Capítulo 5 - Sombras

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Eu estava de volta.

A queda havia me deixado um pouco tonta, minhas pernas ainda tremiam pelo ataque surpresa, mas eu estava ali diante de toda a luz infinita que iluminava As Sombras.

Respirei profundamente e desembarquei.

Não havia ninguém ao redor, a cidade parecia deserta. Como jamais escurecia no reino, talvez as almas estivessem descansando.

Corri em direção ao palácio, conhecia todas as entradas e saídas daquele lugar, seu mapa estava cravado em minha mente.

As escadarias sem fim tomaram conta de meus olhos e meu coração começou a palpitar acelerado pelo pensamento que me assombrava.

Estava longe da casa de fazenda que havia sido minha prisão em mais de um ano, um tempo torturante para quem buscava encontrar paz novamente.

Agora eu estava ali, prestes a revê-lo.

O castelo era familiar e acolhedor para mim, suas paredes em tons salmão e pastel me faziam sentir bem. A morte de Hastiel parecia distante e eu quase podia jurar que o encontraria ao dobrar um corredor.

Cruzei com poucos serviçais em minha subida eterna ao quarto andar, mas nenhum tomou minha atenção por muito tempo.

De repente eu estava em um longo corredor conhecido.

Parei de andar e observei as mudanças que haviam sido feitas. Com bem menos luzes, as luminárias desapareceram e deram lugar a alguns lustres de cor cobre, que combinavam perfeitamente com as paredes em tom bordô e com um carpete escuro.

Não importava, meu quarto estava a poucos metros e ao final do corredor eu teria novamente o prazer de ver duas esmeraldas cintilantes me fitarem.

Caminhei até a tão familiar porta e tentei abri-la, mas estava trancada.

Nada no castelo costumava ficar aberto, até mesmo quando eu vivia naquele quarto costuma tranca-lo para sair.

Eu podia ouvir o ruído do meu coração e comecei a repetir religiosamente que eu estava ali para avisar Lúcifer do perigo que ele corria com os caçadores, para contar da morte de Hastiel e para pedir ajuda, mas meu desejo cegava minha racionalidade.

Precisava vê-lo, necessitava ouvir meu nome em seus lábios.

Caminhei hesitante até a última porta do corredor e respirei profundamente antes de bater duas vezes em sua madeira esculpida.

Nenhuma resposta.

Tentei novamente, mas ninguém deu sinal de vida.

Consegui identificar qualquer traço de barulho no quarto e em um impulso de coragem girei a maçaneta e coloquei minha cabeça por entre a porta.

Antes que conseguisse chamar por qualquer pessoa fui congelada pela cena que encontrava em minha frente.

Lúcifer tinha um mulher morena e voluptuosa em seus braços e ambos pareciam dormir tranquilamente enquanto uma serena música clássica preenchia o quarto.

Senti meu coração partir e continuei observando a cena sem reação. Ele parecia feliz, ela parecia acostumada com aquele lugar bem ali nos braços dO Anjo.

Um anel dourado brilhou na mão que abraçava o corpo escultural da mulher e eu reconheci uma aliança na mão esquerda de Lúcifer.

Ele abriu os olhos e nossos olhares se cruzaram.

Uma perceptível onda de choque tomou conta do rosto dO Anjo e ele saltou da cama sem preocupar-se muito com a morena que poucos segundos antes estava em seus braços.

Imortal - O RetornoOnde histórias criam vida. Descubra agora