Provavelmente pronta

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Jogo a xícara d'água no chão e rapidamente pego um caco do vidro, o caco está afiado, então me abaixo perto de Matt e rasgo o pedaço da cortina que está agarrado em seu pé.
Max retira a venda, pois desconfiou do barulho, ele olha pra mim espantado, com dúvida e com os olhos cheios de lágrimas ao ver a cena.
-Vai!
Sussurro para Matt.
Mas ele me puxa pelo braço de forma rápida e meio agressiva, o que me faz soltar o caco de vidro da xícara que cai e atinge a minha perna, cortando-a profundamente.
Max corre em nossa direção, mas Matt me leva para fora janela antes que Max chegue totalmente, pisamos no telhado e Matt pula dele até o chão. Por sorte moro num andar próximo ao chão.
-Vem, Analua! Eu seguro você. Vou libertar você dessa vida infernal com esse homem que você não ama.
Grita Matt.
-Eu...
Falo enquanto me preparo para pular em seus braços.
-Analua... Por que?
Max se apoia na janela e pergunta chorando enquanto segura meu pulso.
-Me desculpa.
Digo e dou um beijo em sua testa.
Fecho os olhos e pulo, não é fácil para mim, tenho medo de altura. Sinto dor em minhas costas e as mãos de Matt me segurando. Sinto sua respiração ofegante em meu pescoço. Cheguei.
Abro os olhos e percebo que Matt corre. Ele corre muito rápido para quem carrega um ser de 58 quilos.
-Matt... Eu... am.. amo... vo... você...
Essas são minhas ultimas palavras, fecho os olhos, não consigo falar mais nada. Acho que não estou passando bem depois de ter dado de cara com meu maior medo.
Vejo primeiro tudo bem escuro... Agora imagens se formam, uma flor talvez? Não... um rosto... Uma voz familiar que diz:
-Olá, bem vinda ao lar.
O garoto era ruivo... Está tudo embaçado para mim, não consigo emxergar direito. A mão do garoto acaricia meus cabelos e meu rosto.
-Já está melhor?
A voz pergunta novamente, mesmo embaçado o ambiente parece diferente. Não me parece meu lar.
Eu lembro de ter fugido de casa com Matt e agora estou aqui. Isso é horrível, onde estou? Quem é esta pessoa? Cadê Matt? Meus olhos lacrimejam, eu só quero voltar a minha visão normal e ver o que está acontecendo.
-Por favor, não chore...
Diz a voz enquanto uma mão limpa minhas lágrimas.
Fecho meus olhos novamente, espero a minha visão se recuperar. Depois de 10 minutos abro os olhos novamente e vejo melhor. O garoto já sumiu e consigo enxegar melhor o ambiente.
Estou deitada numa cama cujo o lençol é roxo e o quarto em que estou é branco com uma aparência de bem cuidado. Retiro o cobertor e percebo que não estou mais com o pijama de antes. Estou com uma camisa bem confortável masculina, levanto da cama e vou andando ainda tonta até um corredor. Entro na primeira porta a minha direita e vejo uma cozinha. O garoto está lá novamente, ele me lembra... Matt! É isso, estou na casa de Matt!
-Matt?
Pergunto para confirmar quem é o garoto que está cozinhando.
-Oi, Analua. Você acordou!
O garoto é Matt! Ele se vira e sorri para mim.
-Estou fazendo panquecas! Você gosta?
Pergunta ele enquanto me mostra para confirmar seu ato.
-Sim. Por quê estou aqui?
-Você tinha desmaiado no caminho depois de ter pulado do telhado. Te trouxe para minha casa, creio que ela seja bem melhor que a sua antiga.
Matt mexe nas panquecas.
-Sim, ela aparenta ser agradável, mas não sei. Minha família deve estar me procurando...
Digo enquanto sento numa mesa e espero as panquecas.
Matt coloca as panquecas numa bancada, acrescenta mel e diz:
-É verdade... Não sei o que fazer quanto a isso. É arriscado, mas creio que esteja pronta.
-Pronta... Para quê devo estar pronta?
-Para me amar, Analua.
Matt coloca as panquecas no meu prato e me dá talheres. O cheiro é atraente. Nós dois ficamos em silêncio. Então seria essa a charada e o motivo pelo qual eu deveria estar pronta, afinal.
Corto um pedaço das panquecas e ponho na boca. A melhor panqueca que já comi.
-A panqueca está maravilhosa!
Digo enquanto ponho mais um pedaço na boca.
-Obrigado.
Agradece ele enquanto puxa uma cadeira e senta comigo.
-O que está achando de viver uma nova vida?
Pergunta Matt.
-Estou achando... Acho que vou gostar de viver contigo.
Respondo e ponho mais um pedaço de panqueca na boca. É o último pedaço.
Sorrimos. O sorriso dele é tão lindo que me deixa boba. O brilho nos seus olhos me encanta, o brilho de sua constelação.

Pronta para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora