Capítulo 22 - Uma sombra para a luz

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Enquanto isso a algumas ruas dali, dois jovens corriam incansavelmente. Nessa altura já cruzavam a rua estreita que se conectava a enorme praça central, o movimento era grande por todo o patamar principal, pessoas passeavam, conversavam e assistiam a uma apresentação de música clássica. Um pouco acima ficava a Sede do Vilarejo, que era o prédio mais opulento e majestoso do local, o interior era magnífico, eles adentraram o salão de entrada, uma música calma soava pelo ambiente, havia outra grande redoma de vidro preenchida por água, repleta de peixes dourados, no centro dela um globo luminoso girava e refletia centenas de tons coloridos. Respiraram profundamente e subiram uma escada de cristal que contornava essa esfera e no topo dela se depararam com um pequeno patamar plano, tal se conectava a um túnel.

O túnel dava acesso ao topo da terceira pirâmide, ao redor da redoma havia grandes bibliotecas e todo o tipo de esculturas e obras de arte, bosques de arbustos se estendiam pelas laterais, e um enorme laboratório se erguia nas proximidades dele, aquela era a pirâmide da cultura. Cada uma das cinco pirâmides do Vilarejo tinha uma função especial, uma era religiosa, a outra econômica, a outra esportiva e a última era a pirâmide do lazer, todas tinham passarelas suspensas que se conectavam a um grande cone central, que era responsável pelo poder, lá ficavam os gabinetes administrativos e as sedes das instituições que existiam no povoado.

Susan foi até o centro do patamar,e foi subitamente impulsionada por um degrau móvel para cima, Anthony só escutou o grito dela ecoando ao longe. Tão logo, ele fez o mesmo, pisou no degrau e poucos instantes depois já estavam no topo da pirâmide, era uma sensação muito incomum, ao lado o horizonte era dominado pelo vilarejo. Ele olhou para Susan despenteada e assustada e segurou o riso, a ansiedade era visível no rosto de ambos, instantes depois correram até onde ficava a varanda, se apoiaram e olharam primeiramente para o relógio que marcava para o desespero de ambos: 17h15min.

Eles se entreolharam desesperados, mas Anthony se lembrou que seu relógio era adiantado dez minutos, fazia isso para não se atrasar e tranquilizou Susan.

Seis minutos depois a sombra do topo da terceira pirâmide indicava uma velha casa às margens do rio que corta o Vilarejo.

Rapidamente pegaram um degrau flutuante emprestado, indicaram a a velha casa lá embaixo e atingiram alguns minutos mais tarde o local, agradeceram brevemente o degrau flutuante e contemplaram uma paisagem desoladora. A casa parecia estar abandonada há anos e não havia qualquer porta de entrada, o jovem percorreu as laterais e teve a impressão de ver um pedaço da parede emanar um brilho azulado, ele indicou a Susan a entrada e ressaltou, como de costume, que se fossem queridos ali, a porta os aceitaria de bom grado.

Eles correram e adentraram a porta embutida na parede envelhecida, o interior da casa não tinha uma aparência mais agradável que a fachada, tudo estava igualmente úmido, escuro e abandonado, mas algo repentinamente chamou a atenção de Anthony, um brilho metálico era emitido por um objeto em cima de uma mesa, ele foi até o mesmo e percebeu que era uma espada, a mais bela que já havia visto, delicadamente adornada por pedras preciosas em sua bainha. O ar estava quase irrespirável e Susan começava a passar mal, eles já haviam decidido ir embora quando outro objeto começou a brilhar, era um disco feito de esmeraldas no qual se discriminava um pequeno relógio central, que tinha uma hora fixa: 0h49min. Anthony sem pestanejar o segurou e o tomou para si.

Susan desmaiou repentinamente e o jovem a aparou por reflexo. Segurando-a, saiu da residência às pressas, passou um pouco de poção de arbusto cristalino nos pulsos da jovem. Susan foi lentamente acordando em seus braços, ela parecia desnorteada, até que se mostrou completamente desperta, Anthony perguntou:

__Está melhor agora?

__Onde estou? - Questionou Susan

__É uma longa história, eu vou chamar um degrau flutuante e te levarei para sua casa.

__Tudo bem, a gente se encontra a manhã na praça da harmonia. Afirmou Susan, cansada.

Eles cruzaram parte do Vilarejo e chegaram à casa de Susan, que era feita de cristais vermelhos e tinha forma de paralelogramo, dona Hilary a mãe da jovem agradeceu Anthony, ela estava ainda com o uniforme do hospital e parecia igualmente fatigada.


O vilarejo e outros enigmasOnde histórias criam vida. Descubra agora