II

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"Dá-me uma boa razão para não te matar." Uma voz feminina falou.

POV Harry

Os gritos roucos do Louis tinham terminado e a minha respiração estava acelerada enquanto tentava manter a calma.

"Amy, trata deste a seguir por favor. Vou ver se está alguém perto do rio." Amy é o nome da rapariga que se encontra atrás de mim. O homem referia-se ao Louis que provavelmente estaria caído na outra divisão.

"O que é que temos aqui?" Pergunta ironicamente.

"Ouve, tem calma" Peço. "Nós podemos chegar a um acordo"

"Sabes perfeitamente como as coisas funcionam" Fala e eu estremeço. "Lamento mas não posso fazer nada."

"Eu sei," suspiro. "Mas podemos fazer de maneira diferente, para que ninguém saia magoado..." Digo reticente.

"Não me parece que isso vá acontecer." Ela ri-se.

Tenho que pensar seriamente em alguma coisa para conseguir sair desta situação o mais rapidamente possível. O Louis está ferido e não sei sequer se é muito grave ou não mas ele precisa de ajuda, disso posso eu ter a certeza.

Num impulso, viro-me para trás e atiro a arma localizada na mão da rapariga para o outro lado da divisão. O seu corpo cai ao chão e imediatamente o prendo com o peso do meu. A minha mão envolve o seu pulso empurrando-o contra o soalho enquanto o meu joelho cruza a sua barriga. O meu braço direito está entre o seu pescoço, impedindo o seu corpo de fazer qualquer movimento.

Olhei para o seu rosto pela primeira vez desde que senti a sua arma na minha cabeça. Mexas de cabelo impossibilitavam a minha visão total da sua face. Os seus olhos fixavam os meus, semi-fechados, preenchidos de raiva, enquanto a sua barriga subia e descia devido ao impacto da queda, ao mesmo tempo que ar escapava dos seus lábios entreabertos.

"Dá-me uma boa razão para não te matar" Digo, repetindo as suas palavras com um sorriso no rosto.

"Estúpido" Responde e tenta soltar-se.

A minha atenção é captada por um movimento do outro lado da enfermaria. Nesse momento o Louis regressa à minha mente e lembro-me que não posso perder mais tempo. Volto a encarar novamente os olhos castanhos por baixo de mim e penso no que fazer com ela.

"Harry!" A voz do Alex preenchia o ar. "Anda! O Louis está a sangrar!" Grita até perceber que estou acompanhado com uma rufa. "Merda, precisas de ajuda??" O seu corpo suportava o Louis enquanto ele me encarava.

"Não. Leva-o daqui!" Ordenei.

O corpo debaixo do meu contorcia-se para de algum modo tentar escapar.

"Desta vez escapas e espero sinceramente não voltar a cruzar-me contigo." Termino antes de me levantar, agarrei na minha arma e fugi, sem esperar qualquer resposta da parte dela.

Corri o mais rápido que consegui, com o barulho dos instrumentos dentro da mochila a preencher os meus ouvidos. Ao afastar-me do edifício, os meus olhos percorriam o arvoredo à procura de sinais do jipe ou de alguns membros da minha comunidade mas nada. O som de um tiro é ouvido e eu baixo-me instintivamente. A minha arma é retirada do bolso e decido retomar a corrida ao ver os faróis do veiculo. Mais tiros se ouvem e as balas caiem perto do meu corpo.

Chego ao jipe e salto para o lugar do pendura, certificando-me que já estávamos todos presentes. Faltam dois mas o Thomas acelera o carro.

"Mas que merda?" Grito. "Faltam pessoas Thomas!"

"Infelizmente não falta Harry," o Thomas faz uma pausa. "A Grace e o Joe morreram no tiroteio que houve logo no início." Disse, já em andamento.

"Merda!" Volto a gritar. Nunca é fácil para nenhum de nós perder alguém em campo. E a Grace e o Joe já eram da comunidade à muito tempo.

