M I K H A E L
Eu nunca achei que fosse possível alguém se sentir tão quebrado por levar um fora até o dia da festa.
O Tarik conseguiu despertar o pior sentimento que existe dentro de mim.
Não saio do quarto desde que fugi da festa.
Faz três dias.
Não sinto fome, não sinto sede, não sinto nada.
Ele conseguiu me despedaçar.
O Batista bateu algumas vezes na minha porta, mas eu não o respondi. O Tarik me mandou mensagens, e eu retornei, porém bloqueei-o logo em seguida.
É incrível como ele acha que as coisas se resolvem assim.
É possível que ele seja tão ingênuo ao ponto?
Pergunto-me se ele está com a Maria agora. Não que eu me importe. Só queria saber se ela foi capaz de beijá-lo após saber que ele a traiu com alguém do mesmo sexo.
Tenho certeza que a resposta é sim.
Maria sempre foi assim.
Quem a vê nem imagina do que ela seria capaz para conseguir o que quer. Ela passa por cima de tudo e de todos quando quer algo.
E ela sempre consegue.
Nunca conseguiria vencer ela, a não ser que eu tenha algo horrível pra usar contra ela, o que não é o caso.
Segunda chegou e, por mais que eu não quisesse sair da minha cama nunca mais, eu tinha que levantar pra ir a escola.
Quando saí do quarto, o Batista ficou parado me olhando com uma cara de louco.
— O que foi?
— Meu Deus, Mikhael! Consigo ver uma fumaça negra saindo de você.
— É minha alma gótica se expandindo.
— Você tá horrível.
— Obrigado, você também.
— Eu já disse que te odeio?
— Já.
— Acho melhor eu ficar quieto. — revirei os olhos — Vamos? — assenti e nós fomos para o ponto.
Assim que entrei no pátio, dei de cara com o casalzinho feliz. Tarik ficou me olhando por alguns segundos, até a Maria puxá-lo pela camiseta para trás da árvore.
As pessoas não sabiam ao certo o que ocorreu na festa, mas isso não faz eles não comentarem sobre ou sair contando ao colégio inteiro. Algumas pessoas ficaram me olhando e fofocando sobre, mas não dei muita importância, apenas ergui a cabeça e fui para minha classe que, por azar, era a mesma do Tarik.
— Quero trabalhos em dupla. Porém eu irei escolher. A primeira dupla é Tarik e Mikhael. — levantei a mão. — Qual o problema, senhor Linnyker?
— Desculpa, mas acho que o Tarik não vai querer fazer dupla com alguém como eu. — imitei o que ele disse há três dias.
— Senhor Pacagnan?
— Por mim tudo bem. — lancei um "vou te esfaquear" com o olhar e o professor sorriu.
[...]
— Se quiser eu faço tudo e coloco seu nome, você não precisa fazer...
— Para. — cortei-o — Você faz um tema e eu faço outro, depois nós juntamos tudo e entregamos. — ele assentiu — Te odeio, mas sou justo.
— Me odeia? — revirei os olhos e saí — Espera!
— O que foi?
— E o canal?
— Eu não sei Tarik. Outra hora conversamos sobre isso. Agora, se me dá licença, tenho que fazer algo útil. — voltei a andar e logo encontrei o Batista.
— Estavam falando sobre o que?
— Sobre a merda do trabalho que aquele velho estupido mandou nós fazermos.
— Juntos?
— É né, Felipe. — bufei.
— iiiiih, tá estressadinho. Mas e aí, vai a casa dele fazer?
— Vai se foder. — riu.
— Falando sério agora, acho que você deveria esquecer ele.
— Você acha? Caramba.
— Vou ignorar isso. Bom, fiquei sabendo que amanhã vai vir uma menina nova pra cá...
— Como você soube disso? — olhei espantado.
— Digamos que tenho uns contatos.
— Ah, você é da classe da Maria, tinha esquecido.
— É... Enfim, ouvi-a dizendo que o nome da menina é Ketlin.
— Ainda não sei o que eu tenho a ver com isso.
— Você tá impossível hoje.
[...]
O sinal bateu e fomos embora.
De certa forma, eu sabia que o Batista estava certo, mas eu não tinha tanta certeza de que eu conseguiria esquecer o Tarik tão cedo.
No dia seguinte eu só ouvia falar sobre essa garota nova.
— Os meninos não ficam assim desde que a Flávia entrou ao colégio.
— Mas eles tinham motivo, afinal a Flavinha é linda.
— Vamos parar de falar da minha namorada, por favor? — reclamou Rafael e os outros riram.
— Mas eu não vi essa menina até agora.
— Então prepara o coração que ela tá vindo aí.
— O que?
— Oi... — disse alguém atrás de mim.
— Huh, oi, eu acho. — consegui dizer.
— Aquela menina magrela pediu pra eu vir falar com um tal de Miguel ou sei alguma coisa assim.
— Mikhael. Sou eu. — sorri — Então?
— Ela disse que você ia me mostrar a escola.
— Ahn... Claro. Vamos.
— Você também ajuda na escola?
— Na verdade não. E nem sei por que ela disse que eu faria isso.
— Se não quiser...
— Não, tudo bem. Qual é o seu nome mesmo? — antes que ela pudesse responder, passamos por Maria que sorriu falsamente. Bufei.
— Desculpa falar isso pra você, mas não fui com a cara dessa garota.
— Normal. Ela é uma nojenta mesmo. — fiz careta e ela riu.
— Algo me diz que é um problema particular.
— É... — corei. — Bom esse é o nosso colégio.
— Valeu. — ficamos parados por alguns segundos apenas nos encarando. — Acho que vou pra minha aula...
— Eu também. — sorri de canto. Ela saiu andando, porém logo virou de costas.
— A propósito, pode me chamar de Ketty. — sorriu e virou-se para outra direção.
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DESTINY. || mitw [EM REVISÃO]
FanfictionAs vezes o destino pode brincar com as pessoas; ainda mais quando você não faz nada a respeito.