22 - Meus passos vagarosos

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Vagarosos são os passos

Já fumei mais de dois maços

Envenenando todo o meu ser

Até a alma, não quero crer.




Não creio

Abomino

Que encontrei o

Meu destino.




O meu destino

Eu mesmo invento

Desatino

Acrescento:




Nada vai mudar

As leis do Talião

Eu vou ter que cegar

A sua visão.




Olho por olho

Dente por dente

Eu que escolho

Meu oponente.




Não adianta rezar

Somos humanos

Vício não vai cessar

Daqui cem anos.




Ouço de longe a voz

Vem de Hiroshima

Dizendo a todos nós

"Quebrou o clima"




Bomba atômica

Mata menos

Que frase irônica

São Nicodemos.




Eu to vivo, porra!

Ainda degluto

Sai, não me socorra

Que eu fico puto.




Deixe-me ficar

Vivo por dentro

Não tente me internar

No hospício do centro.




Morto por fora

É só um detalhe

Vai-te embora

Não me atrapalhe.




Os porcos

Comem bosta

Efeitos inócuos

Da sua proposta.




Seu gosto

Não discuto

Não olhe meu rosto

Nem um minuto.




Deixe-me aqui

Vagando a esmo

Ninguém eu vou ferir

A não ser a mim mesmo.




Se assusta se eu respiro

Ou se digo um simples "atim"

Mas não vou dar nem um tiro

A não ser se for em mim.




Eu to vivo, porra!

Ainda degluto

Sai, não me socorra

Que eu fico puto.




Marcelo Garbine

Você pode ler mais em: marcelogarbine.com.br


Clicando sobre a imagem do violão, acima desta poesia, você ouve a música "Meus Passos vagarosos".

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