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Point Of View Annelise Williams

Por mais que eu tentasse esquecer, minha noite com Justin insistia em permanecer em minha mente. O olhei, fitando cada movimento que ele fazia para tragar seu cigarro enquanto estava assistindo a algum programa na televisão. Um aparelho muito moderno e luxuoso para um paciente em reabilitação, diga-se de passagem.

Eu estava agindo duplamente errado, primeiro, estava me envolvendo com um paciente em recuperação, no expediente de meu trabalho, que fora taxado como louco... Eu poderia ser presa por sedução de incapazes. E segundo, estava presenteando cenas totalmente imperdoáveis em relação ao seu tratamento, ele fumava na minha frente e eu sabia que neste quarto haviam drogas, especificamente, o seu maior vício, heroína.

— Eu preciso de roupas. – falei ainda com meu corpo coberto por uma toalha. — Justin!

— O que foi? – ele perguntou irritado por ter desviado sua atenção de um jogo de hóquei inútil.

— Eu estou aqui, idiota. E preciso de roupas.

— Deve ter roupas da Rachel ou de algumas mulheres por aí, procura Annelise.

— Você só pode estar de brincadeira comigo. – o olhei inconformada — Acha mesmo que eu vou vestir roupas dessa vagabundas que você dorme? – ele bufou, aumentando o volume da televisão, seu maxilar travado me deixou sem ar por alguns segundos — Se você não abaixar essa porcaria, eu vou gritar!

— Porra! – ele gritou e jogou o controle na parede, o que me fez recuar um pouco.

Justin me olhou irritado, desligando a televisão e apagando um de seus inúmeros cigarros. — Veste essa merda. – ele tirou sua camisa e jogou para mim.

Estava morrendo de vontade de gritar e xinga-lo de todos os nomes possíveis e impossíveis, mas sua ira me fez hesitar e pensar mil vezes antes. Me despi da toalha e vesti a peça rapidamente, sabendo que mesmo com raiva, seu olhar ainda acompanhava meus movimentos. Sentei na cama, de costas para ele, que agora estava em pé, próximo ao seu closet.

— Às vezes eu tenho a impressão que você me trata como uma vadia. – falei baixo e ouvi seu suspiro cansado. Seus passos se tornaram audíveis e logo o colchão afundou ao meu lado com o seu peso.

— Não é bem assim... – ele murmurou me puxando para deitar em seu peitoral. — Eu não deveria ter gritado com você – continuou com o mesmo tom, com os lábios colados em meu ombro, enquanto suas mãos acariciavam minhas pernas desnudas. — Eu ando estressado ultimamente...

— E eu tenho algo haver com esse estresse todo? – ele me olhou com um sorriso esboçado.

— Talvez...

Nós continuamos em silêncio, apenas sentindo o calor do outro, em meio de carícias simples, mas que se tornavam tão eróticas a ponto de me fazer implorar por mais, muito mais.

— Justin, me fala a verdade... – ele suspirou apenas por ouvir a última palavra e eu me afastei um pouco para encarar seus olhos — Desde que você entrou aqui, não está em abstinência não é? Digo, você ainda usa heroína, eu sei.

Ele desviou do meu olhar.

— Não vai responder?

— Você nunca entenderia Annelise. – ele se afastou do meu corpo.

— Isso é um sim? Você ainda usa, não é? Quantas doses por dia? Eu sou sua amante, não sua psiquiatra. – o lembrei tentando convence-lo e ele me olhou desconfortável por alguns instantes, mas logo sua expressão suavizou.

— Não deveria estar preocupada com isso, porque a única dose que eu quero agora, é de você. Vinte quatro horas do meu dia, vinte e cinco se fosse possível. – ele se aproximou novamente, umedecendo seus lábios.

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