Capítulo 31 (Parte II)

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Os meus cabelos tapam o meu rosto cansado e eu contraio-me enquanto ando até á minha moradia. O Mr. Williams, porteiro do prédio, não se apercebe da minha entrada no edifício e eu sinto-me agradecida com isso por não ter de o cumprimentar e fingir que está tudo bem.

Quando eu viro a esquina para o corredor do meu andar, quase tropeço nos meus próprios pés. Imediatamente, o meu coração dispara e a minha respiração trava quando os seus olhos cegam os meus.

- "Charlie." – Eu leio nos seus lábios mesmo com a minha visão turva. Ele corre do fundo do corredor para junto de mim, mas eu imediatamente afasto-me. Ele parece ficar magoado quando eu o faço e passa a mão pelos cabelos, num ato de nervosismo.

- "Tu não podias ter vindo até aqui." – Sussurro ameaçadoramente. Os seus olhos arregalam-se quando ele repara no curativo na minha testa, mas eu viro a cara e ele desiste de perguntar o que poderá ter prejudicado o ferimento.

- "É claro que eu vinha. Eu preciso de te explicar o que aconteceu, o que tu viste é um engano. Charlie, eu.."

- "Um engano? A boca dela estava na tua, e tu dizes-me que é um engano?" – Um riso irónico quase que é solto pelos meus lábios, mas a dor no meu coração é mais forte do que isso.

- "Foi ela que me beijou, porra!" – Ele grita e as mãos dele vagueiam pelo ar. Eu abano a minha cabeça em negação, levo as mãos ao bolso da minha camisa e retiro as chaves caminhando apressadamente até à porta da minha casa.

Eu não acredito que ele está a brincar comigo desta maneira. Ele também a estava a beijar, eu vi muito bem e não há nada que consiga tirar essa imagem maléfica da minha cabeça.

Quando eu vou para fechar a porta, os seus pés colocam-se entra a mesma e a empurram para a abrir. Olho para ele furiosamente e parte de mim, desiste de tentar fechar-lhe a porta. Ele entra e lentamente eu aproximo-me da janela, observando a paisagem da cidade e ignorando a presença dele, mas é impossível. É impossível não ouvir os batimentos agitados do meu coração por saber que ele está aqui. Ele está aqui. Na minha casa. Por mais que eu evite ele sempre está aqui.

Eu consigo ouvir a sua respiração pesada e os seus passos de um lado para o outro atrás de mim.

- "Eu nunca quis que isto acontecesse! Eu só quero estar contigo, eu..."

- "Então não percas o teu tempo comigo! Eu não sou um corpo que tu achas-te na noite. Eu não sou uma boca que precisa ser beijada por outra qualquer. Eu não preciso do teu dinheiro, nem do teu carro. Mas, talvez, eu necessito dos teus braços fortes e das tuas mãos quentes. Do teu colo para me deitar e do teu conselho quando o meu lado de miúda insegura me atacar. Eu não te vou pedir nada. Não te vou cobrar aquilo que tu não me podes dar. Mas uma coisa, eu exijo. Quando estiveres comigo, sê aquilo que tu és verdadeiramente. Corpo e alma. Mas, por favor, nunca me iludas pela metade e não me venhas com falsas promessas. Eu não me iludo com presentes caros. Não, eu não estou à venda! Eu nem preciso de saber onde moras, desde que tu saibas o caminho da minha casa. Eu não quero saber o quanto tu ganhas. Eu só quero saber se tu ganhas o dia quando estás comigo." – As palavras sentidas voam da minha boca e imediatamente os meus calcanhares rodam em sua direção. As lágrimas caraterizam a minha aparência imperfeita e encaro os seus olhos dilatados.

Eu mal consigo encará-lo, mas é mais forte do que eu tentar evitar contato visual com o moreno que eu mais desejo. Eu sinto a sua respiração pesada e nervosa e acho que já não são só os meus batimentos cardíacos que se podem ouvir. Os deles, também. Estou cada vez mais fraca e parece que a qualquer momento eu vou desabar neste chão. A minha cabeça começou a doer fortemente, de novo. A minha visão não é sólida e as minhas pernas tremem de nervosismo.

All my love, Charlie || Zayn Onde histórias criam vida. Descubra agora