A manhã seguinte na casa de Alexandre foi, no mínimo, bem engraçada, e acho que foi tudo proposital. Essa história de brigar por espaço na pia pra escovar os dentes, e me juntar a ele no chuveiro para não nos atrasarmos depois de uma deliciosa rodada de sexo matinal... É, bem casal. E extremamente bom.
— Você demora demais pra se arrumar. — reclamei pra ele já no estacionamento do prédio. — Parece uma noiva.
— Você não é a pessoa mais rápida nisso também, meu bem. — debochou.
Entramos no carro e ele me roubou um beijo. — Mas é bom ver sua bunda descoberta passeando pelo quarto enquanto você prova e desprova as roupas.Dei um tampa em seu braço. Ele riu.
— Você é um depravado. Não teria se atrasado tanto se não ficasse me bisbilhotando.
— A culpa é toda sua, por ambas as coisas.
— Cínico!
Paramos no sinal vermelho.
— Gostosa. — ele falou pausadamente, o rosto virado e colado no meu.
Foi a minha vez de beijá-lo.
— Me deixa aqui. — pedi enquanto nos aproximávamos da empresa. Ele suspirou.
— Essa é a parte chata. Você vai chegar comigo e ninguém tem nada a ver com isso. Quem mais interessa naquela empresa já descobriu tudo, então... — ele se referia a Cadu e tio Fernando. Não quis discutir. Nos beijamos uma última vez antes de sair do carro.
E o dia no trabalho começou logo assim: encontrando Cadu no elevador.
— Bom dia pro meu mais novo casal preferido! — abraçou-nos ao mesmo tempo.
— Xiu! — reclamei. Ele riu e revirou os olhos.
— Só tem a gente aqui.
— Você parece animadinho demais pra alguém que acabou de terminar o namoro. — Alexandre observou. Eu concordei.
— Por que tenho a impressão de que isso é tudo fachada?
— Ele vai estar chorando como um bebê em sua sala antes do fim do expediente. — Alexandre cochichou para mim quando chegamos ao nosso andar.
— Eu ouvi isso! — Cadu reclamou. Nós dois sorrimos e nos "despedimos" de longe. Eu segui Cadu para a sua sala, pronta para passar a agenda do dia.
(...)
Liguei para Alexandre uns 30 minutos antes do horário de almoço. Requisitei sua presença na sala de Cadu, e com ele o nosso almoço, e se possível uma água de coco — porque sério, meu atual chefe estava se desidratando de tanto chorar. Endless Love tocava enquanto ele rodava na cadeira e cantava. Eu estava começando a ficar preocupada sobre ele vomitar ou coisa assim. Eu era uma faz tudo oficial, isso é certo, mas limpar vômito não estava no meu currículo.
Batidas na porta. Xande entrou em seguida e parou na porta, estupefato. Busquei a sacola de comida, desliguei o som e depositei a "marmita" na frente de Cadu. Ele reclamou.
— Vamos, não pode passar o dia todo sem comer.
— Não quero isso.
— É strogonoff. — Alexandre avisou. Ele pareceu pensar por uns instantes.
— Não me faça jogar na sua cara que foi você quem terminou o namoro.
— Helena! — Alexandre me repreendeu.
— O que? Quem devia estar sofrendo assim era ela, que perdeu um cara foda, e não ele, que deixou uma megerinha.
Sentei-me para comer. Alexandre ficou ao meu lado e tirou seu almoço da sacola. Ele também trouxe chocolate, hmmm.
— Isso é verdade. — Cadu concordou. — Eu não queria terminar, é só que... Verônica tem um gênio difícil, às vezes. Eu queria que ela mudasse.
— As pessoas não mudam de um dia para o outro. — avisei.
— E é por isso que eu quero dar um gelo nela. Sei lá, ela gosta de mim. Em algum momento vai correr atrás...
— E se isso não acontecer? — seu ex-cunhado perguntou de boca cheia. Cutuquei-o.
— Se não acontecer, eu parto pra outra.
(...)
Fim do expediente, Alexandre e eu estávamos indo embora. Acho que melhoramos mais ou menos a situação de Cadu, mas vai saber, né? Como diria minha avó, "coração é terra que ninguém anda". Deve ser algo sobre não conseguir entender os sentimentos e coisas do tipo. Pelo menos eu interpreto desse jeito, vai saber mas... Ah, tanto faz.
— Vamos passar no mercado antes de ir pra casa.
— Pra que?
— Não sei se você percebeu mas sua casa não é lá muito abastecida. — ironizei.
— É porque quase nunca estou lá.
— Eu sei, mas hoje estamos e eu quero fazer uma comidinha pra você. — falei meio manhosa, pra ver se o convencia.
— É? — pela cara dele, tinha funcionado — E o que você pretende fazer? Vamos ver se já podemos falar em casamento.
Senti-me ruborizar.
— Não brinca com isso, Alexandre. Ninguém nem sabe sobre nós. Não vem me botar a carroça na frente dos bois! Além de tudo, só ia se casar comigo caso eu soubesse cozinhar? Que babaca.— ofendi-o, o coração malditamente acelerado depois daquele comentário sobre casamento. Que nervoso.
— O que? Você fica nervosa só de ouvir falar em casório? Tá me saindo uma bela de uma medrosa, Dona Dionísia.
Revirei os olhos.
— Já estamos chegando? Eu resolvi te agradar fazendo lasanha, apesar de você não merecer porque fica tirando com a minha cara...
Juro que ele gemeu de contentamento com as minhas palavras.
— Você vai me matar de felicidade, ah se vai. Sem piadinhas com a história da deusa por um tempo. — ele prometeu.
Compramos os ingredientes para o jantar e, de quebra, duas garrafas de vinho. De repente me veio uma puta vontade de encher a cara, embora tivesse que trabalhar no dia seguinte. Queria que aquela história de casamento saísse da minha cabeça o quanto antes.
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Ressurgi das cinzas! Em breve o final vai estar aqui pra vocês.
Um beijão!
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O que eu sempre quis
RomanceSempre há uma pessoa que desgostamos sem um motivo plausível... Mas Helena Vasconcelos jurava que tinha todos os motivos do mundo para odiar Alexandre Martins. Era simplesmente o ser mais rude que já tinha conhecido, e parecia sentir prazer em atorm...