Olho para os dois novos integrantes de minha equipe. "Isso está tomando proporções inesperadas", penso. Agora temos um manipulador do vento do Panteão Japonês conosco.
Graças a Maat estamos conseguindo manter Sobek do nosso lado, e agora mais isso. Nossa missão pode começar de fato.
Tenho receios de não contarmos com a presença da equipe de Leonard... Será que isso dará certo? Será que Erik conseguirá nos congelar por tanto tempo? Dez anos...
Como será que iremos nos sentir, congelados por dez anos?! Não consigo nem imaginar.
Volto a olhar para a atlante misteriosa e seu amigo japonês.
Abro a boca para falar e na mesma hora a porta abre-se novamente. Já estou ficando farto de ser interrompido. Quem será que é desta v...
Paro bruscamente, boquiaberto, ao ver Leonard à minha frente, entrando na sala, sorrindo, seguido de... Ísis... um homem completamente preto com um sorriso de canto de boca, uma menininha ruiva que nunca vi antes usando fones de ouvido e...
Meus olhos estão arregalados. Ele cresceu muito!
- Nik... Nikolay?! – Balbucio, confuso. "Mas o que está acontecendo aqui?!"
- Olá, Vincent. Há quanto tempo! – Ele me responde com um sorriso contido, sua voz completamente diferente daquela que ouvi há apenas dois dias.
- Meu irmão... – Anastasia sussurra ao meu lado. Está boquiaberta também, incrédula. Sobek apenas encara o homem preto com ódio, em silêncio. Não sei quem ele é. Noto também que ele treme um pouco ao ver a menina ruiva, como se lembrasse de um passado traumático. Não me parece ser medo, mas, talvez... pesar. Volto a focar minha atenção no restante do grupo.
Eles conseguiram. Mas... Como assim?! Nós JÁ ficamos dez anos congelados?! Eu não senti absolutamente NADA!
Balanço a cabeça, confuso.
- Espere um pouco... – Digo, levantando as mãos para a equipe dois – O que está acontecendo?! Já se passaram dez anos?!
O grupo se entreolha. Leonard dá um passo à frente para me responder.
- Ele não precisou de dez anos. – Diz, claramente orgulhoso de seu pupilo, que ultrapassou a altura de sua irmã... e a minha também – Treinamos por seis anos. – Ele fica sério – Vincent, não temos mais tempo. Precisamos ir logo, o buraco de minhocas já está aberto, esperando-nos. – Ele olha para nossos novos membros – Fiquei curioso para conhecê-los... – Murmura, aproximando-se de Yamada e Luna, que encaram o grupo mais confusos do que nós – Uma atlante... e um... membro do Panteão Japonês. Correto? – Yamada está sério, encarando-o com convicção. Concorda em silêncio com a cabeça – Eu me chamo Leonard Wright. Estes são Nikolay Gurev, Natalie Becker, Malik Khayal e minha irmã, Katlynn Wright...
Volto a olhar para a menininha ruiva. Ela parece assustada, tímida, quase se escondendo atrás de Leonard.
- Sou Akasaki Yamada... E eu tenho a impressão de que esses não são seus nomes verdadeiros... – Yamada responde, educado, porém, cauteloso.
Malik sorri ainda mais, mostrando seus dentes brancos que fazem muito contraste com a pele inteiramente preta. Nunca vi ninguém assim. Ele chama bastante atenção, principalmente seus olhos amarelos, vibrantes como os de Luna.
- Até que o pirralho é esperto... – Malik comenta. Yamada franze o cenho em resposta, ao ser chamado de "pirralho". Lembro-me que senti algo parecido ontem, ao ser chamado de "feto" por Sobek. Significa que este homem é muito antigo... – Nós não podemos sair por aí dizendo nossos nomes verdadeiros... – Ele ri baixinho – Já pensou qual seria a reação das pessoas, tão ignorantes em seus mundinhos abitolados, se nós chegássemos nos apresentando como Maahes, Ísis, Hórus, Sekhmet e Anúbis?! – Balança a cabeça teatralmente, toca a própria testa com uma mão e apoia a outra na cintura – Eu acho que eles iriam ficar doidinhos, doidinhos. Nós já chamamos bastante atenção, sabe? Bem... – Olha para Natalie e Nikolay e franze o cenho – Pelo menos EU chamo bastante atenção. Sou preto, afinal de contas... – Sorri, seu semblante relaxado, divertido – Os olhos amarelos não ajudam muito... Acho que você me compreende, não é, menina-atlante-que-ainda-não-se-apresentou? – Olha para Luna. Ela o encara, séria, confusa.
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A Viagem
Fiction Historique"O ano é 2.552 d.C. O planeta Terra foi arrasado por milênios de guerras pela supremacia e pelo poder entre os deuses de diversos panteões sagrados. A Nova Era mergulhou no caos e no apocalipse, mas ainda há esperança. Com a invenção de uma máquina...