Acordei com gritos e coisas quebrando, olhei as horas, eram 2:30 da manhã, levantei desesperado, achei que era alguém invadindo a casa, me escondi atrás da porta e só então pude ouvir.
- VOCÊ VAI EMBORA DESSA CASA HOJE, VAI SUMIR DAQUI E PODE ESQUECER SEUS FILHOS. - Era a voz da minha mãe.
- Calma, amor, vamos conversar. - Meu pai pedia.
- AMOR? É ASSIM QUE VOCÊ CHAMA AQUELA PUTA, SEU DESGRAÇADO?
- Do que você está falando?
Abri a porta bem devagar e saí do quarto, tinha um longo corredor que levava a sala, os gritos ficavam mais altos a medida que eu me aproximava do cômodo.
- NÃO SE FAÇA DE DESENTENDIDO, ELA ME LIGOU HOJE, SABIA QUE ELA ESTÁ GRÁVIDA?
Um silêncio se instalou, só se ouvia o choro da minha mãe. Cheguei na sala e os dois me olharam surpresos, minha mãe correu e me abraçou.
- Que foi meu amor? - Tentou esconder as lágrimas.
- Por que vocês estão brigando, mãe?
- Não, não estamos brigando. - Ela olhou pro meu pai que assentiu.
- Só estamos conversando filho. - Meu pai afirmou.
Minha mãe me pôs na cama e então não ouvi mais nada.
Acordei pra ir pra escola e pude ver um caminhão de mudanças parado em frente a minha casa.
- Por que esse caminhão está aqui? - Perguntei pra minha mãe que fazia o café enquanto homens tiravam caixas do quarto.
- Quando você voltar da escola a gente conversa. - Me beijou a cabeça. - Acaba de tomar o café que já volto pra te levar.
Eu não entendi nada, eu só tinha 5 anos, era um menino ingênuo. Voltei da escola e só então ela me explicou que o papai iria morar em outra casa pois eles decidiram se separar.
Eu e Giovana passávamos o final de semana na casa do meu pai. Meses depois ele se casou com a Sara, minha madrasta. O filho deles era a cara do meu pai, não havia como negar, meu pai havia traído a minha mãe.
A separação dos meus pais me afetou bastante, nós eramos uma família tão feliz, saíamos quase todos os finas de semana, comemorávamos o Natal juntos, vivíamos um pro outro. Nós sempre esperávamos meu pai chegar do trabalho pra jantarmos juntos. Aos domingos todos iam pra cozinha fazer algo gostoso. Desde que meu pai foi embora nós não comemos na mesa, minha mãe não sorri como antes. Ela não se casou novamente, não namorou. Ela ainda amava meu pai e doía saber que nossa família nunca mais seria a mesma.
Aos 15 anos eu tomei meu primeiro porre em uma balada. Depois conheci a maconha, um amigo me ofereceu. Eu costumava fumar nos momentos tristes pra ficar mais alegre. Depois veio a cocaína, cheirava na mesa, no capô do carro, até em pias de banheiro eu já cheirei. Já tive overdose uma vez. Parei de cheirar pois vi que isso ia acabar me matando mas fumo maconha até hoje.
Eu sou um cara muito sensível, não sei lidar com meus sentimentos, nos momentos de tristeza ou nervosismo eu choro mas não deixo que vejam. Eu fumo escondido pra que ninguém me julgue.
Uma vez a Gi me viu fumando e contou pra minha mãe, ela chorou tanto, até me deu um tapa no rosto, tive que prometer que nunca mais fumaria aquilo. Não consegui manter minha promessa, é mais forte que eu.
Tive minha primeira namorada com 16 anos, nunca havia namorado com ninguém por medo, medo de amar e ser traído. Tinha medo de acontecer comigo o mesmo que aconteceu com minha mãe.
O nome dela era Marine, morena de cabelos curtos e olhos negros. Eu me encantei por ela. Ficamos e um mês depois a pedi em namoro. Cinco meses depois ela me traiu com meu melhor amigo. Isso me fez perder a confiança nas mulheres, me fez cheirar e ter uma overdose, eu queria morrer. Aconteceu o que eu tanto temia, amei e fui traído.
Prometi a mim mesmo que não me apaixonaria por mais ninguém... Até conhecer a Aline. Uma menina de sorriso meigo e cabelos rebeldes. Me encantei por ela assim que a vi. Fazia perguntas sobre ela pra Gi, desanimei quando a Gi me contou que ela havia começado a namorar, isso me deixou triste mas segui em frente. Quando a Gi me contou que ela havia terminado eu me enchi de alegria, finalmente eu teria uma chance de conquistá-la.

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Não Tem Como Dar Certo
RomanceAline é uma menina tímida e inteligente de 15 anos, ela não é magra e não tem olhos azuis e um cabelo de dar inveja, pelo contrário, ela é normal e não chama atenção. É uma menina comportada que frequenta a igreja quase todos os dias. Sua melhor ami...