Capítulo 5 - A lâmpada mágica

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 De vez em quando, em meio a toda aquela loucura e correria que era o trabalho (ou seria conviver com Alexandre?) eu tinha um convite muito especial para o almoço. A companhia não poderia ser melhor: Cadu, que também trabalhava na empresa. Tinha acabado de voltar de viagem, era seu primeiro dia desde o retorno e me chamou para comer num restaurante do bairro, para conversar. Só havia uma coisa triste sobre ele... Era o noivo de Verônica, a megerinha.

— E como está o nosso garoto hoje? — Cadu brincou, referindo-se ao "cunhado", depois que fizemos nosso pedido.

— Um porre como sempre. De todos os cargos que meu tio podia me dar, com certeza esse é o mais estressante.

— E por que não pede pra mudar?

— Não quero parecer ingrata ou abusar da boa vontade dele, sabe? Foi muito bacana em me tirar daquela cidade infernal onde eu morava e de todo aquele fuzuê.

Cadu riu.

— Acho que no fundo ele só queria que vocês dois fossem amigos. Sabe, é o filho e a afilhada, o amor deve ser quase igual.

— Pode ser. Mas a culpa dessas brigas todas não é minha. Ele provoca as situações — defendi-me.

— Eu bem sei.

— E ainda tem a Clarisse e a Ver... — parei ao perceber que ia falar besteira.

— Vamos, continua. — ele riu — Comigo é sem frescura.

Suspirei.

— Não posso falar mal dela, é sua noiva. Só não entendo porque não gosta de mim.

— Ciúmes. Sobrinha e tia. — arqueei a sobrancelha. — Nunca parou pra pensar nisso?

— Não. — admiti — É uma ideia meio absurda, na verdade.

— Então vamos observar a situação: Verônica é sobrinha dele. Sabe que é filha de criação e não de sangue. Deve ver em você uma adversária. Quer competir pelo amor do Fernando.

— Que idiote. Ele tem amor pra todo mundo. — revirei os olhos.

— E a Clarisse é do mesmo jeito. Além de ter ciúmes de você, eu bem sei que a minha sogra tem ciúmes da sua mãe. Acha que eles já tiveram um caso quando mais novos. — minha boca formou um "o" de surpresa. — Já chegou até a pensar que você era filha dele. Mas descartou isso. Até porque, se fosse verdade, o Fernando não sonharia com você e o... — riu sozinho — Deixa pra lá.

Eu tive que rir.

— Cadu, você está me saindo um belo de um fofoqueiro! Onde descobriu tudo isso?

— Com a minha noiva, obviamente. Eu não contaria a outra pessoa, mas não posso mentir pra você. Gosto de você, mesmo que a Verônica não entenda isso. E não estou nem ligando.

Aquilo me deixou transbordando de felicidade.

— Atrapalho? — nosso colega, o Tony, apareceu.

— Tony! Senta aqui pra almoçar com a gente. — ele o fez.

Tony fez o pedido e engatou uma conversa com Cadu sobre as negociações que viajara pra fazer e mais uma série de coisas sobre a empresa. Então nossos pratos chegaram, comemos e falamos de outras coisas, e ainda havia uns bons minutos para descansar antes de voltar ao trabalho.

— Bem, Lena, na verdade eu vim aqui não pra almoçar, mas pra saber uma coisa... — olhei-o curiosa. — O que acha de jantar comigo quinta à noite? — surpreendi-me com o pedido repentino de Tony.

O que eu sempre quisOnde histórias criam vida. Descubra agora