"Peço desculpa interromper os teus pensamentos Harry, mas o Louis precisa mesmo de assistência médica. Foi um corte no braço mas pelo que me parece foi fundo e apesar de eu já ter colocado um bocado de tecido duma camisola para estancar o sangue, isto não pára." A Claire diz com um ar preocupado.

"Thomas, consegues ir mais rápido?" Pergunto.

"Eu vou tentar, mas não é muito fácil visto que é só árvores e pedras por aqui."

"Tenta Thomas, isto é mesmo urgente."

Não sei se é impressão minha ou o caminho para voltarmos para o acampamento está a demorar ainda mais do que quando saímos de lá para ir explorar e buscar suplementos. Céus, estou a começar a desesperar. Para além de termos perdido duas pessoas, tenho o meu melhor amigo cada vez pior. Que dia de merda.

"Todos conseguiram trazer alguma coisa, apesar desta confusão toda?" Pergunto finalmente. Apesar de tudo, o nosso grande objetivo era trazer coisas para Firafox.

"Sim, conseguimos encontrar alguns pedaços de madeira," fala o Thomas enquanto presta atenção ao caminho.

"Eu e o Alex conseguimos algumas armas que estavam perto dos corpos," diz a Claire.

"Eu não tive grandes oportunidades depois de o Joe ter levado dois tiros mas ainda consegui trazer alguma fruta e ainda alguns peixes," o Tyler fala.

"Boa, isso já é bom. Eu e o Louis trouxemos alguns medicamentos de um edifício que encontrámos." Digo por fim.

Sinceramente, ninguém vai com espírito para falar, nem mesmo eu. Ter perdido dois dos nossos foi muito mau, aliás, perder alguém nunca é fácil para ninguém.

Após mais alguns minutos, começamos a avistar finalmente o nosso acampamento. Estava a ver que nunca mais aqui chegávamos. O jipe estacionou e todos abandonámos o veículo. Eu e o Alex pegámos no Louis que se encontrava praticamente inconsciente e transportámo-lo para a enfermaria enquanto a Claire nos seguia com uma tocha acesa, que iluminava o caminho. Olhares estavam postos em nós ao percorrermos o acampamento. Era praticamente noite e muitos estavam a abandonar os seus postos de trabalho, nomeadamente a Gemma.

Ao chegarmos à enfermaria, a Claire abandonou-nos, dirigindo-se ao jipe para ajudar os restantes a carregar os suplementos até ao armazém.

"Harry? O que se passou?" A médica Nina levantou-se da sua cadeira e retirou de imediato objetos de cima da única maca presente na divisão. Pousámos o Louis em cima da mesma, e suspirei cansado do esforço.

"Ele levou uma facada durante um ataque" Explico enquanto ela veste umas luvas brancas e coloca uma máscara. "Penso que o corte seja profundo".

Nina retirou cautelosamente o tecido que apertava o braço do Louis que já estava repleto de sangue. Enquanto isso, um gemido escapou dos seus lábios devido à dor.

"Isto está mau. É melhor vocês saírem." Pede encarando o Alex e eu.

"Não. Nós ficamos" Ele responde, sentando-se no chão.

"Sim, nós ficamos" Concordo e sento-me ao seu lado.

"Já percebi que são teimosos e não vão sair daqui" Olha para nós. "Peço-vos que façam pouco barulho por favor".

Nenhum de nós responde e encara o chão. Subo os meus joelhos contra o peito e apoio os meus braços nos mesmos. Desço a minha cabeça e fecho os meus olhos, descansando por momentos até ser interrompido pela voz do Alex.

"Isto hoje podia ter corrido muito mal para o nosso lado mesmo assim, tivemos sorte," o Alex diz olhando para mim.

"É verdade, no entanto perdemos dois dos nossos e o Louis está ali, mal como tudo," sussurro.

"Isto foi de loucos e espero sinceramente que o Louis recupere."

"Eu também," digo com um tom de voz preocupado.

"Tu chegaste a matar aquela rapariga?" O Alex pergunta.

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Esperamos que tenham gostado do capítulo!! Não se esqueçam de nos dizerem o que acham do capítulo.

Amanhã há mais uma publicação às 19h! Até amanhã <3

The survival » h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora