Ao passo que Miles caminhava conseguia senti-lo cada vez mais devagar, não posso lhe culpar já que eu era o problema de todo seu cansaço. No entanto mesmo ao longo do caminho tentei convence-lo de parar, e me por de volta ao chão, entretanto seu orgulho fala mais alto todas as vezes que peço.
- Miles, me põe no chão - peço, tocando em seu ombro que, ele continua andando sem nem se importar - Posso continuar daqui.
Ele não fala, apenas escuto seus suspiros que saíam pela sua boca regularmente.
- Miles! - grito batendo levemente em seu peito, e finalmente ele para de andar.
- O que é sua louca?! - respondeu, enquanto me julgava com olhos.
- Me coloca no chão! - grito, me remexendo em suas costas para descer.
- Com prazer - o mesmo fala, tirando seu braço por de baixo das minhas pernas, finalmente me libertando.
O fulmino após tocar no chão, no mesmo instante que o flagrei guardando seu celular conectado ao fone de ouvido, essas horas inteiras falando e falando, percebi o quão retardada eu fii por perceber só agora que estava conversando sozinha.
- Que é? - ele arqueou as sobrancelhas, que estavam com pequenas gotículas de suor que desciam pela sua testa marcada por dúvidas.
- Devia ter deixado você me carregar até Londres, só isso!
- Depois eu que sou o bipolar. - sussurrou balançando a cabeça - Poderia ter compartilhado a música, mas você estava muito concentrada falando de seu país, que eu não quis atrapalhar, no entanto eu ouvi tudo, se é isso que saber.
- Então o que eu falei?
- Que você está com saudades de... - ele pôs a mão na cabeça sorrindo, cruzei os braços séria.
- De?
- Paço- Paço não sei o que! - jogou a mão para o alto como que tivesse desistido de lembrar.
- Paçoca - corrigi. - Mas eu não falei só de comida!
- Falou sim, a não ser que você costume chamar sua mãe de pudim e seu padastro de panqueca. - zomba respirando fundo para não deixar um riso escapar.
Dou um sorriso de canto.
- Quem me chama de panqueca é você. - ele sorri.
- Nunca morei em outro país, nem cidade. Deve ser complicado - concordo com a cabeça.
Sentia saudades constante de tudo que tinha no Brasil, no entanto por muito tempo sonhei em viver esse desejo de morar em outro país, e viver tudo aquilo que assistimos em filmes clichês adolescentes.
- Por isso me dei bem com Indra. - falo esperando ele soltar uma risada ou comentário sarcástico, porém ele ficou calado, olho para o mesmo verificado se alguma coisa estava errada. - O que foi?
- Uma fogueira - ele me interrompe, sigo com os olhos para onde ele apontava, era uma turma de jovens que cantavam em volta da fogueira á beira da praia.
- Melhor não - falei apreensiva - Eles podem não gostar
Miles bufou, ele segurou meu ombro com as duas mãos no mesmo instante que me encarava, seu rosto estava iluminado pela chama que vinha da fogueira, senti um arrepio quando ele colocou meu cabelo para de trás da orelha, conseguia sentir sua respiração cada vez mais próxima.
- Do quê você tem tanto medo, nada de mal vai acontecer. Apenas vamos sentar, e curtir um som, nada demais.
- Não sei. - ele continuou me fulminando, continuei a dizer meio sem jeito - Eles podem nos rejeitar, vai ser constrangedor.
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O cara da porta ao lado
Novela JuvenilNão é fácil acreditar em uma traição vinda de uma pessoa amada. Mesmo estando estampada na cara do seu companheiro, seu amor pode te deixar cego deixando você incapaz de perceber. No entanto, a vida sempre dá um jeito de lhe mostrar a realidade. Me...