Acordamos repentinamente com uma buzina e uma freada, logo antes do som de uma batida forte. Assustados, olhamos para fora e vimos dois carros extremamente amassados, de lado na pista.
- Meu Deus... - Disse Ana, com os olhos semicerrados.
Fábio, que estava no assento do motorista, pegou seu celular e ligou para a emergência, lhes avisando do ocorrido.
- Deveríamos ficar aqui, esperando as autoridades? - Perguntou ele, colocando seu banco de volta ao lugar original. - Tenho coisas importantes a fazer.
O encarei por alguns segundos e a resposta não precisou ser dita. Felizmente, em poucos minutos o resgate chegou.
- Agora podemos ir? - Perguntou novamente o asiático.
- Tudo bem... - Respondi, com um suspiro, enquanto me movia até o banco de trás. - Mas você já sabe o que acontece se estiver com pressa, não sabe?
- Aquilo. - Completou a ruiva, apontando para as duas pessoas na outra lateral da pista, cobertas por uma manta prateada.
- Acho que entendi... - Falou ele, com uma expressão confusa.
O moreno deu a partida no carro, então seguimos nossa viagem. Acordar daquela maneira não foi bom, mas nos chamou de volta à vida real.
- Hoje vamos encontrar a nova namorada do Fábio? - Perguntou Ana, com uma risada.
- Eu conheço ela há uma semana! - Respondeu ele, fingindo certa ofensa.
- Isso não respondeu minha pergunta... - Prosseguiu a ruiva, escorando sua cabeça em meu ombro. - Vamos a encontrar hoje?
- Se tudo correr bem, vamos... - Afirmou o moreno, reticente.
Algumas gotas escorriam lentamente pelos vidros do carro enquanto Ana pegava no sono, deitada em meu colo. Talvez, tudo estava realmente tranquilo.
- Chegamos... - Disse o asiático algumas horas depois, me tirando do transe em que estava, observando pela janela a chuva a cair.
Ele levou o carro até o estacionamento que ficava ao lado do restaurante, parando na vaga mais afastada da estrada.
- Judith que me aguarde. - Falou o moreno, rindo.
- Então o nome dela é Judith?! - Ana disse, enquanto abria os olhos e se sentava novamente.
- Você não estava dormindo? - Perguntei, olhando em seus olhos e deixando um sorriso escapar.
- Acordei há alguns minutos, mas minha ideia inicial não era sair dali. - Respondeu ela, me beijando.
- Vou sair daqui logo. - Comentou Fábio, abrindo a porta do carro e indo até a porta do restaurante sob a fina chuva que caía.
- Deveríamos ir também... - Sugeri, abrindo a porta e estendendo minha mão em direção à ruiva.
Ela tirou o casaco que eu vestia e colocou sobre sua cabeça, com intenção de se proteger da água.
- Abusada. - Proferi lentamente, rindo.
Saí do veículo antes de Ana, que logo me seguiu. Entramos no estabelecimento e vimos que o asiático já estava sentado em um dos bancos mais próximos ao balcão, observando alegremente a moça que estava do outro lado do da bancada.
- Pedro, pode vir aqui um segundo? - Pediu ele, sem tirar os olhos de Judith.
Andei até o lugar onde o moreno estava e ele se aproximou de meu ouvido.
- Eu estava "conversando" com ela e... - Falou ele, fazendo aspas com os dedos, nervoso. - Judith volta para o Brasil comigo se...
- Prossiga... - Disse eu, começando a perder a paciência.
- Grupal. - Continuou Fábio, como se retirasse toneladas de suas costas. - Nós quatro.
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Muito Mais Que Uma Viagem
AventuraContinuação de "Apenas Uma Viagem" Até onde você iria por amor? O que você faria para resolver um problema que você mesmo provocou?