Capítulo Nove

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E as forças acabaram. E tudo aquilo em que acreditei ser certo, se foi. Qual era o problema comigo? Nunca conseguir terminar algo que comecei, por medo de fracassar. Acordar todas as manhãs querendo não estar ali, não existir. Colocar um sorriso falso no rosto e enfrentar o dia como se estivesse tudo bem. E se perguntarem vinte e sete vezes se estou bem, responder as vinte e sete vezes com um "sim, estou bem". Mesmo estando quebrada por dentro, em pedaços, retalhos de mim caminhando por aí. Mesmo assim eu devo fingir, e dia após dias continuar dessa mesma forma. Ah se eles soubessem! Que a garota sorridente vai dormir chorando todas as noites. Que não me sinto feliz com nada do que faço.Que nunca encontrei o real significado da felicidade.Que tento encontrar em qualquer coisa por mínima que seja, um motivo para continuar viva. Ver o sangue escorrer pelos meus pulsos já não me alivia mais, eu preciso sentir uma dor mais forte. Uma dor que talvez me leve embora daqui, para longe, onde eu possa realmente sentir as coisas. As palavras que escuto são como facadas, ninguém mede o que fala, ninguém pensa em quanto está machucando alguém ao proferir tais coisas. Estou machucada, muito ferida. Mas ninguém enxerga, minhas feridas estão por dentro de mim, e elas doem, sangram, e eu grito por ajuda mas é como se ninguém pudesse me ouvir. Sinto como se estivesse em um labirinto, e nem sequer me esforço para tentar fugir dali, estou parada no mesmo lugar, esperando alguém vir me salvar. Sei que isso não irá acontecer, que se eu não levantar e tentar achar uma saída continuarei ali até morrer. Talvez esse seja o melhor. Sou de vidro, mas finjo ser de ferro.

Cuidado, frágil.Onde histórias criam vida. Descubra agora