Capítulo XI

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Elisabeth:

Estava morrendo de fome quando acordei, não como desde o almoço de ontem, o que deve fazer umas 24 horas. Provavelmente não vão me trazer nada. Bom, quem escolheu ficar aqui fui eu, que esperteza a minha, não? Mereço um prémio de maior senso de justiça da face da terra, mas o que posso fazer? Eu quase matei meu colega de quarto duplex, e malucas assassinas com poderes descontrolados como eu devem ficar presas em Salas de Contenção.

- Ah! Com certeza já estou pirando por ficar sozinha aqui nesse breu, já estou tratando a situação com humor. Ai! Isso é mal sinal. - sussurro, angustiada. Sentada num canto da sala, com as pernas esticadas, focando o nada, já que a lâmpada estava apagada agora.

Não sei se passaram-se minutos ou segundos, mas um pouco depois, a porta se abriu, e a luz me cegou por alguns instantes, quando a porta se fechou novamente, e a lâmpada, fraca como o motor do primeiro carro criado, se acendeu, pude ver quem havia entrado, o que confesso, foi um baita choque.

- Marcos? - perguntei para o menino, que parecia bem espantado com a expressão de morta de fome que eu deveria estar e meu cabelo todo desgrenhado. Para minha sorte, as roupas ainda estavam em bom estado.

- O-oi! - gaguejou, ainda sem se aproximar. - Fiquei sabendo o que aconteceu e resolvi ver como você estava. Trouxe comida, não sabia se estavam te alimentando. - terminou, ainda imóvel. Estava com medo.

- Obrigada! - agradeci, tentando sorrir e me ajeitar na parede para ficar de frente para ele com as pernas cruzadas. - Pode me trazer a bandeja? Não como desde ontem. Prometo que não vou te machucar. - me esforcei para soar doce. De forma alguma eu o machucaria, mesmo tendo consciência de que provavelmente fiz isso quando nos conhecemos, então, o que ele faz aqui?

Ele sorriu de volta, soltando o ar e se aproximando de mim, mais confiante. Colocou a bandeja no chão, sentando-se a minha frente, cruzando as pernas como eu, e a empurrou para mim, que ataquei o filé de frango grelhado com legumes e arroz vermelho sem pensar duas vezes. Quando terminei, bebi metade do copo de água e usei o restante para limpar as mãos e o rosto. Eu deveria estar fedendo. Voltei a olhar para Marcos, envergonhada, o que duplicou quando ele sorriu.

- Agora que comeu, mesmo com o cabelo desse jeito, você ainda é a garota mais linda daqui. - aquilo sim me pegou de surpresa. Ele é louco?

- O.k., acho que esse lugar começou a te afetar tanto quanto à mim. - disse, tentando disfarçar meu incomodo.

Eu não sou linda, não tanto assim pelo menos e com certeza não nesse exato momento.

- Duvido muito. - ele diz, sério, e percebo seu joguinho.

Caramba, ele parecia ser o mais inocente quando cheguei aqui, mas as aparências enganam.

- Como estão todos? E Sara? - pergunto, para provocá-lo, e ele fica tão desapontado que segurar a risada foi quase impossível. Quase.

- Estão ótimos. E você? - ele devolve o foco para mim. E que comece a competição! - Ironizo mentalmente, porém, a leve apreensão em sua voz me faz perceber que talvez a ligação entre ele e Sara também tenha sido removida, mas ainda há um sentimento carinhoso entre os dois.

- Bom, estou muito bem pelo que pode ver. - levanto as mãos, indicando a sala e não consigo segurar um riso nervoso. Que situação.

- Mas por que te prenderam? Quando perdíamos o controle, nos deixavam no hospital, já que a maioria ficava muito fraca ou desmaiava. - ele parecia um pouco indignado.

- Eu pedi para ser presa, Marcos. Eu quase matei alguém que não merecia. - digo, evitando detalhes, com certeza não disseram muita coisa à eles, como sempre.

Esta Sou Eu Sem Você: InstintosOnde histórias criam vida. Descubra agora