Já faz 1 mês que o Douglas está na cadeira de rodas. Ele tem feito terapia e está indo muito bem. O médico até falou que se ele continuar evoluindo ele poderá trocar a cadeira de rodas por muletas. O Douglas emagreceu, não era gordo, era um magro saudável, mas os braços, que antes eram fortinhos, estavam magros, o rosto abatido, costelas a mostra. Ele evitava se olhar no espelho, mesmo eu falando pra ele o quanto ele é bonito. Já não comia mais. A pressão vivia caindo por falta de vitamina no corpo. O Douglas estava entrando em depressão.
- Douglas, come um pouco.
- Não estou com fome, mãe.
- Bom, eu vou no supermercado comprar algumas coisas. Aline. - Se direcionou a mim. - Vê se faz ele comer um pouco. Já volto.
Ela me deu o prato de comida e se retirou.
- Essa comida está com uma cara boa. - Falei indo até ele.
- Não estou com fome.
- Desse jeito você vai ficar doente.
- Não me importo, nada me importa.
- Não fala assim.
- Falar é fácil. Não é você que está presa em uma cadeira de rodas.
- Eu sei. Sei que deve estar sendo difícil pra você mas tenta comer um pouquinho. Se você ficar doente vai piorar as coisas.
- Dane-se Aline. Eu quero morrer. Não quero viver na merda dessa cadeira.
- O médico disse que logo você poderá andar com a ajuda de muletas, calma, as coisas vão melhorar.
- Grande bosta. Vou sair de uma cadeira de rodas e me prender a muletas. Você não entende Aline, as pessoas me olham com desprezo, como se eu fosse um incapaz. As meninas nem me olham mais, antes me cantavam e até piscavam pra mim, e agora? Agora elas evitam passar perto de mim. Não tenho autoestima mais.
Eu fiquei arrasada, saber que ele sentia falta das cantadas me magoou um pouco, eu sei que ser elegiado(a) é bom, aumenta nosso ego, mas ouvir isso do seu namorado dói.
- Desculpa se meus elogios não são o suficiente pra você. - Coloquei o prato no criado mudo e me levantei.
- Calma aí, Aline, não foi isso que eu quis dizer.
- Já ouvi o suficiente. - Me retirei.
Confesso que ao sair da casa do Douglas eu chorei. Não estava brava com ele, só não estava sabendo lidar com aquilo.
Cheguei em casa e haviam algumas chamadas perdidas do Douglas, não retornei. Joguei o celular na cama e fui tomar um banho. Acho melhor eu começar a cuidar de mim.
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Acho que falei muito. Estou muito triste, magoado e acabei jogando tudo em cima da única pessoa que tem cuidado de mim. Sei que fui burro mas tá difícil suportar essa vida.
Depois que a Aline foi embora eu pensei em ir atrás dela, pedir minha mãe para me levar até ela, mas achei melhor não. Ela precisa de um tempo pra ela, ela tem se preocupado muito comigo, melhor ela cuidar mais de si.
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Não Tem Como Dar Certo
RomanceAline é uma menina tímida e inteligente de 15 anos, ela não é magra e não tem olhos azuis e um cabelo de dar inveja, pelo contrário, ela é normal e não chama atenção. É uma menina comportada que frequenta a igreja quase todos os dias. Sua melhor ami...