Na manhã seguinte, Nerina encontrou sua cabana vazia. "Por quanto tempo dormi?" os sonhos dos elfos eram diferentes dos demais seres. Eles dormiam menos tempo e recuperavam-se mais rápido. Quando extremamente exaustos, dormiam feito pedras, talvez umas seis horas no máximo. Desde que se juntara aos rebeldes, Nerina manteve o sono leve. Ainda assim não escutou Burt saindo da cama ou mesmo da cabana. "Ainda duvido que ele durma. Esse homem-leão realmente tem muita energia". Vestiu seu manto branco e a coroa com chifres de veado. Olhou-se no espelho, o manto caía de leve no corpo realçando as curvas e seus seios, apenas quem a encarasse de frente enxergaria o cabelo dourado escondido atrás do capuz.
A rainha também usava vestidos que realçavam a beleza do corpo, por que não Nerina? Assim a sua personagem iria espalhar-se com mais facilidade entre a corte. "Os primeiros cativos não eram tão espertos assim" lembrou-se Nerina "Achavam que uma drow de vestes provocantes, no mínimo, iria causar polução noturna. Descobriram que estavam errados". Ela mesma ordenou que castrassem um cavaleiro que não se intimidou com sua aparência. Os boatos espalharam-se pela corte. "Já faz quase três semestres que somos proscritos, faz sentido que tenhamos alguma fama" e o símbolo da Cerva Branca estava cicatrizado no traseiro de pelo menos 20 cativos libertos.
Ao sair da cabana como Cerva Branca, uma drow apareceu.
"Drows não tem amor, apenas ambição. Como algo tão traiçoeiro assim continua existindo?"
- Senhora Cerva – cumprimentou Berl, uma dos sargentos, numa mesura curta. Lembram os subalternos da minha mãe – Aqui está o relatório dos membros da Pequena Leoa. Ao que tudo indica, estarão de volta dentro de quatro dias. Precisamos preparar para tomar ação.
- Ótimo. Como vai o cão da rainha? Mordeu a isca? – Nerina caminhou em direção ao campo de treinamento para checar o estado das tropas.
- Sim, senhora – Berl abriu um sorriso de orelha a orelha – jamais um cão da rainha ignoraria tantas tropas movendo-se através da floresta. O cão deve pensar que estávamos escondidos até agora e que nos dirigimos para encontrar a Pequena Leoa. Ele quer encontrar a Pequena Leoa com duas vezes mais tropas que nós usamos de isca e sim, ele encontrará a Pequena Leoa...
- ...E a Cerva Branca também. Pode apostar os dedos da mão nisso. E também o Cavaleiro Azul, se ele der sorte.
O Cavaleiro Azul era um líder misterioso entre os proscritos. Sua tropa possuía menos homens que todas as outras, mesmo assim sua presença nas batalhas e emboscadas mais decisivas foram essencial para vitória. Para a corte e mesmo os demais membros da Cerva Branca, a tropa de Cavaleiro Azul era uma espécie de elite militar, algo mais além que meros mercenários, talvez uma ordem de cavaleiros, mas apenas os mais espertos e que viram de perto as fileiras do Cavaleiro Azul podem dizer. Nerina sabia o que eles eram. E sabia mais: quem era o Cavaleiro Azul.
Talvez apenas duas sargentos dela tomavam conhecimento sobre a identidade das tropas do Cavaleiro Azul e talvez do seu escudeiro, o Caçador de Preto, mesmo assim para o restante e para quem importava, a identidade permanecia desconhecida.
Os homens que andavam com o Cavaleiro Azul eram cavaleiros e armas juramentadas da Ordem Sagrada da Maça. Um trabalho sigiloso e discreto. A Ordem de Cavaleiros de Saint Cuthbert sempre responde aos alto-sacerdotes da sua fé, que analisam e pesam cada ação. A princípio, Nerina não esperava que seu contato na ordem, uma sacerdotisa chamada Bertha que trabalhou em Westerin (um osso duro e assustador de roer se ela saiu viva de Westerin mesmo, disse Burt) fosse responder a favor. Grande maioria dos Alto-Sacerdotes reprovou a intervenção dos cavaleiros do Caminho do Leão num reino onde perdurava o culto de Saint Cuthbert.
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O Leão e a Elfa
FantasyBurtan e Nerina são um casal inusitado. A história narra o momento que o brutamontes Burtan - um macho do povo-leão das Terras Selvagens, um caçador extremamente hábil, voraz e perigoso - encontra a delicada, sedutora e ardilosa Nerina - uma elfa D...