18 - Até a próxima, Renata...

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Não havia vento nem mar

Pra ela mergulhar

Menina olhava ao redor

Estava pior.




O cheiro era forte, de mangue

Sem coisas mais belas

Renata olhava o sangue

Em suas canelas.




Por que você foi se cortar?

Santa inquisição

As esferas do seu colar

Rolando no chão.




Fechada em si, se recata

São cortes vermelhos

E, mesmo morrendo, Renata

Poupou seus cabelos.




Não queria se perdoar

Em seus devaneios

Vida pra finalizar

Sem mais rodeios.




Apêndice, palavra errata

Final compulsório

Deixada, foi ela, Renata

No crematório.




E Renata queima... queima

Pra que tanta teima... teima

Antecipada sem medo

Ela quis ir mais cedo... cedo.




Até a próxima, adeus

Vai sem cerimônia

Fecha, então, olhos seus

Abertos nas noites de insônia.




Preâmbulo de Alighieri

Não estavam em seus planos

Não há mais oitava série

Nem catorze anos.




Pensou pelo lado positivo

Não queria ela estar

Com dezenas de anos vividos

Pra recordar.




Sofrimento foi extirpado

Sem vinte nem trinta

Ela cortou com machado

Pra que não se sinta.




Dores que não latejaram

Anos não foram vividos

Namorados não a abandonaram

Não houve gemidos.




Hipócritas em salas com cofres:

"Ela era tão jovem"

O que está morto não sofre

Simples assim: dissolvem.




E Renata queima... queima

Pra que tanta teima... teima

Antecipada sem medo

Ela quis ir mais cedo... cedo.  



Marcelo Garbine

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