Capítulo 34

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- "Hey, eu sou o Luke." – O rapaz de olhos claros limpa a minha bochecha com o seu polegar e encara-me com um sorriso contagiante no rosto.

Os seus olhos fixam-se em mim de uma forma intensa, impedindo os meus pés de se moverem do chão. Os seus dedos são quentes contra a pele das minhas bochechas e os seus braços continuam a segurar-me.

- "Hum, desculpa ter ido contra ti... eu estava distraída!" – Desperto do transe à minha volta e afasto-me do sublime rapaz. Reparo nas suas roupas pretas e no piercing no seu lábio que lhe dá um estilo gótico, mas nada a ver com o estilo gótico que tem Zayn.

- "Não precisas de pedir desculpa. Meninas bonitas como tu não deviam chorar!" – O rapaz, sorri meigamente e pelas suas palavras eu noto que ele não tem sotaque britânico. Ele lembra-me alguém, mas a minha mente está tão baralhada para descobrir isso agora.

"Tu vais-te alimentar e deixares de te enfrascares em comprimidos. Vais á farmácia comprar um teste de gravidez de uma vez por todas e vais finalmente ligares á tua mãe que está preocupada contigo! Estamos entendidos?"

"Sabes que mais? Estou farta que toda a gente pense que eu sou fraca demais para fazer tudo sozinha!"

Tenho a minha cabeça andar á roda com os gritos a ecoarem nos meus ouvidos. Sinto que estou quase a perder o equilíbrio e não tenho força suficiente nas pernas.

Eles estão a voltar... Os meus demónios, eles estão a voltar e eu não tenho mais a cura para eles.

- "Tu estás bem?" – Olho na direção da voz que me faz despertar e vejo Luke, penso que seja esse o seu nome, a analisar-me com as suas sobrancelhas unidas.

- "Sim, obrigada! Já passou." – Recomponho-me o mais que possível e forço um sorriso.

A minha vontade é de correr o mais longe possível e não ter contacto com mais ninguém pelo menos durante uma semana, mas os meus pés continuam presos ao chão e por mais que me custe admitir a voz de Luke está-me a reconfortar de alguma forma.

Quando eu menos espero, o rapaz agarra na minha mão e arrasta-me pelo passeio até que eu não consiga ver mais a Academia. Eu não pergunto para onde ele me está a levar, pois eu tenho medo das palavras que iriam sair da minha boca se falasse algo. Eu apenas segui-o, deixando-me levar pelo sol acolhedor que me bate na cara e pelo instinto estranho que está dentro de mim.

Quem sou eu deixando-me levar por um estranho e não lutar sequer contra isso?

A minha mente explode de perguntas e ideias sem sentido, e o pedaço receoso dentro de mim faz-me duvidar de tudo á minha volta. Eu estou quebrada demais, mas eu própria tenho culpa disso desde aquele dia. Eu sou a culpada de tudo estar a voltar...A dor, a escuridão, a insegurança, a fraqueza... esses são os meus demónios e eles estão a retornar. Prometi a mim mesma que nunca deixaria que ninguém me pudesse fazer sentir tão fraca e, novamente, eu falhei. Eu amo-o mais do que aquilo que eu deveria e ele despedaçou-me á primeira oportunidade. Eu estava a construir um caminho que achava que finalmente daria certo, mas afinal e mais uma vez eu estava errada. Eu tinha tudo para ser feliz desta vez e deixei que isso se estragasse. Eu tinha uma casa, trabalho, lucro, uma família de amigos e ele. Então se eu tinha isso tudo agora porque é que eu deixei as coisas falharem de novo?

Mais uns passos e estamos dentro de um pequeno e tradicional café, onde Luke escolhe uma mesa e me pede, gentilmente, para me sentar. Eu penso duas vezes no que fazer mas o seu sorriso meigo no rosto faz com que o meu corpo caia na cadeira á sua frente e coloco o meu saco no chão. Olho em volta do pequeno espaço e vejo alguns jovens com os seus livros da Universidade abertos na mesa e a tomarem a sua refeição com os fones nos ouvidos. O pequeno café é silencioso e sossegado, a cor caramelo predomina as paredes e existe uma vitrina cheia de pão e bolos á escolha. Um local apropriado para alguém que queira fugir dos seus problemas e esquecer a realidade que lá fora.

All my love, Charlie || Zayn Onde histórias criam vida. Descubra agora