- Capítulo 6

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Dylan me acordou, com seu focinho gelado nas minha orelhas. Ainda estava cansada demais para levantar da grama fofa que estava encolhida. Mesmo com suas reclamações, me recusava a sair daquele conforto. Depois de 15 minutos daquele jeito, resolvo me levantar, minhas patas estavam muito sensíveis e meu pelo, que estava branco como a neve, agora estava sujo de sangue e terra. Percebo que boa parte dos meus ferimentos cicatrizaram. Depois de estar de pé, vou indo na direção do lobo negro de Dylan, eu paro e ele diz :

" Você só vai se curar mais rápido se estiver como loba. Então vamos para casa e fazer alguns curativos, até que não está tão grave. Vamos, estamos há 25 minutos de casa".

Dito isso, caminho com dificuldade ao seu lado, sempre que eu parava para recuperar o fôlego, ele vinha logo atrás para me dar apoio.

Cheguei acabada, deitei assim que estávamos perto do portão. Enquanto eu estava deitada no chão, Dylan observava seu pai e mais 6 homens, que deviam ser os da alcatéia nos esperando, senti um leve ronco vindo de seu peito, devia ser um rosnado ou algo do tipo.

Me esforçei ao máximo para me levantar e me dirigir a casa. O pai de Dylan me esperava na frente da porta e os demais estavam reunidos na grande sala. Dylan me direciona para seu quarto, enquanto eu subo as escadas com dificuldade, os 6 homens me observam desafiadores, me senti com um pouco de medo dentre aqueles olhares curiosos.

Eu estava deitada na cama de Dylan, ele veio na minha direção, já na forma humana, trazendo uma pequena maleta, que deveria ser de primeiros socorros, dentro dela ele retirou faixas, uma grande tesoura, e um medicamento da cor roxa. Então ele disse para mim:

-- Lobos novatos não se curam mais rápido, como os mais velhos, então você deve ter cuidado com qualquer machucado, portanto quero que você fiquei parada. Esse medicamento vai arder um pouco, mas depois refresca. -- dito isso, ele olha nos meus olhos com ternura.

Eu estava meio incomodada com o fato dele cuidar dos ferimentos, mas depois relaxei aos seus toques. Ele havia limpado meu pelo com um pano úmido, para tirar a terra misturada com o sangue já seco, caso houvesse uma infecção. Depois ele passou o medicamento roxo nas minhas costas e na minha pata dianteira e depois enrolou em faixas.

Depois de 1 hora cuidando de mim, Dylan diz para eu dormir e descansar. Eu fecho os olhos e só escuto o barulho de seus passos indo em direção da sala. Havia muito barulho de vozes vindo da sala, e não estavam conseguindo dormir, então só me concentrei para ouvir o que eles falavam. Só ouvi as seguintes frases:

" Se ela continuar fraca e sensível, não poderá fazer parte da alcatéia. Não queremos membros inúteis".

" Ela ainda tem que fazer a passagem, vocês sabem que todo lobo novato passa pelo ritual"

" Se ela não conseguiu abater um alce talvez nem participe da caçada "

Dentre tantas palavras eu adormeci exausta.

Acordei com o sol na janela, estava um dia lindo e ensolarado. Me estiquei na cama fazendo minhas garras parecendo como a de um felino e minhas costas estalaram por toda a extensão da minha espinha. Sai da cama e me dirigi a sala, onde havia 8 homens reunidos na grande sala, dentre eles Dylan, e havia um enorme mapa no centro da mesa. Quando Dylan me viu, me dirigiu um sorriso e disse:

-- Estamos fazendo uma reunião, se quiser pode participar. -- diz ele me chamando.

Eu passo entre os homens, que observavam cada movimento meu, e me dirigo perto de Dylan. Quando sento, o pai de Dylan se dirige a mim dizendo :

-- Creio que não nos conhecemos formalmente. -- diz ele como um pedido de desculpas na voz. -- Eu sou Logan Macoll. Sinto muito por ter agido com grosseria com você.

Eu apenas assenti com a cabeça. Então os 6 homens começam a se dirigir a porta. Um deles apenas se vira e diz:

-- Mais tarde falamos do assunto. -- diz saindo.

Eu estava com fome, tanto que até meu estômago de loba roncou, Dylan percebendo isso, foi na geladeira e pegou um enorme pedaço de carne crua, e disse para mim:

-- Você precisa de proteínas e vai ter que comer cru, eh carne de cervo, você vai gostar. -- diz ele colocando o enorme pedaço num prato e me entregando.

Eu apenas cheirei e dei uma mordida, a carne era macia e deslizava facilmente na minha boca. O gosto realmente era bom. Dylan sorriu e disse :

-- Vou tomar um banho. Depois você vai se transformar em humana, seus ferimentos já cicatrizaram. -- diz subindo e indo em direção ao quarto.

Eu estava aceitando a realidade de ser uma garota loba ou algo do tipo. Graças a Dylan eu estava me adaptando a esse mundo. Eu estava na varanda da casa quando Dylan me chamou:

-- Mah? Está tudo bem? -- disse preocupado.

Inclinei a cabeça como um sim, então ele me levou para seu quarto, dizendo:

-- Essa parte eh meio difícil do que se transformar. Você tem que ficar mais relaxada possível e pensar em nada.-- dito isso, eu fecho meus olhos e me concentro. -- Agora pense em você humana e se transforme em uma.

Com os olhos fechados desejei voltar a ser humana. Dito e feito, meu corpo começou a tremer e senti a dor intensa quando minhas juntas e articulações se reorganizavam no meu corpo. Eu estava no chão nua, Dylan apenas me cobriu com um fino cobertor, dizendo:

-- Não se preocupe, eu não vi nada. -- disse ele, mas pude sentir um sorriso na canto da sua boca.

Enrolada no cobertor, ele me dirigiu a um quarto de hóspedes. Havia apenas uma cama grande com um armário, que tinha um grande espelho ao lado, e as paredes eram azul claro. Então Dylan disse :

-- Esse eh seu quarto agora. Eu ainda não comprei roupas para você. -- diz ele ressentido.

Entendo a situação e apenas assenti a cabeça e disse:

-- Tudo bem Dylan -- acho que era a primeira vez que falava o nome dele -- Dormir uma noite nua não mata ninguém-- disse rindo, e ele também.

Ele me deu boa noite e saiu. O quarto tinha seu cheiro, sandâlo, provavelmente ele dormiu ali quando eu estava em seu quarto. Eu nunca havia dormido nua, e aquilo foi estranho para mim. Mesmo com os olhos fechados, eu não estava conseguindo dormir e tinha quase certeza que Dylan também. Eu estava olhando para o teto da parede e ele devia estar fazendo o mesmo. Me virei de lado, fechei os olhos e pensei nas coisas que haviam acontecido de ontem para hoje... dormir como loba ao lado de Dylan, caçar um alce, comer carne crua e ficar nua. Adormeci nesses pensamentos.

AlcatéiaOnde histórias criam vida. Descubra agora