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  M I K H A E L  

Fazem exatas três semanas que o Tarik se foi.

Confesso que fiquei uma semana chorando por causa dele, o que foi horrível, pois minhas notas decaíram.

Bem, as aulas já acabaram, assim eu só levantaria da cama para ir trabalhar ou fazer algo não muito útil.

Ah, eu já me mudei.

O apartamento é um pouco longe do colégio, mas é perto de vários clubes e bares, os quais eu estou frequentando atualmente.

É meio clichê isso acontecer, mas é um pouco inevitável.

Não virei alcoólatra ou drogado, apenas fico sentado o dia inteiro vendo as pessoas entrando e sair a todo instante.

Meu lugar favorito é a cafeteria.

Gasto todo o meu salário lá.

Copos e copos de café.

O Tarik não me manda mensagens.

Não porque ele não quer, e sim porque seu pai controla tudo o que ele faz.

Vez em quando ele consegue algum celular emprestado e me diz que está tudo bem e que ele irá resolver isso logo, mas eu não acredito.

Eu nunca achei que isso fosse acontecer comigo.

Ketty tem vindo aqui todos os dias.

O Batista vem às vezes.

Nós nos afastamos um pouco depois que eu mudei, não sei o motivo, mas não conversamos mais como antigamente. Aparentemente ele está namorando, mas, como era de se esperar, ele não me disse com quem.

Ketty me cobre no trabalho quando estou indisposto. O que é quase sempre. Ela sai do trabalho e vem pra cá com um copo de café e pães de queijo.

Acho que estou engordando.

Não que faça diferença.

— Olha, Mikhael, se você não levantar a porra dessa bunda da cama, eu vou te socar.

— Você é pequena, consigo te parar com uma mão só.

— Não duvide da minha força. Eu já fiz várias lutas. — revirei os olhos e levantei.

— E agora, madame? Vai me mandar fazer o que?

— Vamos sair.

— Eu não quero sair.

— Você não tem que querer, Mikhael. Você vai e ponto final.

— Que grande amiga você é.

— Sou mesmo. Mike, não é como se eu estivesse pedindo pra você ficar com alguém ou coisa do tipo, eu só quero que você se distraia.

— Obrigado, mas prefiro ficar em casa.

— Você não sai daqui desde que ele foi embora.

— Saio sim.

— Ficar sentado na cafeteira não conta. Nem sair pra trabalhar. — cruzei os braços. — Por favor. Só hoje. Eu quero companhia pra ir numa festa. E...

— Ketlin, você é a pessoa mais independente e não-necessitada-de-terceiros que eu conheço. — ela desviou o olhar. — O que tá acontecendo?

— Nada. — fiquei encarando-a. — Tá. Essa festa vai ser na casa de um ex meu, dai eu meio que queria fazer ciúmes pra ele...

— Sério isso?

— Por favor, Mike! Pela nossa amizade. — fez beicinho.

— Ok. Mas eu quero o dobro de pão de queijo daqui em diante. — ela sorriu.

— Agora vá se trocar, anda.

[...]

O local estava cheio, obviamente. O chão tremia por conta da música alta. Havia pessoas dançando e se pegando por ali. Algumas bêbadas e outras chapadas.

Fiquei ao lado de Ketty a todo instante, assim como me pedira mais cedo. Ela ficou insistindo para que eu bebesse, porém não sou dessas coisas. Bebi apenas água, enquanto ela bebia umas coisas estranhas.

Ela ficou dançando em minha frente enquanto eu apenas a observava.

Nunca havia reparado no quão bonita a Ketty é. Ela é bem humorada, cheirosa, se veste incrivelmente bem e é umas das melhores amigas que alguém poderia ter.

E, por mais que ela seja maravilhosa, eu jamais a viria com outros olhos. Até porque eu só tenho olhos para o Tarik.

Eu não sei o que vai acontecer daqui pra frente.

Já se passaram três semanas e eu estou agindo da pior maneira que eu poderia.

Imagino o que será de mim quando fizer um mês ou até mesmo um ano...

Eu não posso ficar na expectativa de que ele vá aparecer aqui a qualquer instante, pois posso esperar a vida inteira e ele nem dar as caras.

Despertei-me com a Ketty me puxando.

— O que...?

— Ele tá ali. Ele tá olhando pra cá.

— O que quer que eu faça? — perguntei um pouco desesperado. Ela ficou pensando um pouco, mas logo me puxou para um beijo.

Eu devia ter parado-a, mas apenas fiquei paralisado, até que alguém nos interrompe.

DESTINY. || mitw [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora