Cocaine

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As mãos trêmulas de Justin apanharam uma seringa com a droga. Passou a língua por seus lábios cada vez mais ressecados, que iam perdendo a cor saudável. O rapaz sentou na cama, colocando as suas mãos sobre o rosto e murmurando coisas desconexas. Para um dependente, a falta da substância costumeira em seu organismo, pode ser fatal. Pois, a nível de abstinência, o corpo não está mais acostumado a receber grandes doses da droga como antes, isso leva a overdose.

Justin piscou os olhos repentinas vezes, suas orbes enegrecidas... Eram apenas consequências da falta de motivação para a recuperação e um tratamento livre das drogas. Desistiu de tentar pela sua família, por ele, por Annelise... Sentia as injetadas preencherem seu corpo e sorria para o nada, fazendo movimentos obscenos e insinuações de sexo.

— É disso que você gosta não é, vadia? – suas mãos presas ao ar, como se o tivesse acariciando. Como se estivesse acariciando uma mulher.

E por um momento, uma atitude tão brutal e violenta ao apertar seu próprio órgão com uma força absurda, ao ponto de jogar-se ao chão gritando e urrando de dor.

— Vagabunda.

Os batimentos aceleravam constantemente, ele levantou com dificuldade pela vista embaçada, largou a seringa no chão e cambaleou quebrando alguns pertences do seu quarto. O antidepressivo que o enfermeiro Ryan o deu esta manhã reagiu com a droga pesada, e Justin caiu de joelhos expelindo seu vômito pelo piso polido.

Os médicos que passavam pelo corredor, escutavam o barulho de objetos sendo quebrados, invadindo o quarto e vendo o que era esperado há algum tempo.

Um Justin destruído, sem vida e afundado no próprio vício.

Point Of View Annelise Williams


Os burburinhos sobre o ocorrido com Justin rodeavam todo o hospital, faz exatamente dois dias que ele está sendo acompanhado e avaliado. Eu queria visita-lo e ver se tudo estava bem como diziam, mas por ironia ou predestinação, tudo conspirava contra isso, nesses últimos dias os afazeres vem me ocupando cada vez mais e o cansaço termina vencendo.

E talvez foram esses dois dias precisos, que me fizeram perceber que eu sou capaz de me afastar de Justin Bieber, de continuar minha vida como antes, sem seu cheiro, sem seu calor, sem ele exatamente. Mas não quero, não tenho mais o poder sobre meu corpo e pensamentos, eu não quero me afastar de Justin Bieber e nem viver minha vida de antes. Talvez esse seja meu maior problema, ele me possuiu e eu fui dominada, não consigo ao menos dormir sem que meu paciente corra pela minha mente.

— Dra. Williams? – não era bem quem eu esperava, quando bateram na porta.

— Posso ajudar? – falei confusa franzindo o cenho. O médico que ficou responsável pelo Justin deu um sorriso presunçoso.

— Os exames de Justin Bieber saíram, achei que deveria saber, já que você mesma disse que se importava com seus pacientes. – ele me estendeu um envelope e eu o tirei das suas mãos um pouco impaciente. Sabia muito bem que essas indiretas que ele jogava era para saber algo. Bem, se dependesse de mim, era tempo perdido, porque nunca iria descobrir. — Consegue entender alguma coisa?

— Por que não entenderia?

— Bom, supondo pela sua cara e que deixou o seu paciente ter uma overdose. – ele balançou a cabeça em negação e eu gelei com seu ato — Não me parece uma boa médica.

Ele me lembrava muito Justin.

— Qual é seu nome mesmo?

— James Taylor.

— Então o senhor poderia me explicar a situação do meu paciente e deixar suas insinuações para você próprio. – ele colocou as mãos nos bolsos do jaleco e seu semblante ficou sério.

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