Os dois se olhavam em clima de grande ansiedade:
__Sabe quando todos se fixam em algo e esquecem os detalhes mais visíveis, é como se as pessoas tivessem sido cegados pela aquela história, você acredita em amnésia coletiva? - Perguntou Anthony pensativo.
__Todo mundo se esquecendo ao mesmo tempo, é estranho não? Indagou Edward.
__Sim é estranho, mas a realidade às vezes é estranha, se você fizesse um grupo de pessoas serem submetidas a uma mesma situação ilusória por mais absurda que seja; talvez essa situação fosse considerada real. Se todos sentirem a mesma ilusão, essa ilusão não se tornaria real? - Disse Anthony absorto em pensamentos.
__Sim, pode ser, o que faz algo ser ilusão ou sobrenatural, é o fato de que poucas pessoas presenciam esse algo, se todos o presenciassem ele seria de certa forma real... Filosofou Edward.
__Essa é a tênue barreira que existe entre o normal e o anormal, a simples quantidade de observadores que presenciam esse algo, e de vezes que tal se repete. - Concluiu Anthony.
__Eu me lembro da primeira vez que eu assisti a noite das luzes, uma vez por ano isso ocorre o céu se enche repentinamente de luzes misteriosas das mais variadas cores. Edward prosseguiu:
__Eu me tremia de medo com aquilo, mas hoje depois de tanto ver, elas não mais me impressionam, são luzes, apenas luzes que o céu nos envia, como a terra esguicha água na chuva semanal, como os arbustos falantes nos fornecem frutos violetas, bem você mais do que eu entende isso, tudo é normal ou natural por mais absurdo que seja, se se repetir muitas vezes. Concluiu seu raciocínio Edward.
__É interessante, às vezes eu penso que tudo que nós estamos vivendo não passa de uma espécie de noite das luzes, algo fantástico que vai caindo na banalidade do cotidiano. É intrigante pensar também que um belo dia tudo isso, esse vilarejo, essa vida passaram a existir, e antes do próprio antes? Incitou Anthony
__Antes do antes, é realmente assustador pensar nisso, se algo novo surgisse do nada hoje, nós ficaríamos chocados, mas esquecemos que tudo que vivemos aqui um dia também surgiu do nada. Raciocinou Edward com seu ar sábio.
Nesse momento Edward estalou os dedos, e uma jarra de suco de fruta violeta se dirigiu até ele, serviu-se e ofereceu uma taça a Anthony, aquele não era definitivamente um suco comum, o sabor sempre mudava, mas a sensação era sempre a mesma, um relaxamento total da musculatura e da mente, eles ficam imóveis nas poltronas ao lado da biblioteca iluminada agora por uma luz rocha, que ia mudando conforme Edward ordenava.
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O vilarejo e outros enigmas
Science FictionAnthony é um jovem atormentado pelo seu passado e pela sua ordenação como sacerdote, porém em uma semana sua vida vai mudar radicalmente. Soraya é uma mulher independente, moderna e cheia de mistérios, um muro pesado os separa e a única coisa que os...