Lágrimas

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Corro o aeroporto inteiro em sua procura, até que a acho sentada em um banco olhando para o teto.
-Nina!
Falo em tom alto enquanto corro e te dou um abraço apertado.
Acaricio seus cabelos e abraço-a novamente.
-Por-porque fugiu? Quase me matou!
Vo-voc-
Tento terminar a frase, porém Nina me interrompe, levando-me as pressas até o banheiro.
Não digo uma palavra no caminho, ao chegarmos, Nina entra comigo em um lugar onde fica o sanitário entre quatro paredes e tira sua roupa.
-N-nina?
Tento saber o que acontece.
De repente vejo tatuagens em seu corpo, passo a analisar cada uma enquanto Nina respira de forma ofegante.
Leio algumas mensagens como:
"Propriedade de Max", "Analua, eu faço de tudo por você", "Analua, por que fugiu de mim?", "Analua, me dê seu amor e tudo isso acabará", "Analua, ouça o tic tac do relógio dentro da sua irmã", "Tic, Tac, tic, tac, o relógio não para de trabalhar"...
-Que relógio, Nina? Do que suas tatuagens falam?
Pergunto enquanto olho ainda mais o seu corpo nu.
-Maninha, tenho uma longa história para contar. Tenho uma bomba dentro de mim.
-UMA BOMBA?
Grito assustada.
Nina coloca o dedo em meus lábios fazendo sinal de silêncio.
-Sim, uma bomba. Max está a sua procura, maninha, e ele não vai parar de explodir pessoas, existem mais pessoas com a bomba, até ter você. Minha bomba está programada para explodir hoje e aqui.
-Nina...
Meus olhos lacrimejam. Me sinto tão culpada.
-Você não tem culpa de nada. Maninha, esse pouco tempo com você foi o melhor presente qur eu tive em toda a minha vida, a sua companhia me fez a pessoa mais feliz do mundo. Eu te amo muito.
Nina fala e beija minha testa em seguida. Sinto uma lágrima dela cair em mim.
Meu coração se despedaça e minha alma se desespera, cada parte do meu corpo quer abraçar Nina, sentir sua presença apenas mais uma vez.
Mais lágrimas saem dos nossos olhos que brilham como oceanos repletos de solidão.
-Isso tudo é culpa minha, a cidade vai ser explodida e a culpada sou eu! O que eu faço para mudar isso?
Pergunto trêmula.
-Mate Max, tente pará-lo. E-eu não sei, se proteja das explosões maninha. Eu adoraria ficar para proteger e passar o resto da minha vida ao seu lado como eu sempre quis, m-mas acho que meu dia não é hoje.
Meus pelos se arrepiam a cada palavra de Nina. Lágrimas não param de escorrer em meu rosto, meu cílios já estou molhados e meus olhos cansandos de ver a despedida, a pior despedida de todas.
Minhas mãos trêmulas entregam as roupas de Nina a ela. Nina agradece e diz:
-Você não sabe o quanto minha consciência pesa em ter que matar todas as pessoas deste local.
-Eu te entendo.
Nina retira do seu bolso um pacote vermelho.
-Não quero morrer com a explosão.
Deduzo que há veneno no pacote.
-Pode me dar um copo com... bem... eu não sei... água?
Nina pergunta com um sorriso que insiste em se fechar, um sorriso para afastar a tristeza do ambiente, era para ser uma piada, mas não deu certo.
Seu sorriso falha e lágrimas escorrem do seu rosto novamente.
-Por favor.
Ela pede novamente.
Saio do banheiro e deixo ela esperando sentada na tampa do vaso.
Compro com os últimos trocados que tenho uma garrafa d-água e levo de brinde um copo de plástico pequeno. Agarro os dois nas mãos e no caminho até o banheiro vejo uma floricultura, a farmácia e a floricultura ficam no aeroporto.
A mesma tem decorações de Natal, que está muito próximo. Entro na floricultura e olho bem o ambiente. Vejo flores brancas e lembro de Nina, gostaria de colocá-las ao seu lado.
Toco cada pétala da flor, e sinto o seu aroma que entra em minhas narinas de forma doce e suave.
-Vai levá-la?
Uma senhora que aparenta ser a dona da loja me pergunta.
-Gostaria de levar para minha irmã que f-faleceu.
Tento conter as lágrimas, porém elas ainda insistem em cair.
-E por que não as leva?
O sorriso da moça se fecha ao perguntar e ver minha tristeza.
-E-eu não tenho dinheiro.
Viro de costas para a senhora e ando até a porta da loja.
Sinto um toque no meu ombro direito e viro-me. Vejo a senhora com as flores brancas nas mãos, ela me entrega e diz por fim:
-Espero que ela descanse em paz, leve-as para sua irmã.
Agradeço ainda surpresa e a moça sorri.
Recado do autor:
Desculpem-me pela demora nas criações dos capítulos, garanto me esforçar para melhorar.
Há um grupo no Whatsapp destinado ao livro Pronta Para Amar, caso queira participar, entre em contato comigo pelos comentários.
-Giovanna Paola

Pronta para amarOnde histórias criam vida. Descubra agora