She's like my heroin

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Point Of View Justin Bieber

Passei a língua entre os lábios cada vez mais ressecados, fechei os olhos com força enquanto grunhia e lacrimejava de dor. Eu olhava as veias saltadas muito salientes em meu braço, se tornando ainda mais grossas, apenas em olha-las conseguia aumentar meu desespero. O quarto, parecia abafado e pequeno, como se as paredes estivessem fechando ao meu redor, impedindo a passagem de oxigênio.

Apertei os lençóis entre os meus dedos que com o tempo, iam perdendo a cor saudável. O suor, fazia uma trilha perigosa caminhando pelo meu corpo em gotas salgadas, me sufocando, me asfixiando. Meus olhos, fitaram a seringa na cômoda ao lado da enorme cama que estava deitado. Por um momento um jato de lucidez me atingiu como um soco, forçando minha visão para tentar enxergar nitidamente o borrão que estava próximo a mim. Eu sorri vendo Annelise sentada no mesmo móvel onde estava o único motivo que me deixava vivo: heroína.

Sem ao menos conseguir respirar e com o calor tornando ainda maior, a vi se despir do seu jaleco branco, o que ela usava frequentemente, todos os dias nesse hospital. A lingerie negra reluzindo em seu pequeno e pálido corpo, enquanto mordia seu lábio inferior como uma insinuação sexual, me chamando para mais uma viagem ao paraíso. Meus demônios me puxavam para o lado obscuro da vida, mas a minha doutora exorcizava-os com apenas seu olhar pecaminoso, repleto de luxúria. O que seria mais proveitoso? Ir para o inferno com meus pecados ou fazer a mesma jornada, só que agora com a minha deliciosa psiquiatra? Eu escolhi a segunda opção ainda um pouco tonto, e a partir da minha decisão, Annelise foi desfazendo-se de suas peças íntimas, mostrando cada vez mais sua pele. E como um verdadeiro animal, a vontade de avançar em seu corpo foi tomando conta de cada célula, mas a cada tentativa eu sentia que minhas mãos estavam acorrentadas. A cama encharcada pelo meu suor, vinha ficando cada vez mais desconfortável e os gritos ecoaram pelo quarto. Ofeguei fechando os olhos por alguns segundos e quando os abri, a doutora estava nua. Eu queria ajoelhar-me no piso gélido do meu quarto e pedir perdão a Ele, rezar para encontrar a salvação e tirar-me desse ciclo vicioso. Mas ela se aproximou, me instigando, me tentando, chegando cada vez mais perto, libertando minhas mãos antes presas. E assim, outra vez nos perdemos juntos, um no outro. Mas tudo bem, porque eu prometo que essa será a última vez e não haverá recaídas.

Point Of View Annelise Williams

Eu gargalhava enquanto Ryan contava uma de sua peripécias quando criança. Ele não era tão tímido como aparentava assim que nos conhecemos há algumas semanas.

Talvez eu teria me arrependido se não saísse com ele naquela noite de sábado. Hoje, todos os encontros que viemos tendo estão cada vez mais produtivos para o início de uma amizade ou quem sabe, algo mais. O que eu duvidava, pois apesar de nossa proximidade, meus pensamentos sempre estavam voltados a Justin Bieber, independente do que estivesse acontecendo ou do que eu fizesse. Dentre todas essas semanas, nenhum progresso nas suas análises, pelo contrário, a dependência parecia aumentar a cada dia. O que como médica, me deixava extremamente preocupada.

- Você quer? - Ryan perguntou desviando meus pensamentos dos problemas de Justin.

- O quê? - falei um pouco alto demais.

- Perguntei se você queria? - as suas bochechas tomaram o habitual tom rosado enquanto ele me estendia um pacote com balas doces.

- Não, obrigada, eu... - estava pronta para responder quando avistei meu querido paciente na "nossa árvore". - Ryan... Que tal nos encontrarmos mais tarde? Eu preciso fazer uma coisa agora. - olhei discretamente para o local onde Justin estava, revezando ente ele e o olhar confuso que o enfermeiro me dava.

- Tudo bem. Eu posso passar na sua sala então?

- Claro, claro... - respondi rapidamente, mas meu subconsciente controlou minhas emoções para não fazer a idiotice de dispensar Ryan.

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