Cap. 9.: Amizade é o Nome do Meu Povo

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A imagem era desoladora. Os que não podiam ou sabiam lutar levavam apenas os pertences que podiam carregar. A mãe de Burtan abandonou a vila aos prantos acompanhada de seus quatro filhotes menores, o mais velho, Hiha, praticamente puxava a mãe para que continuasse. Todos saíram da vila praticamente correndo. Todos. Dos dez anciões, apenas três vieram com eles. Alguns conheciam as artes mágicas e outros eram velhos caçadores, podiam ser úteis e Zithembe precisava de todas as armas possíveis para resistir tempo suficiente naquela noite escura. O choro da mãe ecoava nos ouvidos de Burtan. Entendia porque ela chorava. Boatengue foi um dos soldados deixados na contingência.

Quinze homens, entre vigias e caçadores, guiavam o povo. Faziam isso rápido e a marcha estava acelerada o suficiente para que conseguissem uma distância segura da batalha. Eles cercavam a tribo, não permitindo que ninguém ficasse para trás. Os feridos ou quebrados encontravam a própria prova de solidariedade e família do povo gato quando os menos ocupados carregavam as macas dos feridos. Burtan e Bombur iam à frente de cavalo guiando o povo entre a floresta, quando saíssem das fronteiras, o Velho Bombur poderia apontar os melhores atalhos que seguissem sem serem importunados pelos selvagens.

Não escutaram nenhum grito, nenhum retinir de espadas, mesmo ouviram os berros dos selvagens na batalha. Aquele combate não era nenhuma batalha em campo aberto ou invasão a um forte. Os goblins e orcs não possuíam senso de organização e simplesmente avançavam irracionais e selvagens. Bombur descreveu em uma de suas histórias a sensação da vítima de emboscadas de orcs: "Você está contando uma piada ou se protegendo da chuva quando um desses malditos salta de algum cipó e o derruba do cavalo. Foi assim na minha vez, um companheiro de viagem meu matou o orc em cima de mim acertando-o uma flecha bem no meio da testa apenas para receber outro orc nas costas. Naquela tarde, eles não paravam de vir. Depois do segundo orc, você achava suficiente. No quinto orc, você quase perdia o fôlego. No nono orc, estava no chão, morto de cansaço".

Não viu Hoya em parte alguma. Pouco importava também. Seu acerto de contas e possivelmente vingança da infância estaria acabado se Zithembe não resistisse. "E isso é quase certo quando ordenou que todos da vila fugissem. Uma imensa contingência Orc e goblin, não um simples bando de caçadores perdido". Bombur interrompeu os pensamentos de Burtan e apontou para algum lugar na floresta.

- Há um penhasco ali. É estreito, mas há uma caverna secreta que nosso povo pode entrar e sair dentro do vale dos Penazul, depois disso, bastam andar uns três quilômetros para oeste e encontrarão a tribo. O grande corredor pode ser vantajoso, podíamos enviar alguns vigias para frente, eles iriam remover as pedras e o último a sair, que feche o portão – o velho Bombur disse, queria manter o bom humor.

- Ótimo, vou à frente checar se há algum arqueiro, pegada ou orc fedido escondido no vale, a pedra fica no final, sim? Tudo bem. Estou indo

Burtan olhou para o céu. Quase seis horas que abandonaram a vila deixando-a na batalha. Perguntava se eles resistiam bem ou se outros povos vieram para ajuda-los naquela batalha. Rezou para Ehlonna que sim.

Um corredor estreito de pedras que permitia que dois cavaleiros andassem lado a lado, mesmo apertados, olhava para cima procurando atiradores e tudo que viu foi apenas pedras e um penhasco íngreme demais para qualquer goblin ou orc permanecer. "Poderiam atirar de cima do penhasco flechas, aí sim seria um massacre". Burtan torceu que eles não conhecessem nenhum caminho tão rápido para aquela parte de cima do monte e prosseguiu. No final do corredor de pedra, estava a saída, uma grande pedra que cinco homens, calculou Burtan, conseguiam mover criava uma espécie de "portão para liberdade". Confiava em Bombur e o deixaria a frente da expedição enquanto Burtan guardava a entrada do corredor, a única entrada provável de inimigos e talvez sua sentença de morte se eles passassem pela área.

O Leão e a ElfaOnde histórias criam vida. Descubra agora