Uma Partida

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   Os raios de sol entravam pela janela da frente, fazendo com que a casa ficasse iluminada. Eu tinha passado a última noite em claro, já que o dia da viagem havia chegado.

- Vamos, já está na hora de sairmos... - Falou Fábio, ligando a luz do quarto. 

   Colocamos algumas roupas na mala, junto com as coisas que compramos no dia anterior, e colocamos tudo no carro. Eu dirigi desse vez, pois passaria antes na casa de minha mãe, para me despedir e deixar Bob, sem que o asiático soubesse.

   Ao chegar na casa, desci do carro e levei o cão pelo pátio florido até chegar na porta. Bati duas vezes, e logo a simpática senhora veio me receber.

- Bom dia, meu filho! - Disse ela, me abraçando.

- Bom dia, mãe... - Respondi, tentando evitar uma despedida mais dolorosa do que já poderia ser. - Eu estou indo viajar, e não sei se voltarei logo, então eu queria deixar o Bob aqui...

- Claro, eu cuido dele... - Falou mamãe, com a mesma feição sorridente de sempre. - Boa viagem, Deus te proteja.

- Eu te amo, mãe... - Disse eu, voltando em direção ao carro, sabendo que esse poderia ser nosso último encontro.

- Ele iria com a gente, Pedro! - Disse Fábio, sem entender porque eu tinha deixado Bob ali.

- Um cachorro não é útil no meio de um tiroteio. - Respondi, sabendo que o animal não sobreviveria.

   Dirigi até o aeroporto, deixando meu carro no estacionamento e as chaves no mesmo armário de sempre. As passagens já estavam compradas, então só foi preciso fazer o checkin e esperar por algumas horas.

- Repassando o plano... - Falei, baixando a voz. - Chegamos em Berlim, alugamos um carro, compramos as ferramentas, e então vamos até Lahr...

- E torcemos para que a polícia não nos pare em momento algum. - Completou Fábio.

- Pense positivo! - Falei, tentando animar o asiático.

   Algum tempo depois, o avião chegou, então embarcamos. Sentamos na janela, no lado esquerdo da aeronave, onde passaríamos as próximas horas.

- Finalmente! - Falei, depois de quase vinte horas, desembarcando em Berlim. 

   Aquela cidade me trazia as piores lembranças possíveis, mas eu tinha que ser forte, pois só assim poderia mudar alguma coisa. 

- Onde podemos alugar um carro? - Fábio perguntou, sabendo que eu já conhecia o percurso.

- É por aqui... - Falei, andando para a esquerda, depois de sairmos pela porta da frente do aeroporto.

   Depois de cerca de duzentos metros de caminhada, chegamos a um prédio de dois andares que ficava ao lado de uma garagem. Lá, alugamos um carro em nome do asiático.

- Quer dirigir? - Perguntei, torcendo para que concordasse.

- Tudo bem. - Respondeu ele. - Se puder colocar o endereço no GPS, eu agradeceria...

   Fiz isso, então ele dirigiu até o endereço do fornecedor indicado por Augusto. O lugar ficava entre vielas com prédios altos, o que me deixava levemente apreensivo.

- Deve ser aqui... - Falei, enquanto o asiático diminuía a velocidade.

   Descemos do veículo e andamos até a porta de metal que ficava no centro do prédio. Hesitei em me aproximar, mas era nossa única opção.

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