Capítulo 2

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Capítulo 2

"Trimm...!" A campainha tocou e a Mary puxou-me rapidamente para fora da sala. - Onde vamos? - Perguntei mas ela não respondeu. - Importas-te de falar comigo, Mary Anne?

- Mary Anne não! Mary! O meu nome é Mary. - Ela reclamou e parou ao pé da paragem de autocarro.

- Está bem. Só quero que me respondas.

- Eu vou certificar-me que tu vais ao teu encontro com o Harry. - Mary disse a sorrir.

- A sério? Isto é mesmo necessário? - Eu sei que provavelmente ela tem razão em não confiar em mim, mas não é necessário tratar-me como uma criança.

- Sim, é preciso. E por que razão não estás a usar o vestido que eu escolhi?

- Eu gosto desta roupa. - Eu não sou uma rapariga de vestidos. Eu uso t-shirts, calças e ténis. Eu não sou uma barbie.

O autocarro estacionou à frente da paragem e ela arrastou-me lá para dentro. A viagem não demorou muito tempo. Ela despediu-se de mim e eu entrei na padaria. E ali estava ele, sentado numa mesa a escrever num caderno. Esperei um pouco até ir para a mesa. O que é que um rapaz como ele vê numa rapariga como eu? Sinceramente, não entendo. Eu não sou bonita, sou baixa e não sou popular. Nada faz sentido.

- Jane. - Harry chamou-me e eu dirigi-me para a mesa. - Ainda bem que vieste! - Ele exclamou a sorrir.

- Houve alguém que me obrigou... - Sussurrei e continuei a olhar para a mesa.

- Ei, - Harry disse e colocou a mão no meu queixo e levantou suavemente a minha cabeça, fazendo com que os nossos olhos se encontrassem. - Jane, tens medo de mim?

Senti as minhas bochechas a queimar e respondi, - Não.

- Então porque é que não olhas para mim? Sempre me disseram que tinha uns olhos lindos! - Ele disse e eu não consegui evitar o riso que escapou dos meus lábios.

- Convencido! - Exclamei e ele sorriu.

- Não, eu não sou convencido. Eu sou realista.

- Sim, Harry. Tu és...realista. - Eu gozei e ele parou de sorrir.

- Estás a gozar comigo? - Ele perguntou e eu desviei o olhar novamente para a mesa. - Jane, estou a brincar! Não fiques tímida outra vez, por favor.

- Desculpa. Eu não consigo evitar ser tímida. Sou assim desde pequena e tendo a fechar-me no meu mundo.

- Talvez um dia eu possa entender como é o teu mundo.

- Harry, isso não ajuda muito.

- Oh, desculpa.

- Bem, é melhor eu ir embora. - Eu disse e, quando me estava a levantar, ele agarrou na minha mão.

- Espera! Deixa-me compensar-te pela minha estupidez. Vamos comer um gelado? - Ele perguntou enquanto se levantava. Os nossos corpos estavam a poucos centímetros de distância. Ele parece mais alto assim, o que me faz sentir ainda mais baixa. O perfume dele é doce e lembra-me da primavera. Olhei para cima para ver a cara dele e ele estava a observar-me também. - Vamos?

- Sim... - Sussurrei e ele continuou a agarrar na minha mão.

Ele baixou-se ligeiramente para poder sussurrar ao meu ouvido, - Para que saibas, sempre preferi as mais baixas.

- Não ajuda, Harry. - Disse e ele sorriu.

Ele conduziu-me até uma carrinha de gelados e, enquanto eu me fui sentar num banco, ele foi comprar os gelados. Aproveitei enquanto estava sozinha para ver o meu telemóvel. *5 mensagens novas de: Mary!!!* As mensagens eram todas a perguntar como estava a correr o encontro. Quando estava prestes a responder, o Harry apareceu e entregou-me o gelado de manga que eu pedi.

- Err...Jane, tens namorado? - Harry perguntou, pela primeira vez parecendo envergonhado.

- Não. - Respondi rápidamente, o que demonstrou a minha tímidez perante essa questão.

- Ainda bem. - Ele disse após ter comido um bocado de gelado e sorriu. - E será que eu posso ter esperança?

- Esperança de quê? - Perguntei e ele riu. A sério, esperança de quê?

- Ter esperança de namorar contigo. - Ele disse como se fosse a coisa mais óbvia à face da terra. Mas o que é que eu devo responder?! Oh meu deus, porque é que a Mary não me seguiu? Ela saberia a resposta correcta para esta pergunta. Eu só sei as respostas para matemática! Senti as minhas bochechas a arder novamente e ele colocou a mão no lado direito da minha cara, massajando com o dedo a minha bochecha. - Ficas querida quando coras.

- Obrigado? - Disse confusa e ele riu. - Porque é que estás sempre a rir-te de mim?

- Eu não me estou a rir de ti. A tua maneira de ser é engraçada. Nunca conheci ninguém tão tímido. - Ele respondeu e tirou a mão da minha cara. Ele olhou para o relógio e começou a levantar-se. - Tenho que ir trabalhar. Amanhã vens visitar-me outra vez? - Ele perguntou.

- Talvez. - Eu respondi e ele aproximou-se e deu-me um beijo na testa.

- Então, até amanhã! - Ele exclamou e foi para a padaria. Eu acenei e, mal ele entrou na padaria, comecei a correr em direção ao apartamento da Mary que não era muito longe dali.

Toquei à campainha e ela abriu logo a porta. - Entra, entra! - Mary exclamou entusiasmada. Ela fechou a porta e fomos para a sala de estar que estava ligeiramente desarrumada. A Mary vive sozinha desde que fez 16 anos porque o pai dela arranjou um emprego em Leeds e teve que se deslocar para lá. Ela optou por ficar aqui até acabar o secundário. A vizinha dela ajuda-a bastante e toma conta dela, e os pais dela vêm todos os fins-de-semanas.

- Precisas de arrumar a sala. - Disse mas ela fingiu que não ouviu.

- Então, como é que correu?

- Bem, acho eu. Ele perguntou-me se eu ia vê-lo amanhã e eu respondi que talvez.

- E ele beijou-te?

- Não! Mary, isto foi o nosso primeiro encontro! - Exclamei.

- Qual é o mal? Em todos os meus primeiros encontros, houve sempre um beijo. - Ela disse contente.

- Ele deu-me um beijo na testa...

- Vês? Ele gosta de ti! Isso é super romântico! - Ela disse contente e começou a saltar no sofá e a cantar, - A Jane tem namorado! A Jane tem namorado!

- Não, não tenho. E não quero falar mais sobre isso.

- Jane, o amor é uma coisa natural. Não tenhas vergonha de falar sobre isso comigo. Pensava que já tinha passado a fase da timidez comigo no terceiro ano.

- Já passou e eu não tenho vergonha. Só não me apetece falar sobre o Harry agora.

- OK. E que tal se ficares cá a dormir? Amanhã é sábado e eu posso emprestar-te umas roupas. - Mary sugeriu.

- Está bem, deixa-me só avisar os meus pais. - Tirei o telemóvel da mala e vi que tinha uma mensagem do Harry. "Adorei o nosso primeiro encontro. Espero que venhas amanhã :) xoxo" Eu respondi: "Continua com esperança, talvez eu apareça aí. xx". Ele respondeu imediatamente, "Ainda bem, porque tenho uma surpresa para ti. xoxo" OMG...o que será que ele vai fazer?

The boy I used to knowOnde histórias criam vida. Descubra agora