Uma Esperança

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   Passei meu dedo pelo gatilho e todas as coisas que já deram errado em minha vida passaram pela minha mente. Encostei com mais força, quando repentinamente, alguém tocou minha campainha.

   Não sei se foi algo bom ou ruim, mas meu corpo tremeu com o susto, quase que fazendo com que o gatilho fosse puxado por engano. Deixei o revólver em cima da cama e fui atender a porta, já que a coragem havia saído de mim. 

- Pedro! - Falou um homem baixo, asiático, de cabelos negros que cobriam parcialmente seus olhos azuis. - Faz muito tempo que não vejo você...

- Fábio! - Quase gritei ao vê-lo. Fábio era um amigo de infância que eu não via há anos. - Pode entrar...

   Nos sentamos no sofá da sala, um de cada lado de Bob. O descendente de asiáticos tinha passado algum tempo viajando pela América Latina. 

- Eu soube do que aconteceu... - Disse ele, dessa vez com um tom mais calmo. - Se você precisar de alguma coisa... qualquer coisa... é só falar...

- Eu... - Hesitei, mas precisava desabafar com alguém. - Eu não aguentei, e até você tocar essa campainha... tinha uma arma encostada na minha cabeça, esperando para ser disparada...

- Você ficou louco? - Gritou ele, segurando meus ombros, fazendo com que o cachorro saísse do sofá. - Você tem todos os motivos do mundo para estar traumatizado e depressivo, mas eu não vou te deixar morrer!

- Eu concordo com você... - Admiti. - Foi um erro, um erro sem tamanho... nem sei se eu conseguiria puxar aquele gatilho.

- Conseguindo ou não, agora eu estou aqui, e não vou deixar você fazer isso. - Falou ele, sem a mínima dúvida de cada uma das palavras que proferia. - Eu iria ficar na casa da minha mãe por um tempo, já que cheguei da Colômbia há poucos dias, mas você precisa de ajuda... então eu vou ficar aqui por um tempo, e não adianta contrariar.

- Já faz mais de um mês e eu não consigo tirar aquele acidente da memória... - Falei, olhando pela janela, distraidamente. - E já que você cozinha tão bem, pode ficar...

   Forcei uma risada, mas ele sabia que eu estava um pouco melhor. Eu precisava tanto de um amigo, que não cheguei a lembrar de Fábio, que sempre esteve ao meu lado quando precisei.

- Agradeço pelo reconhecimento... - Disse ele, dando um tapa de leve em minhas costas. - Eu vou passar na casa da mamãe daqui a algumas horas, pegar as poucas roupas que trouxe e volto para cá... 

   O asiático se levantou e andou até a porta, enquanto eu o acompanhava. Antes que ele pudesse alcançar a maçaneta, o computador fez um breve e agudo som, me avisando que um e-mail havia chegado.

- Quem usa e-mail hoje em dia? - Perguntou o moreno, enquanto eu andava até o notebook e checava de quem tinha vindo a mensagem eletrônica.

- Esse e-mail é da... - Falei, sem acreditar no que meus olhos viam. - Teresa...

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