Capítulo 5 - 15 de agosto

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Anthony mascava uma folha de arbusto falante, enquanto dizia mais relaxado:

__Eu sei que correria riscos, mas eu precisava lê-lo. Entretanto, isso não vem ao caso, o que quero dizer com tudo isso é que parece haver algo tentando me impedir não só nesses dois eventos, mas em uma série de outros. Sabe, um tempo atrás eu encontrei uns papéis muito estranhos na torre do templo, eu os guardei em uma caixa fechada, cuja chave só eu possuo e quando a abri, para minha surpresa não havia nada dentro, nenhum sinal de arrombamento!

Sinto que algo está atravancando as minhas buscas e você não sabe como tudo isso está me acabando comigo, Susan! - Disse Anthony em desespero.

__Calma, você vai ver, tudo isso irá passar daqui a pouco tempo. Tranqüilizou-lhe a moça.

Anthony fechou a cara, quando se lembrou da ordenação, mas desviou de tal ideia dizendo:

__Mas, amanhã eu vou conseguir, vou finalmente conversar com ela... - Disse Anthony

__Ela quem?

__Você sabe, Marie Claire!

__Fale mais baixo, vai que alguém escute... - Retrucou Susan assustada.

__Eu sei, você deve estar me achando um louco inconseqüente, mas, eu tenho que encontra-la... Você sabe, a única sobrevivente do 15 de agosto...

Susan retrucou indignada:

__Isso são apenas crendices, ela é maluca, está presa há nove anos...

Anthony pareceu nem dar ouvidos e elucidou:

__Eles querem esconder algo, afinal, se ela não tivesse nenhum segredo a revelar, por que a manteriam tão bem vigiada? Quem iria se preocupar em gastar um esquema de segurança daqueles com uma louca?

__É, de fato, não sei... Se bem que aquele episódio foi realmente sinistro...

__Seis pessoas morreram, só Marie Claire sobreviveu, o templo excomungou todos os sete, disseram na época que eles faziam parte de uma seita das trevas...

__E você acredita nisso? - Indagou Susan com um ar incrédulo.

__Como eu já disse, parece que algo está me impedindo de investigar esse evento - minha mãe adoeceu, a minha casa pegou fogo misteriosamente - e eu até tentei estudar sobre os envolvidos, mas há pouca informação sobre eles no cartório geral... – Enunciou Anthony,

Susan ficou repentinamente imóvel, parecendo perdida em suas próprias lembranças e disse lentamente:

__Aquele dia foi muito estranho, eu estava na sacada da minha casa, tudo apagou, acho que isso aconteceu com muita gente também, os sacerdotes disseram que foi a sombra maligna despertada pelos sete envolvidos...

Anthony fitou os olhos vívidos da amiga e disse resgatando lembranças que lhe pareciam tão pesadas como barras de aço desabando contra suas vértebras:

__Isso também me ocorreu, mas...

O jovem perdeu a voz, Susan acudiu:

__Você está bem?

Ele então prosseguiu:

__Eu acordei caído no chão a metros de distância de onde estava. Não consigo discriminar o que realmente aconteceu. Bem, preciso me certificar de uma coisa... Tchau, eu vou ao cemitério.

A jovem sorriu espantada:

__Mas que passeio! Boa sorte lá, eu vou ao café Saphira, comer torta de fruta violeta com creme.

Dizendo isso ela sorriu, apertou graciosamente a mão de Anthony e foi subindo as passarelas da praça em direção ao outro lado da povoação, como se desfilasse lentamente.

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O vilarejo e outros enigmasOnde histórias criam vida. Descubra agora