Capítulo 15

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Estávamos em um clima bom mas quando fui tirar a blusa da Aline ela me impediu. Eu fiquei sem entender, achei que ela queria.

- Douglas... Não podemos. - Falou ajeitando a blusa.

- Desculpa. Achei que você queria. - Falei pegando a minha blusa.

- Preciso te contar uma coisa. - Falou baixo, num tom triste.

- Pode contar. - Estávamos sentados um do lado do outro, de costas pra parede.

- Eu quero... - Fez uma pausa. - Quero casar virgem.

Eu fiquei pensativo. Não sei quanto tempo demoraria pra gente casar. Eu sou homem, é difícil ficar sem relação por muito tempo. Não sei se consigo. Mas não custa tentar.

- Eu sei que você é homem e tem as suas necessidades, eu não vou ficar com raiva de você se você quiser terminar comigo. - A voz começou a ficar pesada. Ela ia chorar. - Olha só, eu moro em outro país. Seria mais fácil se você encontrasse uma menina que mora lá no Brasil. Eu vou ficar feliz se você estiver feliz.

Eu sorri e a puxei pra um abraço.

- Eu caso com você. - Era engraçado. Eu, que nunca nem gostei de namorar, com várias meninas no meu pé, pensando em casar. Eu não sabia mas hoje posso afirmar, o amor muda as pessoas.

Ela chorou mais, acho que não acreditou. Eu enchi sua cabeça de beijos. Tão pequena a minha menina. Quando se tem uma pequena, você sente a necessidade de proteger, você passa a viver por ela. Me lembro quando a conheci, ela com 15 anos, eu com 19. Ela tão baixinha e eu tão maior que ela. Hoje estamos aqui, ela com 17 e eu com quase 22. O relacionamento mais longo que já tive. Lembro-me que meus relacionamentos duravam no máximo 3 meses, parece brincadeira mas não é. Eu namorava uma menina pensando em pegar outra. Não sabia o que era amar. Já recebi inúmeros "Eu te amo" mas nunca falei. Até conhecer a Aline. Uma baixinha de 1,65. Eu com meus 1,86 a fazia parecer uma criança. Ela odiava quando eu zoava o tamanho dela, como na vez em que eu peguei o celular dela e coloquei a mão pro alto.

- ME DÁ ISSO AQUI DOUGLAS! - ela gritava.

Eu ria, me acabava de rir com aquela cena, ela pulava tentando alcançar, me beliscava, me socava e eu só ria.

- SEU IDIOTA! - Ela gritava.

Como não se apaixonar por uma baixinha dessa?

Me perdi em pensamentos e nem percebi quando ela adormeceu em meu colo. A ajeitei na cama e levantei. Peguei o travesseiro e um edredom e fui pra sala. Resolvi dormir no sofá. Achei melhor.

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Douglas

Acordei cedo. Eram 7 horas da manhã. Tomei um banho e fui pra cozinha. Fiz torradas, piquei algumas bananas e peguei alguns morangos, fiz um suco natural de maracujá. Fui até o quintal da casa e peguei algumas flores, coloquei em um copo com água e arrumei na bandeja.

Senti uma pontada forte no peito, me desequilibrei mas me apoiei na mesa. Essa pontada não é de hoje, já é a segunda vez que isso acontece. Na primeira vez a minha mãe disse que poderia ser um princípio de infarto mas eu não levei a sério, "Sou muito novo pra isso.", pensei. Mas dessa vez a dor foi mais forte. Talvez eu deva procurar um médico.

Subi as escadas e entrei no quarto dela, coloquei a bandeja no criado mudo e depositei um beijo em sua testa.

- Acorda dorminhoca.

Ela bocejou e sentou na cama.

- Bom dia. - Falou enquanto esfregava os olhos.

Peguei a bandeja e coloquei em seu colo.

- Douglas... Que lindo. - Falou sorrindo.

Eu sorri e beijei a sua testa. Fui em direção a porta.

- Onde você vai?

- Vou procurar um hotel. - Me virei pra ela.

- Não vai ficar aqui comigo?

- Vou, claro que vou. - Me aproximei dela. - Mas quando seu pai voltar eu vou ter que ir pro hotel né.

- Pior que é. Mas antes de ir, toma café comigo.

Sentei na beira da cama e peguei um morango, dei uma mordida e olhei pra frente, estava pensativo.

- Douglas? - Aline chamou me tirando dos meus pensamentos.

- Hum? - Virei-me pra ela.

- Aconteceu alguma coisa? Você está distante.

- Não. - Menti. - Só estou pensando como será quando eu tiver que ir embora.

- Ah, é mesmo. - Uma tristeza leve mudou seu semblante. - Quando você pretende ir?

- Depois de amanhã.

- Já?

- Sim, por causa da faculdade.

- Caramba! Tinha esquecido. Seu doido, você está perdendo muitas aulas.

- Mas... - Tirei a bandeja de seu colo e a coloquei no criado mudo. - Está valendo a pena. - Fui beijá-la mas ela virou o rosto.

- Desculpa. - Riu. - Preciso escovar os dentes.

Saiu disparada da cama e foi pro banheiro.

Comecei a sentir um mal estar...

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Aline

Eu tenho o melhor namorado do mundo. Fez um café da manhã delicioso e me acordou com um beijo na testa, como não amar?

Fui ao banheiro pra escovar os dentes e lavar o rosto.

Voltei pro quarto e vi o Douglas caído no chão.

- DOUGLAS?? - Gritei sacudindo o mesmo.

Ele não acordou, coloquei o ouvido sobre seu peito e não consegui ouvir os batimentos. Entrei em desespero. Corri pra sala e liguei pra ambulância.

- Me ajuda! É uma emergência.

Dei meu endereço e desliguei. Voltei pro quarto e tentei reanimá-lo mais uma vez mas sem sucesso.

Logo a ambulância chegou, arrumaram ele na maca e o colocaram dentro do carro, eu o acompanhei.

Chegando no hospital levaram ele pra UTI. Fecharam as portas e eu não pude entrar.

Fiquei louca, chorei de soluçar mas não podia fazer nada. Como assim? Ele estava tão bem e de repente o cara desmaia? Aliás, ele nem desmaiou, ele morreu! Quem desmaia não perde os batimentos. Ajoelhei e orei, pedi a Deus com todas as forças que não levasse ele.

Horas depois o médico veio até mim.

- E então, doutor? - Perguntei aflita.

- Ele teve uma parada cardíaca mas conseguimos reanimá-lo.

Suspirei aliviada.

- Mas ele está em coma por tempo indeterminado.

- Posso vê-lo?

- Só poderá vê-lo quando ele sair da UTI.

Eu sentei na cadeira e chorei mais ainda. Poxa, estava tudo dando certo, por que isso agora?

Não Tem Como Dar CertoOnde histórias criam vida. Descubra agora