De vez em quando, em meio a toda aquela loucura e correria que era o trabalho (ou seria conviver com Alexandre?) eu tinha um convite muito especial para o almoço. A companhia não poderia ser melhor: Cadu, que também trabalhava na empresa. Tinha acabado de voltar de viagem, era seu primeiro dia desde o retorno e me chamou para comer num restaurante do bairro, para conversar. Só havia uma coisa triste sobre ele... Era o noivo de Verônica, a megerinha.— E como está o nosso garoto hoje? — Cadu brincou, referindo-se ao "cunhado", depois que fizemos nosso pedido.
— Um porre como sempre. De todos os cargos que meu tio podia me dar, com certeza esse é o mais estressante.
— E por que não pede pra mudar?
— Não quero parecer ingrata ou abusar da boa vontade dele, sabe? Foi muito bacana em me tirar daquela cidade infernal onde eu morava e de todo aquele fuzuê.
Cadu riu.
— Acho que no fundo ele só queria que vocês dois fossem amigos. Sabe, é o filho e a afilhada, o amor deve ser quase igual.
— Pode ser. Mas a culpa dessas brigas todas não é minha. Ele provoca as situações — defendi-me.
— Eu bem sei.
— E ainda tem a Clarisse e a Ver... — parei ao perceber que ia falar besteira.
— Vamos, continua. — ele riu — Comigo é sem frescura.
Suspirei.
— Não posso falar mal dela, é sua noiva. Só não entendo porque não gosta de mim.
— Ciúmes. Sobrinha e tia. — arqueei a sobrancelha. — Nunca parou pra pensar nisso?
— Não. — admiti — É uma ideia meio absurda, na verdade.
— Então vamos observar a situação: Verônica é sobrinha dele. Sabe que é filha de criação e não de sangue. Deve ver em você uma adversária. Quer competir pelo amor do Fernando.
— Que idiote. Ele tem amor pra todo mundo. — revirei os olhos.
— E a Clarisse é do mesmo jeito. Além de ter ciúmes de você, eu bem sei que a minha sogra tem ciúmes da sua mãe. Acha que eles já tiveram um caso quando mais novos. — minha boca formou um "o" de surpresa. — Já chegou até a pensar que você era filha dele. Mas descartou isso. Até porque, se fosse verdade, o Fernando não sonharia com você e o... — riu sozinho — Deixa pra lá.
Eu tive que rir.
— Cadu, você está me saindo um belo de um fofoqueiro! Onde descobriu tudo isso?
— Com a minha noiva, obviamente. Eu não contaria a outra pessoa, mas não posso mentir pra você. Gosto de você, mesmo que a Verônica não entenda isso. E não estou nem ligando.
Aquilo me deixou transbordando de felicidade.
— Atrapalho? — nosso colega, o Tony, apareceu.
— Tony! Senta aqui pra almoçar com a gente. — ele o fez.
Tony fez o pedido e engatou uma conversa com Cadu sobre as negociações que viajara pra fazer e mais uma série de coisas sobre a empresa. Então nossos pratos chegaram, comemos e falamos de outras coisas, e ainda havia uns bons minutos para descansar antes de voltar ao trabalho.
— Bem, Lena, na verdade eu vim aqui não pra almoçar, mas pra saber uma coisa... — olhei-o curiosa. — O que acha de jantar comigo quinta à noite? — surpreendi-me com o pedido repentino de Tony.
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O que eu sempre quis
RomanceSempre há uma pessoa que desgostamos sem um motivo plausível... Mas Helena Vasconcelos jurava que tinha todos os motivos do mundo para odiar Alexandre Martins. Era simplesmente o ser mais rude que já tinha conhecido, e parecia sentir prazer em atorm...