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M I K H A E L

Ver a Maria e o Tarik namorando depois do que rolou entre a gente era estranho, mas eu consegui superar.

Voltamos à escola após aquela uma semana, e eu ia com o Tarik todos os dias. Depois que ele começou a andar com a Maria, ele ia de carona com ela todo dia, mas ele parece ter desistido da ideia, o que não faz sentido, afinal eles namoram.

Nós ficamos próximos por conta do nosso "trabalho" juntos na internet. Não era grande coisa, mas o ajudaria no momento, já que ele está passando por dificuldades.
Eu pensei em ir morar com o Tarik para poder ajudá-lo com o aluguel, mas logo achei que seria uma má ideia.

Não confio em mim quando estou com ele.

— Onde o Tarik está Mikhael?

— E eu que tenho que saber? Até onde eu sei, a namorada dele é você.

— Que engraçado. — revirou os olhos — Ele está tão grudado com você que esqueceu que eu existo. Mal nos falamos por sua culpa.

— Minha culpa? Vai ver ele cansou de você e desses seus chiliques.

— Quem cansou do que? — disse o Tarik vindo em nossa direção.

— Até que enfim! Onde você estava Tarik?

— No banheiro. Qual é o problema?

— Qual é o problema? — ela riu — Você não fala comigo faz dois dias.

— Eu estava ocupado.

— Sério? Com o que?

— Ahn...

— Ele estava ajudando o Batista. — ela me fuzilou com o olhar. — Não é, Batista? — dei uma cotovelada nele.

— Aí! É. Ele estava me ajudando... Meus pais queriam que eu pintasse a casa, mas eu não conseguiria finalizar tudo sozinho, então chamei o Tarik.

— Mas o Mike mora com você.

— O Mike... Ahn...

— Eu tinha uns problemas pessoais pra resolver.

— Sei. Eu tenho que ir até a sala do diretor. Mas não pense que isso acabou Tarik. — ela saiu e nós nos jogamos no gramado.

— Por que mentiram?

— Eu não quero contar pra ela sobre meus problemas...

— Você não pode esconder isso por muito tempo.

— Eu sei. Mas por enquanto vou manter assim. Obrigado pela ajuda. — sorri e deitei-me.

[...]

Desde que fui para a casa do Batista, não falei mais com os meus pais, mas eles também não fizeram muita questão. Eles tentaram me ligar no dia que ocorreu, mas nunca mais ouvi falar sobre eles. E quanto ao Pedro, o Tarik me aconselhou a ignorá-lo, e assim fiz. Ele tentou se desculpar, mas fingia que não ouvia, então logo parou.

O Batista e seus pais saíram para visitar alguém de quem eu não lembro o nome, então o Tarik virá pra cá para podermos discutir sobre o canal e também aproveitaremos para gravar algumas coisas diferentes.

Vai ser estranho ficar sozinho com o Tarik na casa... Ou no meu quarto. Da última vez que estivemos ali, saímos um tanto confusos com os acontecimentos.

— Oi.

— Ah. Oi. Entra. — me afastei para que ele pudesse entrar. — Ahn... Vai querer alguma coisa?

— Não, eu to bem. — sorriu. — Vamos começar então?

— Claro. — subimos até meu quarto, e pude sentir meu coração acelerar. Ele riu.

— Isso é estranho.

— Por quê?

— Não conversamos sobre... Você sabe.

— É. Mas tudo bem.

— Você se arrepende?

— Desculpa, mas não.

— Eu também não. — sorriu — É que é tudo tão estranho pra mim, sabe? Eu gosto da Maria, mas você...

— Você me fode, Tarik. E não é do jeito bom. — disse e ele me olhou com espanto — Não que eu queira... — corei — Eu gosto de você e... Caramba, eu tentei fingir que não, mas eu só estava mentindo pra mim mesmo. Você é a primeira pessoa por quem eu já senti essa coisa. E eu te odeio por isso.

— Cala a boca. — disse e se jogou em cima de mim — Só. Cala. A. Boca. — não tive tempo de responder, pois ele já havia dominado a meus lábios.

— Tarik. — disse tentando afastar ele — Tarik! — ele sentou-se e ficou me olhando.

— Achei que queria isso.

— Eu... Eu quero. Mas, por mais que eu não suporte a Maria, eu não posso... Você não pode fazer isso com ela.

— Oh... É. Desculpa.

— Hm... — pigarreei — Vamos gravar?

[...]

Quando o Batista chegou, contei a ele o que aconteceu, e algo que ele me disse ficou preso em minha cabeça até a manhã seguinte.

E se ele estiver brincando com seus sentimentos?

Eu não o conheço o suficiente para saber do que ele seria capaz de fazer, e por mais que eu acreditasse que o Tarik seria incapaz de fazer algo assim, fiquei mal com essa possibilidade.

Eu nunca havia gostado de ninguém dessa maneira, muito menos de um garoto, e até onde eu sei, é a mesma coisa com ele.

Eu quero estar com ele, quero ficar com ele, mas a única coisa que me impede é o fato dele namorar a Maria. As coisas estavam bem óbvias, os fatos estavam na minha cara, mas eu ainda tenho um pouco de esperança de que isso possa acontecer.

No dia seguinte, eu pensei em não ir pro colégio, mas o Batista fez eu levantar com porradas. Seus pais nos levaram, então não precisei ir de ônibus e enfrentar o Tarik.

Por ora.

— Mike! — sussurrou uma voz atrás de mim.

— O que foi?

— O Tarik pediu pra te entregar isso. — me deu um papel.

— O que é isso? — perguntei e ele deu de ombros.

— Algum problema, Mikhael?

— Oops. — sorri.

Após o vexame com a professora, pude ler o bilhete do Tarik.

"Encontre-me no banheiro na aula de Educação Física. Quero te dar uma coisa."

Quando li aquilo, senti minhas pernas tremerem. Meu coração acelerou e comecei a me sentir desconfortável. Fiquei me mexendo na cadeira e algumas pessoas da minha classe xingaram-me por causa disso.

A hora parecia não passar e eu estava incomodado. Quando o sinal bateu, dei um pulo da cadeira por conta do susto.

— Tá tudo bem, Mike?

— Ahn... Claro. Eu tenho que ir.

— Mas a gente vai pra mesma aula...

— Ah, é.

— Pode sair. — riu. — Te dou cobertura. — sorriu.

— Obrigado, Rafa. Te devo uma. — agradeci e saí correndo.

Fiquei na frente da porta do banheiro por alguns segundos, até que criei coragem e abri.

DESTINY. || mitw [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora