A quinta feira feira de manhã foi repleta de risos entre os irmãos e o moreno. Após o almoço Rafael que vivia mais no apartamento do irmão mais velho que no seu próprio mais uma vez os deixou para se enfiar no apartamento de certo jogador de futebol que segundo ele, estava ajudando num processo de quebra de contrato entre o clube esportivo e o jogador ferido.
Depois enquanto Miguel trabalhava no computador e em alguns papéis atrás de uma escrivaninha em estilo antigo, Aze lia um dos muitos livros que o mais velho possuía confortavelmente deitado no sofá do escritório particular trocando de vez em quando impressões sobre o livro e sobre a vida com o louro ocupado.— Miguel se você é rico por que tem que trabalhar?
O louro sempre ria das perguntas sem cabimento do moreno e dessa vez não foi diferente.
— Até os ricos trabalham de vez em quando, já ouviu falar que é o olho do dono que engorda o boi?
— De mais meus irmãos e eu escolhemos quando ir aos escritórios na empresa e preferimos na maior parte do tempo trabalharmos em casa.— Hum sei, e no que vocês trabalham?
— Bem nós temos ocupações distintas, sou formado em administração e contabilidade, o Gab é publicitário e o Rafa advogado jurídico esse edifício foi o nosso primeiro projeto como sócios, nós sempre tivemos mais dinheiro do que era possível gastar, nossos pais eram de famílias tradicionais e abastadas. Quando mamãe morreu herdamos muito dinheiro e varias propriedades, incluindo o terreno onde hoje está o Paraíso...
— Quantos anos vocês tinham quando aconteceu... quando a mãe de vocês...
O louro desistindo do trabalho levantou se e caminhou até Aze dando um toque aos pés do moreno indicando lhe que sentasse, se acomodou numa ponta de modo que ficasse quase de frente ao outro, suspirou.
— Eu já cursava a faculdade tinha dezenove, o Gab tinha acabado de completar quinze e o Rafa apenas doze...
— Desculpa Miguel eu não devia... não precisa falar sobre isso se te incomoda...
— Está tudo bem Azazel, nada mais justo você saber sobre nossas vidas já que eu sei tudo sobre a sua...
— Como conseguiu saber tanto sobre a minha vida?
— Você é um mágico, feiticeiro, vidente?— Quando se tem muito dinheiro muitas mágicas acontecem! — deu de ombros.
— Voltando ao assunto, talvez queira saber um pouco mais sobre o Gab...
— O caso é que me sinto responsável pelos meus irmãos antes mesmo da mamãe nos deixar, foi uma época dolorosa para todos nós, vê la perder a batalha para o câncer aos poucos e descobrir que por mais que ela insistisse em dizer que eramos seus anjos e que podíamos fazer qualquer coisa se acreditassemos, não eramos capazes de nem que implorassemos a Deus aliviar suas dores e curá la daquele mal.
— Prometi a ela uma semana antes que cuidaria dos meus irmãos como se fossem meus próprios filhos e quando aconteceu eu estava em época de provas na faculdade, cheguei em casa no meio do velório e parti de volta a faculdade assim que sua sepultura foi lacrada acreditando que o nosso pai cumpriria seu papel e estaria com meus irmãos para o que desse e viesse me desobrigando da responsabilidade e da promessa de olhar por eles, mas não foi o que aconteceu...
— Nosso pai mal parava em casa, estava sempre trabalhando viajando a negócios e os meus irmãos quando mais precisavam de amor e atenção ficavam sozinhos e acabavam descontando suas frustrações e seus medos um no outro, brigavam feito cão e gato mas isso eu só vim a saber por uma antiga criada uns três meses depois quando tomei coragem pra voltar pra casa num dos finais de semana e enfrentar a dor da saudade daquela que nos deu a vida.
— O pior aconteceu quando o Gabriel aproveitando minha estadia em casa, comunicou ao jantar que estava namorando... namorando um garoto a reação do nosso pai que vinha de uma família conservadora não foi nem um pouco agradável, gritou uma ordem ao Rafael para que se retirasse e desabou sobre o Gab todas as ofensas que nenhum pai tem o direito de proferir, e eu... eu fiquei alí ouvindo tudo sem saber o que fazer. Só saí do meu estado inerte quando aquele senhor que eu não reconhecia partiu para cima do meu irmão, depois de muitos gritos de ambas as partes chamei lhe a razão ou quase uma vez que dalí em diante mesmo morando sobre o mesmo teto, meu irmão parecia invisível aos olhos do nosso pai. Ambos deixaram de se falar, me envergonho de dizer que todas as vezes que voltava pra casa em visita era recebido por nosso progenitor com todo o carinho que na minha ausência era destinado apenas ao Rafael. Talvez por isso, mas só o Gab pode dizer com certeza, ele tenha se apegado tanto ao outro garoto que hoje ainda é o seu amante, confesso que o conheci e jamais simpatizei com ele, sempre teve meu irmão onde queria sem nada a não ser ilusão dar lhe em troca. Quando uma única vez tentei lhe abrir os olhos, quase o afastei de mim, nada posso fazer, nem lhe direi quem é o homem pois isso só cabe ao Gab revelar, não quero jamais voltar a desagradar o meu irmão...
— Tudo realmente teve o seu fim ou um novo começo quando o Gab passou para a faculdade e aceitou dividir um apartamento comigo, numa certa tarde atendi um telefonema desesperado do meu irmão menor, brincadeira do destino, meu pai chegando mais cedo de uma de suas inúmeras viagens a trabalho flagrou o Rafa enroscado com um garoto no sofá da sala. O Rafa tinha corrido com o garoto e me ligava da casa deste implorando para que eu o fosse buscar tão amedrontado estava com o papai.
— Quando em companhia do Gab eu apareci em casa para conversar com o velho, toda a ira dele foi mais uma vez lhe destinada. Gritava acusando o Gabriel de ter corrompido o irmão menor, que toda a culpa era dele e somente dele por ter infectado Rafael com a doença podre que o acometia! Mais uma vez por conta de gritos e de quase matar o meu próprio pai asfixiado consegui que ele me passasse toda a responsabilidade sobre o Rafa, ele estava com dezesseis anos...
— Por isso nada mais me importa senão a felicidade deles, até mesmo aprendi a cozinhar e os fiz prometer que pelo menos uma vez ao dia nos sentaríamos a mesa e partilhariamos a refeição como a família que somos e acho que acabei por incutir para sempre na cabeça deles que somos mesmo anjos como mamãe nos dizia, alivia minha culpa as vezes...
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Como conquistar um gay milionário
RomanceO quê você é capaz de fazer quando está desesperado e não vê mais nenhuma luz no fim do túnel? Azazel um cara normal e desempregado resolve dar o famoso golpe do baú e se ele não é o tipo que vira a cabeça da mulherada, vai investir nos homens nem q...