Procurando a chave na bolsa no caminho do elevador para o corredor. Bati a mão na testa, ao lembrar que não tinha precisão das chave. Voltei a cabeça para trás para gesticular o por quê não estar com minha chave pois minha fechadura estaria quebrada graças a ele, quando Miles me interrompeu.
- Eu sei. Trocar a fechadura, não se preocupe, não sou tão esquecido quanto você. - zomba ele, parando em frente á sua porta enquanto mexia em seu bolso traseiro - Primeiro vou passar em casa.
Antes de qualquer ação que pudesse fazer ele já tinha entrado, bufei enquanto abria minha porta sem nenhum esforço aparente. Joguei minha bolsa no sofá e avancei até a cozinha, peguei a pizza da geladeira com cuidado, revirei as gavetas à procura da travessa que havia comprado no supermercado. Cantei o coro de aleluia ao encontra-la ainda na sacola de compras, abri o forno e a empurrei para dentro com cuidado.
Escutei alguém bater na porta. Que rápido.
- Entra - Miles entrou com uma caixa de ferramenta debaixo dos braços, percebi que também tinha tirando sua jaqueta e trocado a calça jeans por um moletom - Coloquei a pizza no forno, daqui alguns minutos ela já deve ficar pronta. E aí pronto pra festa do pijama?
Ele balançou a cabeça sorrindo: - Não, você é uma péssima anfitriã.
- Tá, então a anfitriã aqui vai se trocar.
Ele concorda, porém mantinha a cabeça inclinada á procura de alguma ferramenta especifica, era um bom momento para trocar essa roupa sufocante, segui até meu quarto em busca de uma roupa mais confortável, mas acho que até um saco plástico é mais confortável que esse vestido colocado, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo e pus um moletom cinza com as inicias de Nova York. Com esse problema resolvido, voltei para a sala.
Não estava completamente á vontade com Miles ali, mas não era mais hora de mudar de ideia, eu que havia tido a ideia de tudo isso, então não tem como expulsa-lo sem motivos, pelo menos ainda não. Se minha mãe descobrisse que eu tinha convidado um cara para entrar sem que ninguém por perto. Quer dizer, tem a Rosie, e ele não é bem um estranho, já nos conhecermos quando ele estava... bêbado.
Ok. Estou um pouco nervosa agora.
- Alguma preferencia de filme? - perguntei tentando quebrar esse silêncio. O encaro ainda sentado no chão debruçado sobre a dobradiça, dois minutos depois sem resposta eu bufo, ele parecia estar bastante concentrado.
- Estou quase terminando.
- Nunca ouvi falar desse filme. - sussurro.
Percebi quando ele parou para puxar seu moletom para cima, dando uma ótima visão de suas costas largas, pisquei envergonhada, agora que minha mãe piraria se soubesse que o cara praticamente desconhecido trocando minha fechadura com o peitoral à amostra, enquanto Chaeng e Agatha pediriam por uma foto desse momento glorioso. Como se pudesse ler meus pensamentos, ele levantou a cabeça e me fitou. Virei o rosto para a televisão.
- Depois dizem que as mulheres não têm segundas intenções. - sinto o tom sarcástico na sua maneira de falar.
- O que você quer dizer? - pergunto de braços cruzados.
- Que você aumentou o aquecedor no máximo só para me ver tirar a blusa, enquanto eu faço todo o trabalho sujo - ele diz sentando ao meu lado, voltando a se vestir. - Esse é seu fetiche?
- Primeiro, não é culpa minha se a temperatura não te agrada e segundo, foi você que quebrou então é justo que você a concerte, eu estou fazendo a pizza.
Ignoro a sua última pergunta propositadamente.
- Reformulando a frase, o forno está fazendo a pizza, você só tá deitada esperando que ela termine de assar.
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O cara da porta ao lado
JugendliteraturNão é fácil acreditar em uma traição vinda de uma pessoa amada. Mesmo estando estampada na cara do seu companheiro, seu amor pode te deixar cego deixando você incapaz de perceber. No entanto, a vida sempre dá um jeito de lhe mostrar a realidade. Me...