Desconhecida

Capítulo 1

Eu me levantei abruptamente logo quando minha consciência voltou a funcionar. Eu estava respirando com dificuldade como se tivesse subido uma montanha enorme agora há pouco.

Coloquei a mão em minhas bochechas e as senti demasiada molhadas. Percebi que havia chorado, mas não me lembrava o porquê disso ter acontecido. Quer dizer, eu não estava me lembrando de absolutamente nada da minha vida passada, incluindo meu nome. Eu tentei procurar alguma coisa mais a fundo, mas apenas havia escuridão e mais escuridão, era como se eu tivesse acabado de nascer, mas esse, obviamente, não era o caso.

Minhas pernas estavam demasiado bambas, então andei com dificuldade até a árvore mais próxima. Apoiei a minha mão nela e olhei em volta. Estava em algum tipo de floresta. Percebia-se que era de manhã. O Sol parecia ter acabado de nascer, pois ainda estava no horizonte. Várias chilreadas de pássaros invadiam os meus ouvidos e isso me incomodava bastante por vários motivos, mas o principal era que minha cabeça latejava de dor de cabeça, como se houvesse batido em algum lugar sólido e quase impossível de ser quebrado sem exigir bastante força física.

Comecei a andar mais um pouco, procurando apoiar-me nas árvores mais próximas a mim. Uma tontura invadia minha cabeça repetidamente por algum tempo, mas logo minha visão turva voltava ao seu estado normal e conseguia caminhar mais alguns minutos.

Eu não sabia para onde estava me direcionando. Talvez estivesse sozinha nesse lugar ou talvez estaria caminhando para a minha morte. Eu tinha várias idéias em minha mente sobre o que eu poderia encontrar no caminho ou onde estaria indo. Pensei em apenas coisas que não eram demasiado agradáveis para qualquer pessoa, mas nada foi muito convincente para fazer-me recuar e ficar parada em algum lugar, esperando que morresse sozinha com a minha consciência pesada de não ter feito nenhum esforço para achar algo ou alguém que me ajudasse na sobrevivência ou a me lembrar da minha vida passada que, até agora, nenhum pingo de memória apareceu. 

- Olá! - Gritei o mais alto que pude, mas minha voz saiu um pouco roufenha por conta de não ter aberto a boca até agora. - Se alguém puder me ouvir, por favor, responda-me!

Estava um tanto quanto desesperada por ajuda. Me sentia um filhotinho de cachorro indefeso em uma floresta cheia de leões e diversos outros animais selvagens. Minhas mãos suavam exageradamente, e, algumas vezes, meu corpo inteiro tremia. A tontura veio novamente, só que agora era muito mais forte que as outras milhares que tive. Minha cabeça latejava, como se meu coração estivesse batendo descompassado dentro dela, e não em meu peito. Minha visão estava totalmente anuviada, não conseguia enxergar absolutamente nada e isso me deixava nervosa e mais desesperada que antes.

Eu me joguei no chão fortemente e fiquei deitada com meu corpo e minha cabeça virados para o lado direito. Depois de um tempo naquele estado, ouvi um grunhido. Ele era como um sussurro, pois o "Tum, tum" em minha cabeça era muito mais forte que aquilo. Duas silhuetas, uma grande e uma pequenina, apareceram á poucos centímetros de onde me localizava e vieram correndo até mim, mas, antes que chegassem, eu apaguei.

*

- Você tem alguma ideia de quem ela seja, Gally? 

Uma voz parecida com de um adolescente soou como um eco em minha cabeça. Minha respiração foi a primeira coisa que prestei atenção depois de acordar, mas ainda permanecer de olhos fechados. Ela estava amena, não sentia mais minha cabeça latejando; eu estava bem agora. Ouvi mais um grunhido igual àquele que ouvi na floresta. A lembrança de meus momentos nela veio em minha mente; foi assim que minha ficha caiu. 

Eu me levantei abruptamente e fui em direção à uma porta de madeira escura, como o assoalho daquele cômodo, e dei vários socos fortes nela. Estava assustada. Quem eram aqueles que me acharam na floresta? Onde eu estava? Nem havia prestado atenção nos rostos presentes no quarto, apenas prestei atenção numa maneira de sair dali.