Capítulo 8

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- Clark, poderia vir aqui, por favor? - Perguntou a professora, logo depois de explicar a matéria.

- Claro, professora. - Respondi, animada, enquanto me levantava da cadeira e ia em direção a ela.

Fiquei frente a frente a classe. Todos me olhavam, enquanto sussurravam ou davam risadas. Por que eles sempre dão risada de mim? Só porque eu sou a única que não obtive amigos ainda? Por que eu fui a única pessoa do reino que consegui pular o primeiro ano?

- Clark, por favor, responda-me. - Pediu a professora, olhando o seu bloco de notas atentamente. - Qual era o nome do Deus que criou o nosso Reino?

- Samuel. - Respondi, subitamente.

- Muito bem. Qual é o nome do planeta que vivemos?

- É...

Antes que eu respondesse, várias bolinhas de papel começaram a ser atacadas em minha direção. Aquilo doía bastante. A professora tentava pará-los, mas em vão. Até que uma raiva imensa se apossou de mim e eu fiz aquilo que me arrependi. Aquilo que poderia revelar meu segredo. Aquilo que poderia prender meus pais ou matá-los. Meu poder de Eletrocinese foi ativado e logo todos estavam sendo eletrocutados.

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Levantei-me abruptamente da cama e olhei em volta. Apenas Gally estava ali dentro e obtinha uma cara fofa e preocupada.

- Está tudo bem, Gally. Foi apenas mais uma... lembrança. - Adverti-o, sorrindo fraco.

Será que isso é mesmo uma lembrança? Ou é apenas um sonho?

- Clark, está na hora... ah, vejo que já está acordada. Bem, vá se arrumar pois temos que sair daqui a pouco. - Disse Harry, logo quando entrou e viu-me levantada.

- Pelo que me disse, hoje é sábado. Não temos aula hoje, não é? - Falei, levantando a minha sobrancelha.

- Mas isso não quer dizer que não íamos sair. Vamos visitar a minha mãe. - Respondeu-me, enquanto batia levemente na soleira da porta.

- Eu não sabia que tinha mãe. Por que não mora com ela?

- Te conto no caminho. Agora, se arrume!

Ele saiu do quarto e comecei a escolher a minha roupa. Escolhi uma blusa bege e toda formada por rendas, um short jeans claro e uma sapatilha da mesma cor da blusa. Saí do cômodo e dei de cara com Harry já segurando um cookie e uma embalagem de plástico marrom em suas mãos.

- É melhor irmos já. Tome isso no caminho e coma o cookie junto. - Disse ele, me entregando os dois alimentos em sua mão.

Saímos da casa dele e saímos em linha reta em direção a casa mãe dele. Bem, eu acho.

- Ainda quer saber o porquê de ainda não morar com a minha mãe? - Indagou ele, sem nem me olhar.

- Sim. - Concordei, dando uma mordida no cookie.

- Meu pai acabou morrendo quando eu tinha dez anos de idade. Ele tinha uma missão simples, mas muito perigosa: certificar-se de que ninguém do Reino Tenebris escapasse e...

- Espera, Reino Tenebris? - Indaguei, interrompendo-o.

- Bem, o Reino Tenebris é o lugar onde localiza-se todas as pessoas más, que se converteram às trevas. - Respondeu-me, olhando para o horizonte. - Os dois reinos são divididos por uma barreira feita pelos Oberlin's. Tenebris fica no fim do lago que localiza-se no fim da floresta. - Explicou-me ele. - Continuando. Um dia, alguém escapou e acabou... matando-o sem dó, nem piedade, mas, antes de morrer, conseguiu chamar a guarda real e eles conseguiram pegar o fugitivo e o colocaram novamente dentro da barreira, junto com um habitante do Reino Lux que acabou ajudando-os, mas antes apagaram as suas memórias para não se lembrarem do feitiço para desativar a barreira por alguns segundos. Por fim, minha mãe acabou entrando em uma depressão profunda logo depois, ela nem conseguia levantar-se da cama direito, então tive que começar a trabalhar com apenas 14 anos. Quando completei 16 anos, fui morar sozinho, mas ainda visito minha mãe todos esses finais de semana, ajudo-a a cuidar da casa, pagar as contas e várias outras coisas que ela está impossibilitada de fazer sozinha.

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