"A menina quer entrar e ir ter com o Brownie à frente da sala dele?"
Olho para May séria. "Não sei." respondo simplesmente.
"É impressão minha ou a menina anda a evitar estár com o Brownie?" Encolho os ombros, tentando dar uma resposta qualquer. "Mas não devia, ele gosta mesmo de si. E a menina parecia gostar dele."
"Eu não sei se gosto. Eu não sei o que é gostar. Eu não sei nem metade do que devia saber com esta idade." May suspira.
"Sabia que iria responder isso. Eu compreendo. Eu acho que Brownie está apenas à procura de alguém que o possa amar tal como a sua mãe e a sua irmã faziam quando aqui estavam." May olha para o teto do carro e solta uma cara um tanto preocupada.
A irmã que eu matei. O sofrimento que eu lhe causei. Não posso continuar assim! Não posso arruinar as vidas das pessoas e continuar como se não fosse nada nem posso simplesmente culpar na minha "doença". É a minha doença, é minha responsabilidade sofrer as consequências do que eu faço!
"Eu não vou lá dentro mesmo, mas fico à porta, vou esperar lá pelo Brownie." Informo-a. Ela destranca o carro e eu saio.
Ando apenas o suficiente para ficar à frente de uns portões que felizmente estavam abertos. Algumas pessoas estavam no jardim da entrada e por isso eu limitei-me a encostar-me ao muro dos portões mas do lado de dentro na universidade. Reparo que algumas pessoas olham para mim, para não parecer tão suspeito ando até uma exposição que se encontra a apenas uns metros de mim. À medida que me aproximo reparo que a tal "exposição" é composta básicamente por fotografias. Em cima, em letras bem grandes está escrito "Espírito Jovem".
As fotografias são de pessoas normais a brincar com legos e típicas "coisas de criança". Olho ligeiramente para o lado e reparo que as raparigas que antes estavam a olhar para mim estão se a dirigir a mim. Começo a assustar-me um pouco com o pensamento de ter de falar com elas. Volto a focar-me na exposição.E ao mesmo tempo que repáro numa fotografia que me deixa um pouco enjoada, uma mão toca-me.
"Olá, desculpa estár a incomodar mas, por acaso eu conheço-te?" Uma rapariga pergunta-me enquanto eu continuo simplesmente a olhar para ela sem saber o que dizer ou como reagir.
"Ermm... Hayley, tu devias ver isto." a outra rapariga fala.
'Hayley', como ela supostamente se chama, larga-me e olha para a fotografia que eu vi antes de elas me chamarem. "Oh meu deus!" Alguma delas acaba por dizer. Viro-me para elas também a olhar para aquela fotografia minha a andar nos baloiços de hoje de manhã. Ao lado dessa encontra-se outra fotografia de mim a jogar à macaca.
Sinto a minha cara a ficar vermelha de embaraço e de raiva. Não acredito que isto aconteceu!"Oh meu deus, peço desculpa! Não sabia que estavas numa das fotografias do nosso trabalho! Desculpa." Hayley desculpa-se.
"F-foram vocês que tiraram esta fotografia?" digo de uma forma mais calma do que eu esperava.
"Bem... não, acho que foi o Mark que tirou essa fotografia." Elas olham para mim preocupadas.
"Okay. Okay, okay, okay. Onde está esse Mark?" Pergunto-lhes um pouco mais irritada.
"Nós... nós podemos te levar até ele, se quiseres."
Aceno positivamente. Elas olham preocupadas uma para a outra enquanto me guiam até ao rapaz. Passamos as portas que dão mesmo para dentro da universidade. Andamos durante algum tempo e subimos umas escadas. Se agora tiver de sair daqui sozinha vou me perder, yay. Elas páram, à frente de uma sala.
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silence ➳ fictional story
Teen FictionPessoas dizem que eu sou autista. Pessoas dizem que sou anormal. Pessoas dizem que tenho amnésia. Pessoas dizem que tenho problemas ou deficiências. Pessoas também dizem que sou psicopata. Pessoas. As pessoas conseguem destruir tudo apenas com palav...