Minha consciência pesou, pulei da cama e vesti uma roupa descente.
- Onde você vai? - A Gi acordou.
- Vou pra casa, preciso fazer uma coisa.
- É grave?
- Não, depois eu te explico. Tchau.
Fechei a porta e saí. Corri pra um ponto de ônibus e liguei pro Douglas mas quem disse que ele atendeu? Devia estar dormindo, eram 6 da manhã. Depois de umas 5 ligações ele me atendeu.
- Alõ!?
- Douglas?
- Eu mesmo.
- Você está em casa?
- Sim. Quem é?
- Sou eu, Aline. Posso ir aí?
- Aline? Claro que pode! Quer que eu te busque? Eu posso ir aí te buscar.
- Não, não precisa, eu estou indo, ta?
- Ta, vem logo.
- Ta, tchau.
- Aline?
_ Oi.
- Eu te amo.
Eu não consegui dizer "Eu também", acho que eu não devia dizer, seria errado. Desliguei o celular e peguei um ônibus.
Cheguei na portaria do condomínio e liberaram minha entrada. Cheguei na porta da casa dele e tentei bater mas não consegui, minha consciência pesou uma tonelada, se eu pudesse voltar no tempo... Tomei coragem e bati na porta, logo o Douglas me atendeu.
- Entra. - Me deu passagem.
Ele não usava muletas, se recuperou bem rápido.
- Você não precisa das muletas mais, que bom.
- Finalmente me livrei delas. - Sorriu. - Mas o que te traz aqui?
Eu queria chorar, ele não estava com raiva de mim por eu ter sumido ou por não estar lá quando ele chegou com as flores, tinha um ar de menino ingênuo.
- Eu queria conversar com você.
- Pode falar. - Meu Deus ele não tirava o sorriso do rosto.
- Senta aí.
Sentamos no sofá, eu tentei olhar nos olhos dele mas não consegui.
- Me desculpe por ontem.
- Tudo bem, sua mãe me explicou que você estava na casa da sua amiga.
- Não por isso, me desculpe por outra coisa...
- Pelo quê?
Algumas lágrimas rolaram, não consegui conter. Eu abaixei a cabeça e a coloquei entre os joelhos.
- O que houve? - Ele afagou meu cabelo.
- Ontem eu... Eu beijei um cara.
Os carinhos em meu cabelo cessaram, ele se lentou e pôs a mão na cintura.
- Não acredito nisso.
- Desculpa. - Eu sussurrei.
- Preciso pensar. - Ele abriu a porta.
Eu entendi o recado e saí. Acho que dessa vez terminou mesmo. Acho que isso não tem perdão, eu não o traí, a gente tinha terminado, quer dizer, eu tinha terminado com ele mas ele não tinha terminado comigo.
Fui pra casa e me tranquei no quarto.
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Duas semanas depois...
Falta uma semana pras férias, esse ano eu vou passar as férias com minha prima Carol, ela mora em Natal, sempre quis conhecer essa cidade. Dizem que as praias de lá são lindas.
O Pedro me chamou pra conversar, disse que queria desabafar, eu aceitei, talvez eu poderia ajudá-lo.
Me arrumei e coloquei uma roupa simples. Logo ele chegou, tínhamos marcado de ir ao Jardim São Benedito.
Chegamos ao Jardim, ele comprou uma pipoca e sentamos em um banco.
- Então, sobre o que você quer conversar?
- Quero desabafar, sabe? Preciso me abrir, contar o que me fez ser assim... inseguro.
- Pode ser, conta aí
- Então...
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Minha viagem é hoje, acordei 6 horas da manhã, dei uma última olhada em minhas malas e me arrumei.
Estava tudo preparado, chamei um táxi e fui pro aeroporto.
Eu estava na fila de embarque quando meu celular tocou. Número desconhecido.
- Alô!?
- Aline? - Era o Douglas.
- Ela mesmo.
- Onde cê ta?
- No aeroporto.
- QUÊ? Pra onde cê vai?
- Natal.
- Não sai daí.
- Meu voo já vai sair.
- Não sai daí. Chego aí em 5 minutos.
E desligou antes que eu pudesse falar alguma coisa, odeio quando ele faz isso. Enquanto ele não chegava eu ia passando as pessoas pra minha frente.
Depois de alguns minutos ele chegou e me abraçou.
- Está tentando fugir de mim? - Sussurrou.
- Talvez eu esteja. - O apertei.
Ele beijou o topo de minha cabeça e me tirou da fila.
- Não vai.
- Eu preciso ir, meu voo já vai sair.
- Eu pensei... Eu te perdoou.
- Douglas...
- Fica.
Eu suspirei, como desistir de uma viagem que já está paga? Minha mãe me mataria, ela gastou suas economias pra que eu pudesse fazer essa viagem.
- Eu não sou rica, como desistir de uma viagem que já está paga? Minha mãe se sacrificou pra que eu pudesse viajar, não posso fazer isso com ela. Desculpa.
- Então eu também vou.
- As vezes eu acho que você não bate muito bem.
- Não, não bato mesmo. - Me deu um selinho demorado. - Vai lá, até amanhã.
Eu sorri e corri pra embarcar, só faltava eu.
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Não Tem Como Dar Certo
RomanceAline é uma menina tímida e inteligente de 15 anos, ela não é magra e não tem olhos azuis e um cabelo de dar inveja, pelo contrário, ela é normal e não chama atenção. É uma menina comportada que frequenta a igreja quase todos os dias. Sua melhor ami...