Capítulo 20 - Vida de casados? (Parte I)

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 A manhã seguinte na casa de Alexandre foi, no mínimo, bem engraçada, e acho que foi tudo proposital. Essa história de brigar por espaço na pia pra escovar os dentes, e me juntar a ele no chuveiro para não nos atrasarmos depois de uma deliciosa rodada de sexo matinal... É, bem casal. E extremamente bom.

— Você demora demais pra se arrumar. — reclamei pra ele já no estacionamento do prédio. — Parece uma noiva.

— Você não é a pessoa mais rápida nisso também, meu bem. — debochou.
Entramos no carro e ele me roubou um beijo. — Mas é bom ver sua bunda descoberta passeando pelo quarto enquanto você prova e desprova as roupas.

Dei um tampa em seu braço. Ele riu.

— Você é um depravado. Não teria se atrasado tanto se não ficasse me bisbilhotando.

— A culpa é toda sua, por ambas as coisas.

— Cínico!

Paramos no sinal vermelho.

— Gostosa. — ele falou pausadamente, o rosto virado e colado no meu.

Foi a minha vez de beijá-lo.

— Me deixa aqui. — pedi enquanto nos aproximávamos da empresa. Ele suspirou.

— Essa é a parte chata. Você vai chegar comigo e ninguém tem nada a ver com isso. Quem mais interessa naquela empresa já descobriu tudo, então... — ele se referia a Cadu e tio Fernando. Não quis discutir. Nos beijamos uma última vez antes de sair do carro.

E o dia no trabalho começou logo assim: encontrando Cadu no elevador.

— Bom dia pro meu mais novo casal preferido! — abraçou-nos ao mesmo tempo.

— Xiu! — reclamei. Ele riu e revirou os olhos.

— Só tem a gente aqui.

— Você parece animadinho demais pra alguém que acabou de terminar o namoro. — Alexandre observou. Eu concordei.

— Por que tenho a impressão de que isso é tudo fachada?

— Ele vai estar chorando como um bebê em sua sala antes do fim do expediente. — Alexandre cochichou para mim quando chegamos ao nosso andar.

— Eu ouvi isso! — Cadu reclamou. Nós dois sorrimos e nos "despedimos" de longe. Eu segui Cadu para a sua sala, pronta para passar a agenda do dia.

(...)

Liguei para Alexandre uns 30 minutos antes do horário de almoço. Requisitei sua presença na sala de Cadu, e com ele o nosso almoço, e se possível uma água de coco — porque sério, meu atual chefe estava se desidratando de tanto chorar. Endless Love tocava enquanto ele rodava na cadeira e cantava. Eu estava começando a ficar preocupada sobre ele vomitar ou coisa assim. Eu era uma faz tudo oficial, isso é certo, mas limpar vômito não estava no meu currículo.

Batidas na porta. Xande entrou em seguida e parou na porta, estupefato. Busquei a sacola de comida, desliguei o som e depositei a "marmita" na frente de Cadu. Ele reclamou.

— Vamos, não pode passar o dia todo sem comer.

— Não quero isso.

— É strogonoff. — Alexandre avisou. Ele pareceu pensar por uns instantes.

— Não me faça jogar na sua cara que foi você quem terminou o namoro.

— Helena! — Alexandre me repreendeu.

— O que? Quem devia estar sofrendo assim era ela, que perdeu um cara foda, e não ele, que deixou uma megerinha.

Sentei-me para comer. Alexandre ficou ao meu lado e tirou seu almoço da sacola. Ele também trouxe chocolate, hmmm.

— Isso é verdade. — Cadu concordou. — Eu não queria terminar, é só que... Verônica tem um gênio difícil, às vezes. Eu queria que ela mudasse.

— As pessoas não mudam de um dia para o outro. — avisei.

— E é por isso que eu quero dar um gelo nela. Sei lá, ela gosta de mim. Em algum momento vai correr atrás...

— E se isso não acontecer? — seu ex-cunhado perguntou de boca cheia. Cutuquei-o.

— Se não acontecer, eu parto pra outra.

(...)

Fim do expediente, Alexandre e eu estávamos indo embora. Acho que melhoramos mais ou menos a situação de Cadu, mas vai saber, né? Como diria minha avó, "coração é terra que ninguém anda". Deve ser algo sobre não conseguir entender os sentimentos e coisas do tipo. Pelo menos eu interpreto desse jeito, vai saber mas... Ah, tanto faz.

— Vamos passar no mercado antes de ir pra casa.

— Pra que?

— Não sei se você percebeu mas sua casa não é lá muito abastecida. — ironizei.

— É porque quase nunca estou lá.

— Eu sei, mas hoje estamos e eu quero fazer uma comidinha pra você. — falei meio manhosa, pra ver se o convencia.

— É? — pela cara dele, tinha funcionado — E o que você pretende fazer? Vamos ver se já podemos falar em casamento.

Senti-me ruborizar.

— Não brinca com isso, Alexandre. Ninguém nem sabe sobre nós. Não vem me botar a carroça na frente dos bois! Além de tudo, só ia se casar comigo caso eu soubesse cozinhar? Que babaca.— ofendi-o, o coração malditamente acelerado depois daquele comentário sobre casamento. Que nervoso.

— O que? Você fica nervosa só de ouvir falar em casório? Tá me saindo uma bela de uma medrosa, Dona Dionísia. 

Revirei os olhos.

— Já estamos chegando? Eu resolvi te agradar fazendo lasanha, apesar de você não merecer porque fica tirando com a minha cara...

Juro que ele gemeu de contentamento com as minhas palavras.

— Você vai me matar de felicidade, ah se vai. Sem piadinhas com a história da deusa por um tempo. — ele prometeu.

Compramos os ingredientes para o jantar e, de quebra, duas garrafas de vinho. De repente me veio uma puta vontade de encher a cara, embora tivesse que trabalhar no dia seguinte. Queria que aquela história de casamento saísse da minha cabeça o quanto antes.

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Ressurgi das cinzas! Em breve o final vai estar aqui pra vocês.
Um beijão!

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⏰ Última atualização: Sep 13, 2019 ⏰

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