprimentar ou falar com o meu pai. Por um lado eu estava muito feliz por ele estar vivo e bem, mas por outro, ele deixou-nos e deixou que pensássemos que estava morto. Deixou-me encarregado de uma comunidade e da educação da Gemma. Deixou-nos sozinhos e afinal estava aqui.

"Por favor, eu preciso mesmo de falar com ele." O meu pai fala, dirigindo-se à Amy.

"Não sem antes me dizer o que quer dele" Ela responde e cruza os braços. "Eu não faço ideia quem é o senhor e não o vou deixar andar por aqui à vontade"

Decido acabar com isto e aproximo-me ainda mais dos dois. A Amy é a primeira a dar pela minha presença e caminha até mim, rodeando o meu braço com força com a sua mão em forma de proteção. Dou-lhe um pequeno sorriso antes de virar a minha atenção para o meu pai, que me olha perplexo. O seu rosto está mais gasto e pequenas rugas preenchem-no, principalmente na zona da testa. O seu cabelo está mais branco do que na altura em que ele desapareceu mas mesmo assim, o castanho continua a perdurar.

"Harry?" Ele murmura e o seu rosto cai um pouco para o lado direito, observando-me.

A pequena Amy ao meu lado olha-me confusa em busca de respostas.

Respostas que eu não tenho.

"Sim, sou eu" Respondo simplesmente e ele aproxima-se, obrigando a Amy a soltar-me e a afastar-se. Os seus braços rodeiam-me e eu permaneço imóvel, sentindo os seus caracóis no meu pescoço. Eu estava mais alto do que ele, muito mais alto desde a última vez que ele esteve comigo. Consigo finalmente reagir, e abraço-o durante uns segundos, pousando as minhas mãos nas suas costas. Sei que ele está a chorar pelos soluços que escapam dos seus lábios. Ele afasta-se finalmente mas deixa as suas mãos nos meus ombros, olhando para mim. "Estás tão grande meu Harry" Diz, e eu dou-lhe um leve sorriso.

Afastamo-nos e eu volto a olhar para a Amy, envolvendo o meu braço sobre os seus ombros. Eu sei que mais cedo ou mais tarde a palavra "filho" vai escapar dos lábios do meu pai e ela vai entrar em pânico. Na verdade, eu não sei bem qual vai ser a sua reação mas eu quero evitar problemas.

"O que fazes aqui?" Pergunto quando o silêncio se instala. "Onde estiveste durante todo este tempo?" A minha voz estava dura por todas as dúvidas que me passavam pela cabeça. Espero que ele tenha uma boa razão por me ter deixado sozinho com a Gemma durante anos e agora aparecer do nada.

"Eu preciso de te avisar de uma coisa Harry. Eles vêm atrás de ti filho, eles nã-"

"Filho?" A voz da Amy soa.

Merda.

A Amy afasta-se de mim e eu olho para ela. Os seus olhos encaram os meus e ela procura alguma resposta da minha parte. A verdade é que eu tenho medo de lhe dizer que sim, que este homem é o meu pai e que está aqui, na mesma comunidade onde matou o pai dela. Neste momento as minhas perguntas para ele deixaram de ter importância porque eu estava apenas focado em controlar a futura reação da Amy.

"Filho Harry?" Ela volta a falar e lágrimas enchem os seus olhos ao mesmo tempo que as suas bochechas ganham cor pelos nervos.

Aproximo-me dela e ignoro o homem que nos olha, confuso com tudo o que está a ouvir. Também ele não fazia ideia que esta rapariga é filha do homem que ele matou. As minhas mãos envolvem o seu rosto e eu aproximo-me dela. As suas mãos pousam nos meus braços e eu suspiro antes de falar.

The survival » h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora