Eu estava completamente destinado a voltar lá, e fazer o que não tive coragem de fazer da última vez. Mas agora, depois de descobrir que existia alguma chance de Ana não ter morrido naquele acidente, tudo se iluminava.
No mesmo dia, Fábio e eu fomos até a casa de Augusto, que era mais um de nossos amigos de infância. Ele vivia no centro de Porto Alegre, então chegamos em poucos minutos.
- É aqui? - Perguntei, parando o carro no local que o GPS apontava.
- Exatamente... - Respondeu o asiático.
Descemos do veículo e entramos no velho prédio. Fomos rumo ao elevador e apertamos o botão do quarto andar.
- Você tem certeza de que ele é confiável? - Perguntei, apreensivo, enquanto subíamos lentamente os andares.
- Sem sombra de dúvida! - Respondeu ele, tão rápido que sua voz saiu muito aguda. - Augusto me deve alguns favores, por negócios que fiz por ele enquanto estava no Equador...
- Espero que a prestação dos serviços dele se estendam até a Europa. - Falei e dei uma risada fraca.
As portas de metal se abriram com um leve rangido, que me fez dar um passo para trás. Sempre tive claustrofobia, portanto elevadores nunca foram os melhores lugares do mundo para mim.
- Medinho? - Perguntou Fábio, empurrando levemente minhas costas para frente, me fazendo andar.
- Quarto 435? - Falei, tentando mudar de assunto.
- Isso mesmo. - Respondeu o asiático. - Pode ir na frente...
Chegamos na entrada do apartamento 435, então bati na porta três vezes.
- Será que ele... - Falei, quando fui interrompido pela porta que abriu lentamente com um rangido.
- Quem são vocês? - Perguntou uma morena de camisola, com seus grandes seios parcialmente visíveis, aparentando ter cerca de 20 anos, que ficou nos encarando por alguns segundos. - Eu estou ocupada...
Se eu não estivesse tão animado com a possibilidade de Ana estar viva, até me importaria mais com tal presença, mas nada mais passava pela minha mente.
- Queremos falar com o Augusto... - Disse eu. - Ele está?
- Vou chamar ele. - Respondeu ela rapidamente. - Entrem.
Ao entrarmos, ela apontou para um sofá e entrou por uma porta, que imaginei que fosse o quarto. Depois de alguns minutos olhando para o chão, um loiro com a barba mal feita, aparentando ter duzentos quilos entrou na sala.
- Fábio e Pedro! - Disse ele, com uma voz muito grave. - Não vejo vocês desde sua despedida de solteiro, Pedro...
- Péssimo último encontro. - Falei, e rimos.
- Mas o que vocês vieram fazer aqui? - Perguntou ele. - Conhecer a Karen?
- Não, eles não vieram por mim... -Gritou ela de algum outro cômodo.
- Na verdade, nós viemos porque estamos com problemas... - Disse Fábio, em um tom mais baixo. - Preciso cobrar aquele favor...
O loiro ficou visivelmente apreensivo, mas continuou sorrindo.
- Que tipo de problemas? - Perguntou ele.
- Fui para a Alemanha, fui torturado, espancado, arrancaram meu dedo, estupraram minha mulher e passei um mês achando que ela tinha morrido... - Respondi, acrescentando um sorriso.
- Meu Deus. - Disse Augusto, com os olhos quase saltando para fora das órbitas.
- Agora descobri que ela pode estar viva, e sei quem fez tudo isso... - Prossegui.
- Precisamos que você rastreie o remetente de um e-mail, e nos indique um fornecedor de armas na Alemanha, trabalho simples... - Disse Fábio, tentando fazer tudo parecer mais complicado.
- Ótimo! - Gritou o loiro, animadamente. - Um pouco de emoção, finalmente!
- Então você vai nos ajudar? - Perguntei, sem entender muito bem a reação dele.
- Mas é claro! - Respondeu ele.
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Muito Mais Que Uma Viagem
AbenteuerContinuação de "Apenas Uma Viagem" Até onde você iria por amor? O que você faria para resolver um problema que você mesmo provocou?