Depois de breves momentos assim, apenas abraçada ao rapaz desfiz o abraço tão confortavel. Ele olhou-me um bocado confuso. Apontei para o pulso, tentando saber as horas.
"São quase 22h." levanto-me e preparo-me para deixar aquele quarto e ir para o meu mas ele agarra-me o braço. E pela primeira vez não me fez confusão tocarem-me.
Olheio nos olhos, mas desvio logo o olhar. Não consigo olhar uma pessoa nos olhos durante muito tempo, faz-me imensa confusão.
"Já vais? Vais onde?" Viro-me e ando rapidamente até ao meu quarto. Quarto número 302. Ele segue-me a sorrir.
Entro primeiro e ando para o lado, para ele passar por mim e ver o meu estranho quarto. Brownie entra com um sorriso na cara, pelo meu quarto a dentro, mas depressa o seu sorriso cai. Ele olha em volta e depois os seus olhos encontra-me me a sorrir estranhamente. Ele anda até ao meio do quarto.
"Como..? Como é que tu..?" ele tenta formatar uma simples pergunta. Ele roda em torno de si mesmo, de forma a ver o quarto todo e a minha "obra prima".
Números, fórmulas matemáticas, sinais... Por todas as paredes, escrito com giz, canetas e até tintas. Todos os dias a enfermeira May passa pelo meu quarto para me fornecer mais giz, tinta e as canetas que precisar.
"Tu és um génio na matemática. Tu és genial, Violet." ele diz enquanto se aproxima de mim, agarrando os meus ante-braços, juntando, um pouco mais os nossos corpos. "Tu és esperta. E desististe da escola, pela tua doença." solto-me dos braços dele e ando lentamente até atrás dele.
"Do-doença-ca? É pena, nã-nã-não é? To-toda a gente aqui é do-doente. É um jogo mate-mate-matemático." digo antes de me sentar na minha cama, fazendo movimentos com as mãos. "Matemática" olho-o nos olhos e sorrio preversamente antes de entrar numa enorme dor de cabeça. Grito, bem alto. Ouve-se um grande alarilho fora do corredor.
Começa tudo a escurecer. O meu quarto começa a ficar mais pequeno. Olho para baixo, e vejo a cidade toda. Sinto-me quente, e sinto como se tivesse coisas a rebentar na minha cabeça. Agora tenho uma vista de mim mesma. Altos começam-se a formar na minha testa e na minha cara e a rebentar lentamente. O sangue, vermelho vivo e quente, escorre pela minha cara até cair na cidade, onde será invisível. Olho para o meu corpo. Um tecido resistente aperta-me, não me deixando mover. As minhas mãos dão uma volta à minhas sintura, cruzando-se, e separando-se para caminhos diferentes. A temperatura aumenta drásticamente. Sinto como se tivesse de fugir de alguma coisa ou alguém. Como não me consigo mexer solto gritos extridentes a pedir que me soltem. As luzes começam-se a apagar atrás de mim.
Grito enquanto, rapidamente, o medo começa a tomar conta de mim. Um chora incondicional controla-me, enquanto vejo uma sombra a aproximar-se rapidamente de mim. Uma figura assustadora pára a meros centimetros de mim. Fexo os olhos com força, tentando que tudo desapareça.
Acordo, lentamente, na minha cama. A meu lado está a enfermeira May, a olhar para mim. Ela sorri.
"Vejo que já acordou. Sabe, os seus "pesadelos" estão cada vez a ficar mais... hum... como é que eu ei de dizer?" ela pergunta-se a si mesma. Depois de alguns segundos ela encontra a palavra que procurava. "Assustadores e nítidos. Eles estão, como se tivessem a ficar mais poderosos. E isso é dado a um medo qualquer que tenha. Talvez ainda não se tenha aprecebido desse medo, ou alguma coisa parecida. Mas, há alguma coisa que a preocupa?" ela pergunta.
Obviamente não responderei, mas vou ter a pergunta dela na minha mente, e pensar se realmente alguma coisa me preocupa.
"Bem, o Brownie está lá fora à espera para a ver. Posso mandá-lo entrar?" assinto com a cabeça positivamente. Ela levanta-se a sorrir e abre a porta.
Brownie entra e a enfermeira May fecha a porta atrás dele, deixando-nos a sós. Ele vem até mim e senta-se na ponta da cama.
"Sabes, eu estive a falar com a enfermeira May. E ela contou-me sobre os teus "pesadelos" estarem a ficar mais fortes." ela diz, a olhar para baixo. "E eu pensei que podia ser por teres algum tipo de medo ou alguma coisa que influenciasse essas ilusões. E eu só queria saber se há alguma coisa. Provavelmente não me vais respoder a mim, mas se houver alguma coisa, por favor diz à enfermeira May."
Sorrio e pouso a minha mão na dele, tentando sossegá-lo. Depressa retiro-a e escondo-a debaixo da minha outra mão.
"A enfermeira May também me disse que tu nunca tinhas levado mais ninguém ao teu quarto. Sinto-me honrado em ter sido o primeiro." Brownie olha para mim e ri. Tento perceber o motivo daquela pequena gargalhada. "É que parece que acabei de te tirar a virgindade. "Sinto-me honrado em ter sido o primeiro". Parece um bocado não é?" ele ri mais uma vez e olha para mim. Sorrio-lhe e ele retribui.
A verdade é que ele é estranho. Apesar de eu não falar com ele, ele continua a tentar.
"Alguma vez contas-te a alguém as tuas ilusões?" ele pergunta. "Eu acho fascinante... hum... tudo. Sim. É simplesmente fascinante como tudo funciona. E como vocês vêm as coisas de maneira diferente. E como o vosso cérebro funciona. Eu gostava de aprender mais sobre vocês. Gostava de te perceber." ele sorri. Em consequência sorrio também. "Olha. hum, eu peço desculpa, mas hum, eu tenho d ir, já se faz tarde." ele desculpa-se. "Amanhã estou cá outra vez." ele garante-me. Brownie anda até à porta mas pára. Ele manda-me um pequeno sorriso envergonhado e fecha a porta atrás dele.
E assim sou deixada outra vez sozinha no meu quarto.
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silence ➳ fictional story
Novela JuvenilPessoas dizem que eu sou autista. Pessoas dizem que sou anormal. Pessoas dizem que tenho amnésia. Pessoas dizem que tenho problemas ou deficiências. Pessoas também dizem que sou psicopata. Pessoas. As pessoas conseguem destruir tudo apenas com palav...