Capítulo 2 - Pesadelos

7.5K 922 179
                                    

Nós tínhamos um plano.

Hastiel, meu pai e eu passamos uma madrugada inteira pensando em como poderíamos escapar daquela prisão.

Sugeri que convidássemos Clarissa para nossa conversa, ela certamente saberia de muitas coisas que eu sequer imaginava. Minha irmã ficou maravilhada com o Original, o suficiente para fazer mais perguntar que ele conseguia responder.

Foi uma noite exaustiva, mas na manhã do dia seguinte nós tínhamos uma esperança.

Papai recebeu uma carta dizendo que os Conselheiros nos visitariam em uma semana, era o tempo exato para colocarmos em ordem tudo o que era necessário sem despertar qualquer desconfiança.

Nós não teríamos forças para enfrentar a quantidade ímpar de Caçadores que nos visitariam e libertar Hastiel das algemas era praticamente impossível. Foi Clarissa quem deu o primeiro passo rumo a nossa esperança:

- Talvez nós possamos sugerir que o ideal é medir a distância de alcance da Flecha Celestial, forçando os Caçadores a levarem Hastiel para um campo aberto.

- Isso não nos livra das algemas.

- Nós sabemos que os instrumentos celestiais enfraquecem o demônio. – ela lançou um olhar a Hastiel. – Desculpe.

- Tudo bem.

- Considerando essa informação, podemos persuadir os Conselheiros que não é possível verificar o potencial da flecha caso Hastiel esteja algemado, o que pode enfraquece-lo.

Olhei para minha irmã impressionada, havia quase dois anos desde o dia que a deixei e caí nas Sombras e parecia que décadas haviam se passado, Clarissa não era mais uma criança.

Hastiel sorriu com serenidade:

- É um bom plano, pode falhar em diversos pontos, mas certamente é o que temos de mais concreto e possível.

- Vamos trabalhar nas falhas e aperfeiçoá-lo nos próximos dias.

- Agatha. – o Anjo olhou para mim. – Você não pode errar a flecha caso esse plano falhe, sua vida é mais preciosa que minha existência.

Não respondi, mas senti o olhar intenso de Clarissa me analisar minuciosamente. Eu não erraria.

Quando subimos as escadas Kristen nos esperava na cozinha:

- Bom dia.

- Bom dia mãe. – Clarissa encenou um bocejo. – Acho que vou dormir.

- E o que estavam fazendo até agora?

David caminhou até ela e abraçou sua cintura, dando um beijo estalado em seu rosto:

- Ensinando as crianças algumas coisas básicas sobre demônios.

- E qual foi a aula de hoje?

A tom na voz de minha mãe começava a me incomodar:

- Estava explicando as pequenas diferenças entre demônios que antes eram humanos e aqueles que caíram e se unem a Legiões.

- Talvez eu pudesse dar uma aula a Clarissa e Agatha também.

- Querida. – o tom na voz de David ficou ameaçador. – O Conselho determinou que você não se envolvesse, acredito que seja melhor nem brincarmos com o assunto, não queremos confusões.

Ela correu os dedos no rosto de meu pai e sorriu:

- Não com uma visita tão próxima.

Senti meu estômago embrulhar e sai da cozinha sem me despedir.

Imortal - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora