Capítulo 1 - Sonhando (Parte I)

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Olá o/

Eu espero de verdade que essa história seja lida, então peço desde já que os leitores deixem comentários. Minha tendência é desanimar fácil, os comentários me incentivam muito, então ajudem aí \o/

Obrigada a todos que lerão, e um beijo.

Eu estava andando por um corredor escuro da casa dos Martins quando, de repente, fui brutamente puxada para dentro da biblioteca. Era um dos meus piores pesadelos: Alexandre. Mas estranhamente eu não sentia medo, apenas raiva, como habitual. Ele estava perto demais de mim, tanto que eu sentia seu hálito em meu rosto, arrepiando-me. Alexandre me prensava contra a porta e segurava meus braços, para que eu não tentasse fugir. Respirei fundo. Não, eu não vou me descontrolar dessa vez. Ele está me provocando, ele sempre me provoca e adora isso.


— Por que não me deixa em paz, Alexandre?


— Porque é divertido te deixar descontrolada. — Segurou-me pelos pulsos enquanto eu me debatia.

— Você não consegue disfarçar que gosta de mim, Helena — oh, merda, eu odiava que falassem meu nome todo, mas aquele seu modo de pronunciar era tão... — pode tentar, mas não consegue.
Grunhi de raiva.

— Você. É. Um. Bosta. — murmurei pausadamente, sentindo meu rosto em brasas quando ele aproximou mais sua boca da minha.

— Olha o respeito com o seu chefe! — Alexandre passava lentamente o nariz pelo meu pescoço, aspirando meu cheiro, me beijando e aos poucos me deixando mole, enviando ondas de prazer por todo o meu corpo. — Vou te mostrar em quantos graus você está errada... — e quando ele ia realmente beijar-me...


...Meu relógio despertador de cabeceira tocou e eu gemi frustrada, batendo forte nele. Mais um maldito sonho desses e eu não aguentaria. Primeiramente porque era errado fantasiar sobre o seu quase primo. A situação piorava quando além de quase da família ele era seu chefe rude, babaca e pretensioso, porém gostoso. É, para alguém que não o suportava, eu assumia uma de suas qualidades muito facilmente...

Respirei fundo, tentando conter a irritação, e a excitação pelo sonho. Era hora de se libertar da preguiça e ir pro trabalho enfrentar o "Sr. Martins".

Levantei-me devagar, varrendo os olhos pelo cômodo para me certificar de que não havia nenhum objeto cortante ou algo que me fizesse tropeçar e acidentalmente dar com a cara no chão, algo que já era normal de acontecer comigo. Nunca fui lá uma garota muito jeitosinha. Faço mais o estilo estabanada, o que geralmente acaba me deixando constrangida perto das outras pessoas (novidade, qualquer coisa me deixa constrangida). E cheia de machucados, considerando que sou muito branca. Uma merda. 


Arrastei-me para de baixo do chuveiro, deixando a água quente cair em meu corpo, me relaxando. Parei um pouco para pensar no sonho de minutos atrás com o "Todo Poderoso". Bleh. Eu odiava meu subconsciente por adorar projetar a imagem dele na minha mente quando eu menos esperava. Acredite ou não, sonhos do tipo são frequentes, mesmo que eu não queira admitir que possa desejá-lo secretamente. Eu não vou muito com a sua cara e sei que é recíproco. Só que há uma diferença entre nós: enquanto eu sou uma pessoa íntegra e educada (e nada iludida), ele é um crápula manipulador e provocador. Gosta de me ver "perder a linha", deve ser um dos seus passatempos preferidos. Não precisava dizer que queria sua cabeça numa bandeja, certo?

Ele me intimidava. Algumas vezes eu ainda me arriscava a chamá-lo por nomes feios, lógico que me certificando antes de que ele não estivesse ouvindo. "Helena, faça isso". "Helena, vá buscar aquilo". Blá blá blá. Tudo bem, ele era meu chefe, mas justo por eu ser quase da sua família, ao invés de melhorar o meu posto, ele o piorava. Bastardo.

Ainda cheia de sono e com o corpo meio dolorido decidi lavar o cabelo para acordar totalmente. Não consegui dormir direito noite passada, que foi totalmente perturbada pelos gritos do Sr. Perigo Martins. Ontem ele estava todo nervoso, tadinho. Algo com negociações que ele estava fazendo com pessoas do outro lado do mundo, o que requeria um grande respeito pelo fuso horário. Infelizmente, da parte dele.

Ri ironicamente enquanto me enxugava, lembrando do dia anterior. Além de aguentá-lo no trabalho, também tinha que suportar toda sua chatice e lindeza na casa do meu padrinho, que é seu pai. Os dois tomam rumo da empresa, porque Jonathan, meu primo preferido e irmão de Alexandre, não gosta muito do negócio.

Há um ano, mais ou menos, meu padrinho Fernando me trouxe para morar aqui. No começo foi bem difícil, porque eu acabava de sair de um "pequeno" trauma, e tive que me acostumar com toda essa agitação da cidade grande, mas aos poucos as coisas ficaram bem. Ok, talvez nem tão bem assim. Não pude esquecer os "fantasmas" do meu passado tão recente, e mesmo sendo muito bem recebida por Jonathan e sua mulher Rebecca, ainda me sentia incomodada com a presença de Clarisse — mãe de Alexandre — e Verônica, sua prima que foi criada praticamente como sua irmã.

Eu não sabia quais motivos Clarisse tinha para não gostar de mim (embora desconfiasse que era algo relacionado a minha mãe, e toda essa historia de ela e o tio Fernando serem tão amigos e coisa e tal). Eu nunca fazia nada de ruim contra ela. Verônica tinha um gênio muito difícil, por isso eu preferia me manter afastada. Eu sabia que, de vez em quando, algum comentário era feito para que meu padrinho achasse que eu não era a "santa" que ele pintava. Isso me magoava, de qualquer forma, mas eu tentava não me deixar abalar para que a convivência fosse a melhor possível.

Eram oito da manhã e eu já podia ouvir a voz elevada do meu adorável patrão. Desci a escada quietinha. Alguém deveria estar atrapalhando seus "esquemas", e ele odiava isso. Às vezes era engraçado ouvi-lo xingando os concorrentes.
Assim que cheguei à sala percebi que, se eu achava que Alexandre estava apenas bravo, estava totalmente enganada. Sua aparência estava péssima, mas não a ponto de esconder sua beleza. Os cabelos castanho escuro totalmente desgrenhados eram habituais, mas as olheiras eram resultado das duas noites mal dormidas quais ele também não me deixou dormir. Percebi sua roupa toda amarrotada e me perguntei se ele também se esqueceu de tomar banho.

Assim que notou minha presença, Fernando tossiu e sorriu em seguida. Alexandre se calou e passou a mão pelo cabelo, tirando o celular do bolso, afastando-se para dar algum telefonema. Dei de ombros e fui até meu padrinho, dando um beijo de bom dia em sua bochecha.

Tomei café calmamente por estar sozinha, dessa vez as donzelas não estavam presente para atrapalhar meu sossego. Logo Rebecca desceu, acho que também foi acordada pelo adorável Martins.

— Bom dia meu dengo! — Me abraçou apertado enquanto eu sorria.

Rebecca sempre foi assim toda carinhosa comigo, o que me fez pensar duas vezes antes de ter um tiquinho de ciúmes do meu primo preferido. Mesmo lhe achando novo demais para se casar, Rebecca me conquistou de um jeito inexplicável, algo que me fez ficar muito apegada a ela,no sentido de dividir alguns dos meus medos e sonhos e tudo mais. Era uma pena que o que mais me machucava eu não conseguisse dividir realmente com alguém,embora desconfiasse que todos sabiam e riam pelas minhas costas...

— Bom dia flor do dia! — Murmurei, dando uma mordida em minha ameixa.

— É, pelo jeito soltaram a bruxa hoje. — riu, enquanto botava a cabeça para fora da cozinha e via Alexandre na sala gritando no telefone.

— O ogro, você quis dizer. — corrigi, depois revirei os olhos — Ele ficou assim alterado a madrugada todinha. —Sussurrei, rindo de leve — Mal consegui dormir com seus gritos. Alguma coisa não está certa, to vendo que aquela empresa vai ferver hoje. — Ela concordou com a cabeça. — Bom, to saindo. —Levantei-me enquanto Rebecca fazia uma careta.

— O Alexandre ta aí, aposto que nem vai aparecer no trabalho. Sossega e descansa um pouco.

— E você acha mesmo que ele me deixa sossegada? — revirei os olhos — É melhor eu ir se não quiser deixá-lo mais irritadinho ainda. — Ri quando ela bufou,resmungando algo que não consegui ouvir enquanto subi as escadas, ouvindo apenas Alexandre conversar com Fernando, aparentando estar bem alterado.

Fui até meu quarto pegar minha bolsa, e o grito do meu padrinho me fez apressar o passo e descer rapidamente.

— Sim? — Parei em sua frente, jogando a bolsa sobre os ombros.

— Alexandre levará você com ele para a empresa. — Olhei para o Martins. Ele mexia em seu celular com cara de preocupado, mas aquilo era uma arma para me ignorar, também. — Tudo bem pra você?

 — Ah sim, claro, tudo ótimo. Não sei se consigo ficar cinco minutos perto dele sem querer lhe matar.


Olhei novamente para Alexandre e todo o seu charme. Mesmo estando totalmente acabado o babaca ainda consegue ser lindo.Então me lembrei do sonho. Suspirei profundamente. Limitei-me a concordar com meu padrinho e seguir para o carro.

— E por favor, tentem não se matar antes de chegar lá! — Ele gritou sorrindo.

O que eu sempre quisOnde histórias criam vida. Descubra agora