A carta

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Um papel amarelado está na mesa, fechado e com meu nome. Max solta minhas mãos e olha nos meus olhos, sua mão segura uma pistola que scabou de tirar do bolso direito e ele ordena:
-Leia!
Abro a carta com as mãos trêmulas, existem vestígios de que a carta foi queimada e o papel é velho.
As letras dizem:
"Analua, meu raio de Sol nessa noite escura e fria, com minhas mãos trêmulas desesperadas por suas mãos para segurar, com minha mente cansada de tudo isso e meus olhos carregados das mais sensíveis lágrimas, escrevo essa simples carta para você.
Meu peito está carregado com toda a culpa por sua infelicidade, meu coração bate triste ao pedir mentalmente todos os dias: me desculpe.
Eu sou um monstro e o que fiz foi imperdoável, trouxe dor à este lugar e principalmente em você. É inexplicável a tristeza que senti quando a vi pular a janela com um outro homem. Parece que minha vida tinha pulado junto. Eu sabia que estava infeliz comigo, mas não dormi durante muitos dias depois daquela triste cena.
Eu amo você, só que da maneira mais horrível do mundo. Meu amor por você é recheado de dor e violência, assim como eu.
Hoje, farei uma coisa que deveria ter feito muito antes.."
A carta acaba e eu desvio o olhar para Max, que aponta uma arma em sua cabeça. Meus olhos ficam arregalados, ver um homem morrer em minha frente parte meu coração.
-Era isso que todos sempre quiseram, não é? -Max dá um sorriso sem jeito, com seus olhos carregados de olheiras e lágrimas, ele está pronto para desabar no chão frio.
Ele limpa a garganta e diz com a voz falhando:
-E-eu.. amo você.
Ele espera por minha resposta durante longos segundos e pede:
-Por favor, Analua, diga algo.
Seu olhar agora está desesperado e suas lágrimas finalmente escorrem rapidamente em seu rosto, enfileiradas, como se até elas não quisessem ficar perto daquele corpo podre.
-E-eu.. vou entender seu silêncio- ele fecha os olhos e puxa o gatilho.
O doloroso som entra em meus ouvidos como a bala entrou em sua cabeça. Continuo imóvel, com a respiração ofegante.
Agora seu corpo está jogado no chão, sua pele pálida e seus lábios azuis, está morto. Sua alma pesada sumiu, abandonando o cadáver.
Agora ele é só um corpo morto no chão, um boneco amaldiçoado, que só trouxe caos ao mundo.
Abro a porta da sala e ré-faço meus passos até Matt, vejo ele sentado no chão, com os olhos brilhando direcionados para mim, ele diz enquanto se levanta desajeitadamente:
-Analua, eu pensei que tinha te perdido, pensei que tinha morrido..
Dou um abraço nele com todas as forças que me restam. Beijo seus lábios molhados pelo sangue que escorre de todas as partes do seu corpo.
-Vamos sair finalmente daqui!-Diz Matt com seu sorriso estampado no rosto.
Seguro sua mão e caminhamos pela casa vazia até à cozinha. Abro a porta da geladeira que está repleta de comida. Nenhuma delas duraria vários anos, talvez Max nunca quis brincar de sobreviver.
Entrego à Matt uma maçã, o primeiro alimento que avistei, comeremos mais no abrigo.
Ando até a porta da casa e abro-a, vejo o jardim com dlores mortas e árvores caídas no chão. Casas e pessoas queimadas, a rua vazia, onde tudo o que se pode ouvir é a nossa respiração.
Todo aquele cenário pode parecer horrível e doloroso nos olhos de outras pessoas, mas para nós é um recomeço.
-Vamos?-pergunto
-Vamos.

Pronta para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora