Hurt me so good, baby

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"Você pode ficar viciado em um certo tipo de tristeza." 

Point Of View Annelise Williams

Despertei sentindo uma brisa fria em minhas costas nuas e grunhi preguiçosa. Me contorci entre os lençóis e abri os olhos, voltando a realidade e lembrando que estava no quarto do Justin. Nós tínhamos dormido juntos como um casal normal por mais uma vez.

Notei o barulho do chuveiro. Justin deveria estar tomando banho. Eu ainda conseguia sentir suas mãos explorando o meu corpo e sua voz despejando palavras sujas e eróticas no meu ouvido. Fechei os olhos por alguns segundos e mordi os lábios. Ele me fazia sorrir para o nada como uma idiota.

Já estava acostumada a acordar sozinha na cama. Mesmo quando dormíamos juntos, Justin sempre acordava antes de mim. Eu poderia colocar alguma câmera para saber o que ele fazia. Se fosse ao contrário, eu passaria a madrugada inteira o observando e não faria a mínima questão de dormir, para não correr o risco de não admirar seu rosto por um segundo.

Vi uma de suas camisas ao meu lado, espalhada pela cama e a alcancei, vestindo depressa para sentir o seu cheiro intoxicante.

Justin era viril, perigoso e tinha uma certa dose de alguma coisa que eu ainda não havia descoberto. Era isso que o deixava mais atraente. Ele fazia todas as mulheres caírem aos seus pés, apenas esperando por suas ordens. E elas aceitavam porque ele sabia como recompensa-las.

O pensamento me deixou com ciúmes e eu passei a mão pela minha nuca, a arranhando de leve com as minhas unhas.

Sentei na cama, pacientemente esperando que o meu homem saísse do banheiro e me enchesse de mimos. Difícil saber se estaremos bem amanhã, então temos que aproveitar cada minuto que tudo dando certo.

Olhei o quarto, completamente entediada e puxei os lençóis para cobrirem minhas pernas. Se eu procurasse por algo aleatório no quarto do Justin, será que eu teria mais surpresas?

Me parece uma atitude masoquista demais até para mim. Esse não é o meu papel.

Balancei a cabeça negativamente e olhei por um segundo para o criado-mudo ao lado da cama. Algumas cápsulas de comprimidos, um copo d'água, algumas jóias e um papel amassado com um lápis o impedindo de voar para algum lugar do quarto.

Olhei com curiosidade e me repreendi por isso.

Eu deveria olhar? Poderia me decepcionar e estragar tudo novamente.

Poderia ser uma nova receita de xanax ou qualquer outro antidepressivo.

Fechei os olhos com força, tentando resistir a tentação. Eu não queria bancar a louca, nem a ciumenta, nem a certa. Até porque, convivendo com Justin, o certo seria o que eu menos iria fazer daqui para frente.

Me inclinei contra o móvel, ignorando a pequena parte sensata que sobrava em mim e peguei as cápsulas de remédio para averiguá-las. Soltei um suspiro aliviado quando percebi que eram apenas Advil. Eu precisava falar com o Justin sobre o uso constante de medicamentos para dores de cabeça e musculares, mesmo sabendo que na certa ele não iria me dar atenção e me mandaria cuidar da minha vida.

Revirei os olhos apenas prevendo o que tinha certeza do que iria acontecer. Seguindo com a curiosidade, tomei o papel em mãos e o desembrulhei cuidadosamente. Se fosse alguma besteira, Justin nem precisaria saber que estive mexendo novamente nas suas coisas.

Arqueei as sobrancelhas ao ver um desenho de uma mulher em uma cama. Corri meus olhos pelos detalhes e percebi que a tal mulher era eu. Senti minha pele arrepiar-se apenas em ver como ele desenhava bem e a forma totalmente erótica que aproveitou. Eu estava deitada de bruços, com parte de meu rosto coberto por meus cabelos lisos. Estava nua da cintura para cima, com os lençóis cobrindo apenas o meu traseiro e pernas.

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