Semanas se passaram desde que Clarke enviara a carta para Lexa. E tudo ocorreu exatamente da forma que planejou. A resposta nunca chegou mas em seguida a comandante se posicionou longe de Polis, acompanhada por um grande número de guardas. Nia ordenou que seus guerreiros observassem toda a movimentação do acampamento. A inquietação do ambiente era notável, Lexa sabia muito bem que o alvo era ela e muito mais que isso, a luta era pessoal. Estava sempre a espera de um ataque que nunca chegava. Como vencer um inimigo desaparecido? Algo não parecia certo. Não era do feitio de Nia ameaçar e correr. Tudo estava muito quieto desde o aviso e era mais que clara a posição que Lexa tomou. Não iria arriscar todo seu povo pelos caprichos da mais velha.
Clarke tomava um copo de vinho enquanto esperava o retorno de Nia à tenda. Permanecia praticamente todo o tempo ali planejando o grande ataque ou praticando trigedasleng enquanto vivia sob o disfarce de amante. A idéia de colorir seus cabelos deu certo, usou bargas. Frutinhas que eram muito utilizadas nos tempos antigos. Seu ruivo escuro a deixava quase imperceptível ao olhar dos grounders que chegavam, à chamado de Nia. Desde que tomou a decisão de participar desta guerra, seu humor mudou. Focou toda a raiva, dor e sofrimento naquilo, se tornou seu único objetivo na vida. Não queria pensar no que viria a seguir.
- Cheguei! - Disse Nia ao entrar na tenda. Clarke se virou para ela e ofereceu uma taça de vinho.
- Yu took seintaim long. - Respondeu. As duas compartilharam um sorriso e a mulher pegou a taça.
- Me perdoe, muitas informações novas. E vejo que está melhorando cada vez mais. Em breve não será mais uma garota dos céus. - Nia bebeu o líquido vermelho. Clarke cogitou a possibilidade de já não ser mais uma. Se sentia mais distante de seu povo a cada dia e quão mais próxima dos grounders ficava, mais os compreendia. Talvez aprender sua língua nativa a faria se conectar mais à eles e quem sabe, ao fim desta guerra, pude-se partir para a Nação do Gelo e criar uma nova vida, inclusive identidade. Pensou em tocar no assunto diversas vezes mas preferiu se calar. Não era o momento.
- E quais seriam? - Disse assim que afastou os pensamentos. Nia terminou a bebida e se concentrou.
- Lexa está impaciente com nosso silêncio, completamente perturbada - Clarke considerava sombrio o fato de Nia parecer narrar a mais positiva das histórias quando se referia ao sofrimento de Lexa. Nada poderia deixa-la mais contente do que ter poder sobre a comandante. - Creio que se não agirmos de pressa, ela vai descartar essa guerra e acreditar que tudo não passou de uma travessura minha.
- Lexa não é idiota. Ela sabe que uma guerra virá mas entendo que ela possa recuar com a possibilidade de estarmos a distraindo de algo mais, que de fato estamos. - Clarke balançou a cabeça negativamente e olhou para o mapa. Nia a observou com cautela e desconfiança por alguns segundos antes de falar.
- A forma que fala dela... Tem tanto respeito. É quase como se houvesse sentimentos. - Clarke engoliu em seco. Seu coração bateu rápido. Jamais poderia amar Lexa, estava certa disso.
- Ela é uma boa comandante. Talvez eu não concorde com seus meios mas seu povo é tudo para ela. - Afirmou.
- Pensei que discordasse disso, afinal, está lutando para me colocar no poder pois Lexa não merece.
- Minha única luta aqui é com Lexa, Nia. E sei que para chegar até ela preciso de você e desta guerra. Vingança é tudo que eu quero. - Cuspiu as palavras e se virou. A mulher não parecia convencida. Fazia tempo que reparava a admiração que Clarke tinha pela comandante e isso lhe incomodava mais do que deveria. Ruiva ou loira, a menina era linda. Se esforçava o máximo que podia para não se apaixonar por ela e precisava saber.
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The Wanheda
Storie d'amoreApós o fatídico dia em que Clarke precisou tomar drásticas decisões em Mount Weather, ela se vê isolada do mundo. Enquanto passa os dias se escondendo por sobrevivência, encontra uma mulher misteriosa que irá despertar seu desejo por vingança de Lex...